não sabe brincar, não desce pro play

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Kelvin

Bati na porta do quarto onde Ramiro estava, apesar de saber que iria encontrá-lo apenas deitado olhando para o céu. E foi exatamente essa a minha visão quando adentrei o cômodo.
– Kelvin? – Ramiro murmurou ao me ver e estreitou os olhos.
– Sou eu
– Você voltou...
– Voltei
– Achei que você não viria mais
– Não teria coragem de te deixar aqui – me aproximei dele.
– Achei que tinha ficado chateado mais cedo, com... – a frase morreu no meio, mas entendi ao que ele se referia.
– Não, eu nem quero falar disso
– Tem certeza?
– Aham, morreu o assunto
– Ta bom – Ramiro assentiu – vem aqui do meu ladinho, por favor
Eu andei até o sofá, deixando a bolsa sobre ele e depois me dirigi até o lado de Ramiro, ficando de pé.
Ele estendeu a mão para mim e me puxou para sentar ao seu lado.
– Você é paciente e eu que fico na maca com você – brinquei.
– Você é meu remedinho – ele falou me roubando um beijinho e eu sorri – Obrigado por vir ficar comigo. Eu não falei, mas tava desesperado de ter que passar a noite aqui sozinho
– Não precisa nem agradecer
– Claro que precisa
– Eu fui no seu apartamento, peguei umas coisas suas e vi a Antonella, mas ela já tava dormindo
– Ela ta bem?
– Ta sim, só tava um pouco cansada, sabe?
Ele assentiu.
– Tô pensando em como vou refazer nossa rotina, não consigo dirigir com esse pulso, nem cozinhar
– Ah, nisso você pode ficar tranquilo. Já conversei com a Luana e nós vamos cuidar de vocês dois
– Vão, é?
– Uhum – concordei com a cabeça.
– Acho que to começando a gostar dessa ideia de ficar de cama. Ganho você, beijinhos, mimo e mais beijinhos – falou enumerando com os dedos da mão.
– Você é um bobo – o encarei, semicerrando os olhos e balançando a cabeça negativamente.
– Sabe, Kelvin...
– Hum?
– Eu gosto de você
– Gosta?
– Gosto
– Eu não gosto muito de você, não. Só tolero – franzi o nariz e Ramiro riu.
– Acho que posso conviver com isso
– Você vai ter que lidar, não vai mudar – neguei com a cabeça, mas mative um sorriso zombeteiro no rosto.
Escutamos uma batida na porta e uma funcionária entrou, trazendo a refeição de Ramiro.
Saí da maca para que ele ficasse mais confortável para jantar.
Me joguei no sofá e dei uma rápida olhada nas redes sociais, aproveitando para falar com Luana sobre Ramiro e ter notícias de Antonella.
– Você não vai jantar, não? – Ramiro perguntou, me tirando dos meus devaneios.
– Nem tô com muita fome
– Mas precisa comer alguma coisa
– Depois eu procuro aquelas máquinas que vendem coisas super gordurosas e que diminuem minha expectativa de vida
Ramiro negou com a cabeça.
– Devia comer comida de verdade, não essas porcarias
– Desculpa aí, senhor saúde, eu não tenho tanto tempo de preparar coisas mais elaboradas e super saudáveis
– Não é questão de tempo, é de organização
Revirei os olhos de forma teatral.
– Não sou eu que estou em uma cama de hospital... – zombei e Ramiro até parou de mastigar, me encarando.
– Realmente você é um cri cri
– Ih, se não aguenta, não brinca – estalei a língua no céu da boca, segurando a vontade de rir.

overnight (não revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora