Capítulo 61

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Seu corpo foi tomado por um acesso de tosse.

Ela se virou para o lado, sentindo a garganta preenchida por grãos de areia.

Esperou que as tosses cessassem, e seu corpo se acalmasse para perceber o vento gelado fustigando seu corpo.

Ela abriu os olhos, se deparando com um céu estrelado a observando de volta.

Usou seus braços para impulsionar o corpo, mas apenas um deles a obedeceu.

Confusa, ela afundou seus dedos na areia macia e conseguiu se sentar.

Observou ao redor reconhecendo os desertos de imediato. Ao longe uma tempestade de areia interminável indicava claramente onde ela estava.

No inferno.

– Que maravilha.

– Pena que não posso dizer o mesmo.

Aquela voz...

Ela moveu o corpo sobre a areia, encontrando os olhos violetas de um Demônio muito mal humorado.

– Pensa que surpresa desagradavel quando recebi a notícia de que uma nova alma estava nas areias do meu deserto, e era você.

O Demônio passou uma mão pelos cabelos como algodão doce, deixando transparecer sua irritação.

Ela fez menção de cruzar os braços sobre os peitos, mas apenas um deles a obedeceu.

– Mas que merda... – procurou entender o que estava acontecendo para o membro não obedecer, e se espantou com o que viu, gritando a plenos pulmões. – Cadê meu braço? Cadê a porra do meu braço? – Se voltou para o Demônio – Você...

Ela se levantou em um pulo, avançando para ele.

– Você. Seu Demônio desgraçado, tarado de merda! – Apontou um dedo na cara impassível dele, gritando com um Demônio – O que você fez com o meu braço...

Ela sentiu um murro contra seu peito, a fazendo cambalear sobre a areia. O ar escapou de seus pulmões quando as memórias dos últimos minutos a invadiu.

A passagem se abrindo, revelando a sala com uma escrivaninha grande de carvalho...

As poltronas com estofados de couro vermelho...

A janela enorme em uma das paredes com vista para QuantumBurg...

Se virou chamando por Daxton e encontrando a garota acordada em seu colo...

Uma pessoa a golpeando em um momento de distração...

Em uma tentativa de sair do caminho, a lâmina acertou seu braço já ferido, e a dor explodiu pelo seu corpo, levando-a ao chão...

Ela estava morta, e os Deuses decidiram mandá-la logo para aquele inferno.

– Parece que perdeu o braço no caminho para o inferno. – O sorriso nada amigável curvado nos lábios dele a trouxe de volta

– E você a hospitalidade. – Arfou, como se estivesse recuperando o fôlego.

Ele soltou um muxoxo, cruzando os braços. O colarinho de sua camisa branca se abriu, revelando um pouco mais da pele de seu peito.

– Não pretendo ficar com a sua alma, portanto não preciso te tratar como uma hóspede permanente.

– Então me leve de volta, Jas.

Demônio de NéonOnde histórias criam vida. Descubra agora