nós.

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Kelvin

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Kelvin

Suspirei uma, duas, três vezes.
Olhei para o espelho, checando se minha roupa não estava amassada e pelo reflexo, consigo ver Ramiro atrás de mim.
Parece muito imerso em seus próprios pensamentos, com os olhos fechados e as mãos juntas.
Ramiro não era um homem religioso, mas acreditava que existia algo acima de nós, uma força superior, celestial.
Observo quando Ramiro abre os olhos e, quase como um imã, busca o meu olhar através do espelho.
— Estava rezando? — perguntei.
— Não sei... — ele deu de ombros — soa mais como um agradecimento, sabe? Por tudo.
Me virei para ele, estendendo a mão.
— Tô muito feliz
— Eu também, meu amor — segurou meu rosto entre as duas mãos, depositando um beijo doce em meus lábios.
— Me promete que vai ser sempre assim? Que isso daqui não vai ser derrubado por mal nenhum nesse mundo? — apontei para nós dois, sentindo o lábio inferior tremer.
— Kelvin... — Ramiro riu, negando com a cabeça — somos uma potência juntos. Não há ninguém que possa fazer com que isso daqui enfraqueça ou acabe, você ta entendendo?
Assenti, inspirando para evitar que meu nariz começasse a escorrer.
— Amo você
— Eu amo você, até mesmo com um pouco de ranho
Dei risada, batendo em seu ombro.
— Idiota
Alguém bateu na porta e olhamos juntos.
— Ramiro, você vai ser o primeiro a entrar, já pode vir — Yandara, que estava organizando tudo, chamou.
— Te espero no altar? — Ramiro perguntou, fazendo carinho em minha bochecha com o polegar.
— Vou ser o de azul — pisquei para ele.
Com um último olhar, Ramiro sai do cômodo, me deixando sozinho por alguns instantes.
Pude ouvir o instrumental de "Eyes Wide Open" e fechei os olhos, apenas imaginando Ramiro passando pelo corredor entre as cadeiras dos poucos convidados.
Não demorou muito para Yandara vir me chamar, me deixando pronto para entrar a qualquer momento.
Como o combinado, assim que ouço os primeiros acordes de "La Vie En Rose", sinto a areia macia em meus pés descalços.
O sol estava quase sumindo no horizonte, nos dando como plano de fundo um azul escuro que logo estaria cheio de estrelas.
Velas e luzinhas iluminavam o ambiente, dando um ar mais confortável.
Segurei o buquê de Narcisos amarelos e respirei fundo, caminhando devagar em direção ao altar onde Ramiro já me esperava.
Segurei o choro para não sair com uma cara horrível nos registros que o fotógrafo fazia, engolindo o nó na garganta.
Ramiro estendeu a mão para mim assim que me aproximei o suficiente do altar e eu segurei forte, não tirando os olhos dos olhos dele.
A cerimonialista deu início ao casório, dizendo coisas lindas sobre o amor e suas nuances, tocando em meu coração com palavras.
O tempo todo Ramiro estava com lágrimas nos olhos, fazendo-me entender que não era só à mim que as palavras estavam chegando.
Mas tanto as minhas lágrimas e quanto as de Ramiro venceram a batalha quando Antonella caminhou até nós trazendo as alianças. Ela era nosso ponto fraco.
Em seu vestido branquinho, parecendo um anjo, deu passadas longas, da forma que ensaiamos várias vezes.
Pude ver o rubor em suas bochechas por estar recebendo tanta atenção, mas sequer deixou de exibir seu sorriso lindo, carregando uma áurea angelical.
Ao chegar perto de nós, abaixei para ficar do mesmo tamanho e peguei a almofada com as alianças, aproveitando para fazer um carinho em sua bochecha.
— Você foi incrível — murmurei para ela, que me jogou um beijinho e foi para seu lugar na lateral do altar.
