Kelvin
Estava anoitecendo quando chegamos na Grécia e caminhamos pelas ruas e becos estreitos de Oia até chegar no hotel.
Mesmo empolgado com a viagem, eu também estava exausto.
A arquitetura dos quartos era encantadora e nos dava uma vista linda do mar, assim como uma piscina de hidromassagem na varanda.
Depois de tomar banho, vesti uma camisa de Ramiro, uma mania que eu havia pegado depois de experimentar dormir com sua camisa uma vez. É inexplicavelmente confortável.
O quarto do hotel, em si, não era muito grande. Tinha dois andares, o espaço era um pouco limitado, porém habitável.
Deitei na cama e Ramiro veio em seguida, apagando a luz.
Senti seu corpo afundar no colchão e seu braço me puxar para si. Beijou minha têmpora e desceu dando beijinhos até minha boca.
— Boa noite, amor — ele falou baixinho no meu ouvido.
— Boa noite — respondi já sonolento e depois dali, não vi mais nada.Quando o sol nasceu, levantei como se tivesse dormido por dias, estava cheio de energia.
Tomei banho e vesti minha melhor roupinha de verão, já que o sol brilhava forte do lado de fora. Fiz uma nota mental para agradecer Berenice depois, ela quem escolheu a maioria das roupas que eu trouxe, pois, além do Ramiro, só ela sabia onde seria a lua de mel.
Tive vontade de ligar para Luana e saber como estava Antonella, mas por conta da diferença de horários, elas já estavam dormindo.
Quando já não sabia mais o que fazer, subi para o andar onde ficava a cama e pulei em cima do meu marido.
— Rams — o cutuquei — Rams, levanta... Vamos, já amanheceu, estamos na Grécia!
— Hum? — ele resmungou, ainda de olhos fechados.
— Vamos perder o café da manhã!
— Que horas são?
— Deve ser algo entre onze horas ou meio-dia — menti e Ramiro riu.
— Amor, são oito da manhã — ele aponta para o relógio atrás de mim e eu me viro para olhar.
— Estamos em lua de mel, temos que aproveitar a cidade
Ele me olhou com os olhos cheios de amor e assentiu.
— Tem razão, vou tomar banho, tomamos café e vamos visitar tudo
Comemorei dando pulinhos e puxei Ramiro da cama, animado demais.
Tomamos o café delicioso do hotel e depois nos preparamos para sair.
— Pra que isso, Kelvin? — Ramiro reclamou enquanto eu espalhava protetor solar em sua pele.
— Pra proteger do sol, pra que mais seria?
— É melecado
— Mas é importante, vai já secar, não quero que você se queime
— Não vou me queimar, o sol nem ta tão quente assim
— Você que pensa, bonitinho — neguei com a cabeça — Esse solzinho só engana, no fim do dia você vai estar todo queimado e não é isso que queremos. Temos que aproveitar os outros dias pra sair e também fazer amorzinho, agora que não precisamos nos preocupar se a Antonella está ou não em casa
— Fazer amorzinho? — Ramiro deu risada.
— É...
— Amorzinho é uma palavra muito doce, você não acha?
— Não, acho que combina com o ambiente
— Não viemos pra Grécia fazer amorzinho — ele negou.
— Ah não?
— Não
— E viemos fazer o que, então?
Ramiro se abaixou para se aproximar do meu ouvido.
— Mais tarde você descobre
E se afastou, me deixando parado com o protetor solar na mão e um sorriso gigante no rosto.
— Tô amando esse negócio de lua de mel!
Exploramos feirinhas, compramos lembrancinhas, tiramos muitas fotos, tomamos sorvete e acabamos parando em um restaurante à beira mar.
A especialidade da casa era frutos do mar e muito do que havia no cardápio era desconhecido, mas nos arriscamos e pedimos o que mais nos agradava visualmente.
E não me arrependo nem por um segundo de ter pedido polvo, pois estava uma delícia, assim como a sobremesa.
— Nossa, eu poderia facilmente morar aqui e comer isso daqui todos os dias sem enjoar — Ramiro assentiu, concordando comigo.
— Ah eu também, o peixe tava ótimo
— Podemos buscar a Antonella no Brasil e morar aqui pra sempre? — brinquei.
— Me mudo até pra China, se for pra ficar com vocês
— Aaah, fofinho — fiz um biquinho, me aproximando para beijá-lo — Então, quais os próximos planos?
— Queria visitar a Praia Vermelha e depois poderíamos assistir ao pôr do sol juntos, mas vai ficar cansativo demais. Você prefere ir para praia ou pôr do sol hoje?
— Acho que podemos ficar com o pôr do sol hoje e praia amanhã
— Então vai ser essa a programação
— Ei, Rams...
— Hum? — ele me olhou.
— O que você acha de... se não gostar da ideia, só me falar ta?
— Tudo bem
— O que você acha de se mudar?
— Se mudar pra outro país, você quer dizer?
— Não, acho muito radical pro momento, mas mudar de casa. O apartamento é ótimo, mas acho que podemos comprar uma casa pra gente, com quintal e espaço pra Antonella, talvez até uma piscina
— Acho que pode ser uma ideia boa — ele ponderou.
— Praticamente moro no seu apartamento e faz um bom tempo que não vou no meu. Mas minhas coisas não vão caber na sua casa, então acho que é uma boa opção ter esse plano B, sabe?
— Podemos procurar casas quando voltarmos, temos tempo
— Preciso organizar minha vida, não vou viver do dinheiro do processo contra a Gladys pra sempre, até porque é uma merreca — falei, fazendo Ramiro rir — Mas é sério, preciso ligar pro Frank, ver se é isso mesmo que eu quero
— Não vamos falar dele na nossa lua de mel, né? — Ramiro fez uma careta, me fazendo rir.
— Sem Frank, ta tudo certo — levantei ambas as mãos, me rendendo.
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overnight (não revisada)
RomansaRamiro tenta enfrentar o furacão que é sua afilhada Antonella e conciliar a vida de pai com a vida amorosa, que não vai nada bem. Até que, em uma visita ao bar que costuma frequentar, Ramiro tem uma bela surpresa: Kelvin, o professor da garotinha.