Kelvin
— Amor, amor, amor! — chamei, dando pulos em sua direção.
Ramiro estava na cozinha usando uma bermuda, uma camisa na cor azul escuro e um avental.
Naquele momento, me senti o cara mais sortudo no mundo.
— Hum? — ele perguntou, estendendo uma colher com algum tipo de molho em minha direção.
— Sal? — perguntei antes de provar e ele concordou com a cabeça. Degustei por alguns segundo e mostrei o polegar, concordando também com a cabeça — Ta ótimo
— Cê queria falar alguma coisa?
— Aham, era sobre nosso convite de casamento
— O que tem ele?
— O que você acha de fazer uma sessão de fotos pra colocar nele?
— Uma sessão de fotos?
— É, pode até mesmo ser com as roupas que vamos usar no casamento
— Vamos poder nos ver com a roupa antes do casamento? Isso não dá azar?
Dei de ombros, estalando a língua.
— Eu não acredito nisso. Mas se você acredita, eu super respeito, ta?
— Eu nunca pensei sobre isso, na verdade
— Mas o que você prefere?
— Por mim, tudo bem fazer o ensaio com as roupas do casamento
— Perfeito! — bati palminhas — Agora a gente só precisa achar a roupa do casamento — completei, fazendo Ramiro rir.
— Você já tem ideia do que vamos usar, ou a cor?
— Nem passa pela minha cabeça, mas a gente vai encontrar algo legal
— Eu tenho um amigo fotógrafo, talvez eu fale com ele pra fazermos o ensaio, se você gostar do trabalho dele
— Tudo bem, então — concordei — E o jantar?
— Ta quase pronto
— Você não quer mesmo ajuda?
— Meu amor, ta tudo sob controle
— Tudo bem, então, grand chef — falei ficando na pontinha dos pés para dar um beijo em sua bochecha e outro em sua boca — Amor, ta tudo bem pra você mesmo?
— Eu já falei que sim, a semana toda, aliás
— Eu sei, mas vão vir as meninas do Naitandei, a Gloriosa, a Berê e acho que ela vai trazer o Enzo... são muitas pessoas no seu apartamento e eu sei que você não curte bagunça, sei que gosta do seu cantinho calmo e tranquilo
— São seus amigos e é o nosso jantar de noivado, nada mais importa pra mim, entende?
— Mesmo?
— Mesmo — ele assentiu e eu dei um beijinho em seu braço, que era onde eu alcançava.
— Eu vou ver a Antonella, tudo bem?
— Vai lá
Fui até o quarto da garotinha e bati na porta, mesmo que estivesse aberta.
— Meu amor?
— Oi, papai, pode entrar
Meu coração tremeu no peito, assim como todas as outras vezes que ela me chamou de “papai”.
— Meu Deus, como você está linda — sorri ao vê-la — Da um giro pra eu ver!
Ela rodopiou para mostrar toda a sua roupa.
— Gostou?
— Eu amei, essa roupinha foi nosso melhor achadinho no shopping, não é?
— É sim — ela assentiu — Papai, o que você acha de colocar essa pulseira aqui? — se virou para procurar a tal pulseira e a trouxe, colocando e minhas mãos.
— Eu acho que vai combinar muito, essa pulseira é linda
— Me ajuda a colocar?
Me ajoelhei no chão para alcançá-la melhor.
— Claro, da aqui o braço
Ela estendeu o braço e eu coloquei a pulseira nela.
A garotinha correu imediatamente para a frente do espelho, fazendo poses que evidenciavam o acessório.
— Gostou? — perguntei.
— Gostei — assentiu — Quem vem jantar com a gente hoje?
— Alguns amigos do papai. Você lembra daquelas tias daquele lugar onde fiz o show pra você?
— Lembro
— Elas vão vir, a tia Berê também
— A tia Luana vem?
— Com certeza
— Eu gosto das minhas tias novas, antes eu só tinha a tia Luana
— É, mas agora você tem váaarias, não é?
— Sim
— Pois é. Elas vão vir pra gente comemorar junto o casamento e nós vamos jantar, conversar... vai ser super legal, você não acha?
— Acho que sim
— Então vamos lá pra sala?
— Só se você me levar no colo — ela fez uma carinha de sapeca.
— Meu Deus, como minha menininha é exigente! — brinquei, pegando-a no colo e dando muitos beijinhos em seu rosto.
Fomos juntos até a sala e Ramiro elogiou a menina:
— Que filha linda eu tenho! Você está uma gatinha, meu amor
— Eu sei, meu pai me falou isso — ela alisou a roupa, fazendo uma pose.
Olhei para Ramiro e, assim como eu, ele estava segurando a risada.
— Falta muito para minhas tias novas chegarem? — Antonella perguntou, se sentando no sofá.
— Não, já, já elas chegam. Inclusive, acho que a Berenice chegou, ela ta me ligando — avisei, atendendo o celular.
— Oi Kelvin, cheguei no seu condomínio chique, pode liberar minha entrada e do Enzo?
— Criatura, eu expliquei na mensagem que o nome de vocês já está na portaria, é só avisar para qual apartamento você ta subindo
— Ah, é?
— É!
— Ah, ta, então eu já to subindo
— Ta, estamos te esperando
Desliguei a chamada.
Não muito depois, escuto batidas na porta e recebo minha amiga e seu namorado.
— Ainda bem que eu cheguei antes do resto do pessoal, assim eu posso aproveitar essa coisinha gostosa um pouco mais — ela falou abraçando e apertando a bochecha de Antonella.
— Não aperta a minha filha — fingi que ia dar um soquinho nela.
— Que culpa eu tenho se ela é muito fofinha?
— Faz uma pra você
— Ih, eu tô na tentativa, mas nada ainda
— Ok, não vamos nem começar esse assunto na frente da Antonella — Enzo interrompeu, vermelho de vergonha — Aliás, trouxemos vinho — ele mostrou a garrafa — e chocolates para essa lindinha
Os olhos de Antonella brilharam.
— Pra mim?
— Pra você — Berenice concordou, pegando a caixa das mãos de Enzo e entregando os bombons para a menina.
— Papai, posso comer?
— Depois do jantar você come, ta bom?
— Ta bom — a menina assentiu.
— E como se fala?
— Obrigada tia Berenice e tio Enzo — ela agradeceu abraçando Berenice pelo pescoço.
Berenice fez um biquinho.
— Por favor, amigo, me dá ela...
— Jamais — neguei com a cabeça.
— Você não quer, Antonella, morar comigo e o tio Enzo?
— Não — a garotinha negou com a cabeça.
— Por quê? A gente é legal
— Meus pais são mais legais
— Toma! — dei língua para Berenice, pegando Antonella do colo dela — Antonella é a meu neném, só meu e do Rams, né amor?
— É — ela concordou e eu enchi sua bochecha de beijinhos.
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overnight (não revisada)
RomansaRamiro tenta enfrentar o furacão que é sua afilhada Antonella e conciliar a vida de pai com a vida amorosa, que não vai nada bem. Até que, em uma visita ao bar que costuma frequentar, Ramiro tem uma bela surpresa: Kelvin, o professor da garotinha.