Desatei o nó e peguei a aliança pertencente à Ramiro, posicionando em seu dedo, repetindo as palavras da cerimonialista:
— Ramiro, te prometo ser fiel, te amar e te respeitar, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza até que a morte nos separe — deslizei a aliança por seu dedo e deixei um beijinho ali.
O mesmo se repetiu quando foi a vez de Ramiro colocar a aliança em meu dedo:
— Kelvin, te prometo ser fiel, te amar e te respeitar, na saúde e na doença, na alegria e na tristeza, na riqueza e na pobreza até que a morte nos separe
Meu coração acelerou demais quando vi a aliança dourada em minha mão esquerda, simbolizando um momento tão importante na minha vida.
— Kelvin e Ramiro, que o amor preencha a vida de vocês, que possam ser um para o outro, um porto seguro e sejam muito felizes com essa família linda — a cerimonialista falou — Mas antes de encerrar a cerimônia, gostaria de celebrar mais um momento lindo que os noivos me pediram para anunciar — ela pegou um dos documentos entregues mais cedo — Esse daqui é o documento que oficializa a adoção da pequena Antonella
Respirei fundo mais uma vez e sorri para Ramiro, que me dizia pelo olhar um "finalmente chegou essa hora".
Assenti para ele, não conseguindo evitar o choro.
Chamei Antonella para ficar no espaço entre nós e assinamos nossos nomes em todas as páginas necessárias, que já haviam sido lidas com Rodrigo.
— Bom, agora que tudo está mais do que oficializado. Eu vos declaro casados e pais da Antonella!
Me aproximei para deixar muitos beijinhos nos lábios de Ramiro, logo voltando minha atenção para Antonella.
Ramiro a pegou no colo e enchemos seu rosto de beijinhos.
— Eu amo meus pais! — ela comemorou, fazendo os convidados darem risada.
Depois da cerimônia, fomos todos para a tenda montada onde ficavam as comidinhas gostosas e bebidas.
Preferi não beber demais naquela noite, ficando sóbrio o suficiente para lembrar com o máximo de detalhes a noite incrível que tive ao lado de pessoas que amo.
Quando o dia estava quase amanhecendo, os convidados estavam em seus limites, Antonella já estava dormindo nos braços de alguém e Ramiro já estava todo sujo de areia de tanto dançar, decidimos encerrar a festa.
Com muitos abraços e beijinhos, todos foram para o hotel não muito longe dali e fui para a casa de praia com meu marido e minha filha.
Pensei em acordar a garotinha para escovar os dentes, mas ela estava em um soninho tão gostoso que apenas troquei o vestido por um pijama e a coloquei na cama quentinha.
Ramiro apareceu na porta do quarto com sua roupa em mãos, vestindo só uma cueca.
Sorri para ele, indo imediatamente em sua direção.
Fechei a porta do quarto de Antonella e joguei meus braços ao redor do pescoço de Ramiro.
— Olá, marido — dei um sorrisinho ladino.
— Olá, marido — ele respondeu, me impulsionando para que eu colocasse minhas pernas ao redor de sua cintura.
Beijei sua boca, sentindo o gosto de algum dos drinks que ele havia bebido.
Enfiei meu rosto no espaço entre o pescoço e o ombro, deixando beijinhos ali.
— Eu tô exausto... — murmurei, jogando a cabeça para trás.
— Banho quentinho e cama? — ele sugeriu.
— Banho quentinho e cama — concordei.
— Ainda bem, tô bem cansado também e não ia prometer performance na cama à essa altura do campeonato
Tapei a boca para não rir alto demais e Ramiro me levou ainda no colo para tomarmos um banho juntos.
Fiz piadas sobre a quantidade de areia que poderia acumular em seu corpo, rimos de momentos engraçados, rimos de nós mesmos, nos beijamos e por fim, dormimos abraçadinhos, felizes com mais um passo na nossa vida juntos.

overnight (não revisada)Onde histórias criam vida. Descubra agora