Drogo & Meghan - Trilogia Irmãos Bartholy - Livro 1

10. No alvo do inimigo

Meghan

        Já fazem cinco meses que estou aqui. Viktor me ensinou tudo sobre minha nova condição. Me ensinou como controlar meus poderes, minha sede, minha velocidade e minha força. Ele liberou meus poderes de maga, mesmo que eu não estivesse de acordo no início. Mas ele me convenceu. Creio que agora estou mais adaptada a minha nova vida. Viktor é um homem sério. Não é do tipo brincalhão ou sorridente, pelo contrário, sempre se mostrou sério, controlador, calmo e, às vezes, amedrontador. Muito amedrontador! Eu ficava com medo de falar com ele em certos momentos, embora parecesse um homem paciente. Sua aura era pesada, obscura, fria. Ele sempre se mostrava impassível. Nunca de fato soube o que sentia ou o que se passava em sua mente. Ele e a família dele, são os mais poderosos originais entre os vampiros. Várias pessoas os temem. São admirados por vários e odiados por muitos. Viktor tem muitos aliados e até mesmo, às vezes, ajuda o rei vampiro. Ele me contou isso em algumas conversas que tivemos. Além de mim, tem outros transformados, mas não perguntei quem seriam. Embora parecesse mau e de fato era, ele não gostava de injustiça ou traição. Ele se considera "conservador" e tradicional. O que realmente prezava era o bem estar dos vampiros originais.

        Estou no quarto de hóspedes do seu apartamento. O lugar era muito luxuoso. Ele morava no prédio mais caro de Nova York. Trouxe-me para cá onde vive. Eu não pretendo ficar aqui. Pretendo fugir. O problema: Viktor ler mentes. Ele é um telepata. Todos os homens da família original dele são. Tataravô, bisavô, avô, tios, o pai, os irmãos. É uma característica comum do clã dele. Não poderia bolar um plano sem que ele soubesse. Então, tenho que achar uma oportunidade de fugir. Ele me encontraria, mas eu teria tempo para pensar no que fazer. Não o odeio, mas tenho medo. E não quero virar sua marionete.

        Confesso que me acostumei a ser vampira. A única coisa que eu não me adaptei bem, é beber sangue. Não poderei ser mais detetive. Como poderia correr atrás de criminosos, se eu me tornei uma? Na primeira vez que ele me levou para caçar, eu quase matei aquele homem. Meu controle ainda não é perfeito, mas sei a hora de parar.

        — Meghan? — Viktor chama minha atenção. Estamos na varanda do apartamento, tomando sangue, como se fosse café da manhã. Ele tinha estoque em uma geladeira.— Irei voltar para meu país. Amanhã. Meu avô irá se ausentar, para uma viajem de negócios à Dubai. Irei ficar no lugar dele na empresa.

        — Sim, senhor.

        — Por hoje — continua, dando um gole no sangue, naquela taça de cristal — iremos ver Ismael última vez, para você tirar suas dúvidas.

        — Então... ficarei aqui no seu apartamento? — pergunto, tentando evitar olhá-lo.

        — Não. Cogitei a possibilidade de te levar para Portugal, mas não seria uma boa ideia. Tenho outros planos para você. Viverá com meus outros transformados. Em Mystery Spell.

        — Mystery Spell?... Espera... — penso um pouco. — O Drogo Bartholy... Também é seu transformado?

        — Sim. Aquele afrontoso é.

        — Agora que eu percebi — digo surpresa. — O que farei lá? Por que me mandaria para o lugar onde Cassandre planeja algo comigo?

        — Você é uma Bartholy agora. Ela não chegará perto de você, se não for para matar. Mas não se preocupe — ele olha a tela do celular que está tocando. — Ela não fará nada.

        Não queria voltar para lá. Mas já que ele vai me deixar "livre", já sei o que posso fazer.

        Fala ao telefone no seu idioma natal. Viktor era português.