56. Casa comigo?

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Meghan

          Bato na porta do escritório. Depois de ouvir uma confirmação, entro. Estava constrangida por ter feito aquilo sem pensar. Eu tinha que pedir desculpas.

          — Sente-se! — sua voz grossa ordena.

          Sento na cadeira à frente de sua mesa. Viktor mexia no notebook. Eu estava nervosa e não sabia por onde começar.

          — Eu vim... pedir desculpas. Pelo meu comportamento naquele dia. Estava fragilizada e não pensei em nada, só agi. Eu não quis cometer nada daquilo contra você, nem te desafiar. Por favor, Viktor, não fique com raiva ou pense que eu queira passar por cima das suas regras.

          Ele apoia os cotovelos na mesa e as mãos em frente ao rosto. Me avalia.

          — É por isso que pessoas imprudentes acabam morrendo por um engano. Por mais que você não estivesse no seu melhor momento, Meghan, tenho certeza que não deixou de raciocinar. Eu desculpo você. Mas não cometa esses erros mais. Não quero ter que te disciplinar. Nem ao Drogo. Então ordeno que parem de me desafiar. Não costumo ser tão benevolente assim. Não desperdice a chance de mudar comigo, para que eu não os tenha como alvos. Estamos entendidos?

          — Sim, senhor! Eu só... pensei que tivesse me enganado e o matado. Fiquei chateada por pensar assim. Mesmo que você não acredite nas pessoas, eu acredito em você — ergue uma sobrancelha. — É como a Isa falou, nesse coração congelado sei que tem uma parte aquecida. Só precisamos chegar nela. Eu não vou desistir de você, pai! Vou trazê-lo para nós. Se não for eu, outra pessoa vai. Pode ter certeza!

          — Por mais que você tenha passado por tudo o que passou, como ainda pode estar sorrindo? Como ainda pode acreditar nas pessoas? Perdeu pessoas que eram importantes para você, como ainda não perdeu as esperanças? Sinto muito, mas não sou do tipo otimista e pacifista. Causo destruição e sofrimento. As pessoas têm medo de mim ou me odeiam. Não posso dar brechas para entrarem na minha vida e destruir tudo. Então, não! Eu não vou acreditar nelas, eu não vou aceitá-las. Ter empatia e sentimentos é para os fracos. Eu sou o vilão, Meghan. Geralmente, as pessoas querem me matar. Então não posso tentar compreendê-las.

          — É uma pena que pense assim. Mas eu tenho certeza que algum dia você vai enxergar a verdade. Vai encontrar alguém que ajude você. Alguém que é a mocinha da história e não a vilã. Ela vai te trazer para o nosso lado, aí sim, eu vou te chamar de pai.

          Levanto e vou até ele. Lhe dou um abraço, ele fica tenso. Quando o olho, está de cenho franzido, parecia surpreso.

          — Ao contrário de muitos, não te desejo o mal ou te odeio. Porque eu ainda tenho esperanças em você.

          Saio do escritório e o deixo refletindo. Ele era mau, isso era certo. Mas todos podemos mudar e Viktor precisa de alguém que o faça enxergar a verdade, o lado bom das coisas. Sempre existe o melhor caminho, nem sempre tudo é destruição. Ele precisava entender isso.

★★★

          Estava na estufa de vidro, fazendo trabalho de jardinagem. Eu amava flores e agora esse era meu canto favorito da casa.

          Coloco as sementes no canteiro, remexo a terra e depois rego. Meu macacão jeans estava um pouco sujo de terra, meus cabelos presos em uma trança embutida lateral, estavam oleosos. Eu não estava no meu melhor visual, já estava há horas enfurnada nessa estufa.

          — Minha noiva me trocou por umas rosas? Eu não acredito!

          Drogo estava encostado na mesa de madeira, onde tinha vários vasos de planta. Estava lindo como sempre. Com seu chapéu fedora, calça preta com uma corrente lateral e uma jaqueta branca. Era de uma beleza esplendorosa. Ainda estava me acostumando com tudo isso. Com um noivo, com um filho e com uma vida nova.

Drogo & Meghan - Trilogia Irmãos Bartholy - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora