60. Na mente de Viktor (Extra)

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(Momento em que Viktor encontra Meghan)

          — Vamos. Seria uma grande desfeita se não fossemos — disse meu pai, avisando-nos já na soleira da porta.

          — Apenas a presença de um de nós já basta — iniciou Castiel. — Tio, não precisamos ir. Vá com a tia Rose.

          Estamos todos na sala de estar, reunidos. Meus tios, meu avô, meus bisavós, meus tataravós, meus pais, irmãos e Castiel, meu primo. Meus sobrinhos estavam estudando fora do país. Inglaterra, creio eu. Apenas ouvir, era o que eu faria. Não me intrometeria nesse assunto fútil e enfadonho sobre um baile de noivado. Era apenas uma mulher desesperada por um marido.

          — Somos aliados dos Lockwood. Os pais de Isabella nos convidaram pessoalmente — meu pai insistiu.

          — Tio Arias, não vamos ficar noivos dela, por que temos que ir? Viktor, diga alguma coisa à seu pai.

          Eles me olham, esperando uma resposta. Meu rosto impassível olhava para frente, sem pretensão alguma.

          — Irei para não fazer desfeita. Porém, ficarei apenas duas horas e nada mais — falei, calmo e sério. — Ainda hoje, tenho que estar no Arcano, cuidando de tudo. Isso é tudo e não se discute.

          — Também irei — disse meu avô.

          Um homem de dois metros de altura, com seus olhos de cada cor, azul e preto, cabelos tão parecidos aos meus. Como eu admirava e me espelhava nele. Que me ensinou e treinou. Tenho muito respeito por ele. Não pelo fato ter mil e duzentos anos ou ter conhecido Vlad Drácula Tepes em vida, mas sim, pelo polímata que era.

          — Perfeito. Vamos — meu pai falou e saiu. Sem escolhas, o seguimos até o carro.

          Bailes de noivado. Uma tradição recorrente nos séculos XVIII e XIX. Principalmente entre nós, vampiros. Isabella Lockwood é a anfitriã de hoje. Nunca a vi pessoalmente, mas os boatos dizem que ela é conhecida por ser perversa, maléfica e de beleza imensurável.

          Chegamos ao local do baile. Uma mansão no alto de um penhasco. Uma bela visão, eu digo, mas que ainda é irrelevante para mim. Sem esperar nada, caminhei com a minha família para dentro do local. Fomos devidamente recebidos. Com muita bajulação escancarada. Parecíamos da família real. Principalmente eu. Tantas pessoas falsas, hipócritas e egoístas.

          — Ora, quem chegou, a família Bartholy. — O pai da anfitriã falou com meu pai. — Sejam bem-vindos. — Olhou para mim, aparentemente surpreso. — Ora, essa, quem veio. Não posso acreditar no que meus olhos veem.

          Eles pareciam olhar um belo produto exclusivo da prateleira. Os pensamentos desse senhor eram os mais repugnantes. Ele estava disposto a me fazer noivo de sua filha, custe o que custar. Maldito seja! Esse homem me subestima, tendo esse pensamento retrógrado e fútil.

          — Seus olhos certamente dizem mentiras aos seus pensamentos, Lorde Lockwood — falei, sério. — Eu tomaria cuidado se fosse você. — Que ele esteja avisado.

          Apenas o ignorei e segui adiante, deixando minha família para trás. Peguei, enquanto caminhava, uma taça com sangue, de uma bandeja. Sentei-me no canto da sala e me pus a observar. Olhei a bela moça que estava disposta a encontrar um candidato a altura. Linda, não nego. Cabelos negros ondulados, olhos azuis. Belas curvas acentuadas no vestido vitoriano. Porém, uma mente gananciosa, predadora e maléfica. Ela apenas queria alguém em quem desse o apoio que precisasse. E confirmou isso quando me viu. Seu olhar de pura cobiça e luxúria falava que teria que me ter para me exibir como um troféu. Contudo, mal sabe essa mulher que já a odeio. Dei um gole no sangue e vi ela se aproximar como uma leoa faminta. Meu semblante impassível expelia a minha falta de empatia. E isso a deixou mais intrigada.

Drogo & Meghan - Trilogia Irmãos Bartholy - Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora