Ayara Arantes, herdeira de um vasto império, é obrigada a deixar seu país para viver sob a tutela de Miguel, um homem fechado e austero devido ao luto que carrega. A convivência entre eles é tensa até que Ayara começa a receber aulas particulares de...
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Depois de me despedir da minha amiga, entrei no meu carro e dirigi de volta para casa, pensando na sua situação. Sinceramente, esperava que ela conseguisse resolver as questões das suas notas, caso contrário, seria a única aluna da turma a não conseguir se formar e seria muito triste ir a uma festa de formatura sem que ela estivesse. Mas mesmo que eu a aconselhasse, aquela cabeça dura, Ayara, não se esforçava para tirar boas notas. Eu sabia que ela era uma pessoa inteligente e criativa, só estava fazendo birra com o Miguel, por estar de castigo há semanas.
Estacionei meu carro na entrada da garagem, onde eu vivia com meus pais. Era uma casa de alto padrão em um condomínio fechado em um dos bairros nobres do Rio de Janeiro. O lugar onde eu cresci e vivi os melhores momentos da minha vida. Mas também era o lugar onde eu me sentia presa e sufocada.
Coloquei minha bolsa no ombro e peguei o meu material, e logo saí do carro trilhando o caminho de pedras entre gramas, que nos levava até a grande porta principal de entrada. Encontrei com a diarista, que veio me informar que minha mãe estava à minha espera no jardim. Bufei de cansaço. Depois de um dia cheio na faculdade, tudo o que eu queria era descansar um pouco. Ter uma conversa com a minha mãe definitivamente não era o que eu queria naquele momento.
Passei pelo corredor largo que dividia a casa em duas direções, um lado levava à sala íntima e o outro à sala de jantar que nos dava acesso à cozinha e caminhei mais um pouco até alcançar a porta de correr, de vidro, que dava acesso à varanda cercada por um jardim, que minha mãe fazia questão de manter muito bem cuidado.
Ao encontrar D. Cecília, ela estava sentada à mesa onde costumávamos tomar café da manhã ao ar livre. Sua postura impecável, com a coluna reta e os ombros alinhados, conferia-lhe um ar elegante. Naquele momento, ela folheava uma revista de moda, já que era estilista, embora nunca tivesse atuado na sua área de especialização. Eu não sabia por que ela não seguira carreira na moda, mas sabia que ela nutria grande paixão pela profissão.
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Minha mãe, aos quarenta e cinco anos, possuía uma beleza marcante. Seus olhos pequenos azuis claros combinavam perfeitamente com seus cabelos loiros naturais, longos e delicados traços no rosto. Algumas intervenções cirúrgicas lhe permitiam manter um corpo magro e atraente. Não era surpresa para ninguém que meu pai e metade dos homens que eu conhecia fossem loucos por ela. Mas infelizmente as coisas entre nós não iam bem, enquanto minha amiga tinha conflitos com o tutor, eu tinha um péssimo relacionamento com a minha mãe. Queria muito que fôssemos amigas, mas ela estava sempre me tratando com indiferença, ou agindo como se eu não fosse suprir as suas expectativas.
