Drogo & Meghan - Trilogia Irmãos Bartholy - Livro 1

8. "Ele"

Meghan

         Dor! É a única coisa que eu sinto. Meus ossos parecem estar sendo esmagados. Cãibra nos músculos. Uma ardência nas minhas veias. E uma dor de cabeça insuportável. Apesar de estar sentindo tudo isso, não consigo me mexer. Um filme começa a passar na minha cabeça. Da minha infância, alegre e amorosa. Dos meus pais, carinhosos comigo. Meus pais... Sinto tanta falta. Começo a lembrar do que aconteceu. Da Sarah, Cassandre, de mim. Sou uma maga. E não sei como lidar com isso. O acidente que sofri vem com tudo à mente. Será que morri? Onde estou...?

         Abro meus olhos e me sento exasperada na cama. Olho ao meu redor, estou em um quarto. Um quarto luxuoso, com uma decoração esplendorosa. Consigo observar cada detalhe, mesmo estando escuro. Como eu consigo enxergar no escuro? E onde estou? De repente, uma luz muito forte vem contra mim e eu rapidamente fecho meus olhos.

         — Vejo que acordou, minha filha.

         Era uma voz grossa e assustadora. Senti alguma coisa vindo contra mim. Uma energia. Era maligna. Senti meus dentes caninos crescerem. O quê? Toquei neles. Presas enormes. Quando abri meus olhos, minha visão estava diferente. Tudo estava ampliado e meio avermelhado. O que está acontecendo comigo? Olho para a figura na minha frente. Eu nunca vi um homem assim. Ele era lindo. Tinha cabelos lisos, escuros como a noite, compridos até os ombros. Olhos azuis obscuros. A pele dele era branca como a neve. Pálida. Tinha uma barba bem aparada que moldava o seu rosto. Sua roupa era um terno perfeitamente sob medida. Usava uma capa. Ele era alto e forte. Transmitia imponência. Fiquei fascinada. Mas ao mesmo tempo queria atacá-lo. Algo nele era ameaçador.

         Se aproxima da cama. Rapidamente levanto e fico ao lado da cômoda. Ele sorri de um jeito maléfico. Droga!

         — Não tenha medo, filha — fala olhando fixamente para mim. Engulo em seco. — Se for obediente e leal, não lhe farei nenhum mal.

         — Q-quem é você? O que o senhor quer? O que fez comigo? — pergunto receosa. Ele se aproxima. Estou quase me fundindo com a parede atrás de mim.

         Ele senta na cama e dá batidinhas para eu sentar ao seu lado. Relutantemente, eu vou.

         — Chamo-me Viktor Bartholy. Eu transformei você em vampira. — O quê? Não pode ser! Olho para ele de boca aberta. — Quero que seja leal a mim.

         — C-com que d-direito você... Por quê? — faço de tudo para segurar minhas lágrimas. Não acredito. Antes eu era bruxa. Agora sou vampira. O que está havendo?

         Ele me encara por um tempo.

         — Se eu não fizesse isso, Cassandre teria a usado contra mim. Vi potencial em você. Seus poderes de maga me ajudará a derrotá-los. E você será uma vampira excepcional.

         — "Derrotá-los"? Quem?

         Ele levanta.

         — Outros magos. Você saberá de tudo. Mas, quero que saiba, que sua vida não será mais como antes. Você é uma Bartholy agora. — Começo a chorar. Evito olhá-lo. Ele coloca a mão no meu queixo, erguendo. — Não chore. Veja isso como uma oportunidade que estou lhe dando. Uma nova vida. Eu serei seu pai. E terá de ser obediente.

         — Mas eu não pedi isso! Eu não quero ser vampira, nem maga. Desfaça!

         Ele se afasta.

         — Não dá para reverter uma raça. Você reverteria sua raça humana por uma animal?

         — Mas... como você fez isso? Como fez que eu deixasse de ser humana para ser vampira? Não deveria ser o contrário também?