Capítulo 63

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A ardência em suas veias estava ficando bem familiar.

Penelape queria gritar de dor, mas tudo o que conseguiu produzir foi um gemido, sentindo seus ossos se regenerar com a queimação se espalhando pelo corpo. Era de se admirar que a fórmula das injeções de regeneração que estavam usando nela, eram mais rápidas que aquelas dispostas embaixo da pia do banheiro de seu apartamento. Então por que estava se sentindo tão cansada? Como uma âncora afundando-a para o fundo do mar.

– Finalmente ela está acordando.

Penelape não fazia ideia quem era o dono daquela voz, mas sabia que logo se arrependeria.

Ela não tinha a menor ideia de quanto tempo fazia que estava passando pelas torturas. Não sabia até que ponto seu corpo iria aguentar, não demoraria muito para que eles conseguissem tirar informações sobre Mavie. Ela estava chegando em seu limite.

– Da próxima vez tentem não golpear tanto o rosto, pode acabar causando algum dano permanente. – Ele repreendeu alguém na sala, logo depois a porta de metal fechou com um som rangido de metal. – Não podemos danificá-la tanto assim.

Penelape moveu a cabeça sentindo um peso extra no pescoço, forçou suas pálpebras pesadas, conseguindo ter uma visão embaçada entre os cílios.

Ele estava muito próximo dela. Conseguia ver perfeitamente os pontos escuros dançando em suas íris castanhas. O cabelo preto penteado firmemente para trás.

Tinha um homem usando terno branco respirando perto de seu rosto.

Como ele usava aquilo em uma sala tão suja?

– Fizeram um excelente trabalho em você, garota.

Se sentindo zonza, seus olhos bicolores tentaram vasculhar a sala, mas não conseguiu ver muito além do rosto dele. Além da voz dele, tudo estava quieto demais, onde estava Max?

– M-max... – Seus lábios estavam secos e rachados, a garganta parecia muito com uma lixa. Penelape tentou umedecer os lábios, mas sua língua áspera não ajudou muito. Forçou as palavras a saírem arranhadas – Onde está... o Max?

O homem curvou os lábios lentamente em um sorriso que fez suas entranhas ficarem geladas. Penelape forçou seus pulsos contra as tiras de metal.

– Onde ele está?

Ele não respondeu de imediato, e Penelape sustentou seu olhar, até que o homem se moveu lentamente aproveitando a sensação de terror que estava causando nela.

O sangue pulsou forte nas veias, e o grito ficou preso em sua garganta.

– Max – sussurrou.

Os pulsos de Max estavam acorrentados acima da cabeça, sustentando seu corpo. A cabeça pendendo para a frente. Eles tinham o desnudado da cintura para cima, arrancado suas botas e o peito era uma combinação retalhada de metal, pele e sangue.

– O que fizeram com ele? – Penelape queria quebrar aquelas tirar metálicas e estraçalhar aquelas pessoas. – Max? O que vocês fizeram com ele?

Ela rugiu, não se importando com toda a dor que aquilo estava lhe causando. Max não estava se mexendo, e o sangue gotejava de suas feridas.

– Max! Max por favor, acorda!

Implorou para que ele a ouvisse, para que abrisse os olhos. Ele não podia deixá-la ali sozinha.

– Max abra os olhos, por favor. – A rouquidão em sua voz se transformou em um soluço entrecortado. – Por favor. Por favor. Por favor, Max.

Repetiu tantas vezes que a palavra não fazia mais sentido. Foi culpa sua que Skylar estava morta, agora ela carregava a morte de Max como um lembrete de suas escolhas movidas por uma vingança que nunca poderia ter. Se ela não tivesse dito que queria ir naquele laboratório matar o Demônio que tinha entrelaçado a vida na dela, nada daquilo teria acontecido. Max ainda estaria vivo.

Demônio de NéonOnde histórias criam vida. Descubra agora