pai ruim

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Kelvin

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Kelvin

Faziam alguns dias desde que Ramiro apareceu de surpresa para me ver e eu estava contando os dias para voltar pra casa.
Assim que desliguei a chamada, prometendo ligar para eles quando o dia amanhecesse, me tranquei no banheiro do evento em que eu estava participando e chorei.
Viver aquele momento era especial e muito significativo, mas também e doía estar longe. Que tipo de pai eu era por estar perdendo todos os primeiros momentos da filha?
Depois de me certificar que minha maquiagem ainda estava intacta, saí do banheiro como se nada tivesse acontecido e continuei trabalhando.
O meu show já havia acontecido, mas eu deveria continuar no evento por algumas horas, fazia parte do contrato. Mas na real, eu não me divertia quando era assim. Queria minhas amigas e meu marido aqui pra curtir junto, Frank era chato e não sabia se divertir de verdade.
Assim que deu a hora, voltei para o hotel e me desmontei, tomando um banho quente e deitando para dormir.
E apesar de meu corpo estar cansado e dolorido, eu não conseguia parar de pensar sobre estar perdendo o crescimento de Antonella. Comecei a planejar a desistência da minha carreira, assim como o meu retorno à sala de aula.
Quando a inquietação em meu peito estava demais, resolvi ligar para Ramiro, mesmo sabendo que as possibilidades dele atender eram mínimas.
Deitei de bruços, apoiando o celular na cabeceira da cama e esperei.
Quando meu marido apareceu na tela, quase gritei de emoção.
— Amor, ta fazendo o que acordado a essa hora? — perguntei.
— Eu tava vendo tv, na verdade, e acabei dormindo no sofá
— Ai, eu te acordei, me desculpa
— Não, para de ser bobo — ele deu uma risadinha — Mas o que houve? Você ta bem? Chegou agora, foi?
— Faz meia horinha, eu acho. Na verdade, eu queria desabafar uma coisa
— Pode falar, vida
— É que eu tô achando que não sou um bom pai...
Ramiro se sentou imediatamente, franzindo a testa.
— Pera aí, que papo é esse?
— É que... Sei lá, eu tô vivendo essa loucura de fazer show e ficar fora, voltando sempre que posso, mas sinto que eu tô perdendo os momentos com a Nella, sabe? Eu queria estar junto em todos os momentos com ela, principalmente nesses mais importantes que são as primeiras vezes
Mordi o lábio inferior que tremia, tentando segurar o choro, mas minhas lágrimas brilhando em meus olhos me entregavam.
— Primeiro você precisa se acalmar, ta? Você não é um péssimo pai, meu amor — Ramiro negou com a cabeça — Você ta sempre presente, mesmo com essa rotina cheia de coisas e noites mal dormidas. Todos os dias liga, pergunta, se interessa por cada palavrinha que sai da boca dela. Fora que eu tô sempre mostrando o seu trabalho pra ela, ela sabe que você ta fazendo o que gosta, fala com o maior orgulho que o pai dela é pop star. Outro dia ela tava até te imitando dançar, acho que gravei, vou procurar e te mando — ele da uma risadinha e eu também — Você não precisa mesmo se preocupar com isso
— De verdade?
— De verdade — ele assentiu — Inclusive, assim que o dentinho dela caiu, a primeira coisa que ela pediu foi pra mandar uma foto pra você. Ela não te esquece nenhum minuto do dia
— Ai, que saudade dela — engoli o choro, dando uma risadinha pra disfarçar.
— Ela também ta com muita saudade de você
— E como você tá lidando com isso?
— Como assim?
— Com a rotina diferente, só você pra fazer tudo, sabe? Como ta sendo pra você?
— Meio nostálgico, sabia? Essa costumava ser a nossa rotina antes, o que muda é a saudade de você que cresce todo dia
Fiz um biquinho.
— Ai, eu tô morrendo de saudades de vocês também. Não vejo a hora de pegar uns dias de folguinha pra ficar agarradinho em você dois
— Logo, logo
— Ai, to contando os dias
— Mas e aí, ta um pouco mais calmo?
— Um pouco mais — assenti — Acho que só vou ficar completamente mais calmo quando poder pegar ela no colo e encher de amor
— Ela te ama muito, sabia? Falamos de você todos os dias e quando ela vai dormir, ela diz "boa noite, pai e boa noite, papai" — ele comenta, dando risada.
— Ela é o meu amor todinho — respondo ao sentir o coração doer de tanto amor — E o Ruan, como ta sendo a adaptação?
— Ele ta muito mais solto, a Antonella que cola nele sempre que estão juntos, vão ser grandes amigos, tenho certeza
— E talvez até algo mais, no futuro, né?— ergo as sobrancelhas, trazendo de propósito o assunto, sabendo que Ramiro não gostava de falar sobre possíveis relacionamentos de Antonella no futuro, era um ciumento bobo.
Ele fingiu um bocejo e eu segurei a risada.
— Amor, me deu muito sono agora
— Ah, foi?
— Foi
— Ah, então ta bom. Vai dormir, mas no quarto! Nada de dormir no sofá pra não ficar com dor no pescoço
— Já to indo pra lá
— Ta bom. Um beijo — joguei um beijo para ele através do celular.
— Um beijo e um cheiro
— Te amo
— Te amo — ele joga um beijinho para mim antes de encerrar a ligação.

overnight (não revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora