Ayara Arantes, herdeira de um vasto império, é obrigada a deixar seu país para viver sob a tutela de Miguel, um homem fechado e austero devido ao luto que carrega. A convivência entre eles é tensa até que Ayara começa a receber aulas particulares de...
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Eu saí do escritório com o coração na mão, sentindo um nó na garganta. O que o Sebastian estava fazendo ali? Será que ele realmente ia contar ao Miguel sobre nós? E se o Miguel não aceitasse? Ah, meu Deus! Eu estava muito angustiada, sem saber o que esperar.
Caminhei diretamente para a cozinha da casa, precisando de algo para me distrair. Passei por Marta, que estava a todo vapor preparando uma salada bonita de legumes, e fui até a despensa. Peguei um pacote de salgadinhos e me sentei na ilha da cozinha. Abri o pacote e comecei a comer compulsivamente, tentando acalmar os meus nervos.
Marta foi até a mesa de jantar e colocou a salada. E, quando voltou, puxou a banqueta e se sentou ao meu lado, me olhando com preocupação e carinho, como sempre fazia.
— O que foi, menina? Por que está assim, tão nervosa? — ela perguntou, com uma voz doce e gentil.
— Marta, eu acho que vou surtar — eu respondi, sendo exagerada, mas sincera. Eu estava à beira de um ataque de pânico, sem saber o que fazer.
— Por quê, filha? — ela perguntou, com curiosidade e paciência.
— O Sebastian veio pedir ao Miguel para namorar comigo — expliquei baixinho, como se fosse um segredo.
Eu sabia que Marta não ia me julgar, mas eu tinha vergonha de admitir o que estava acontecendo.
Marta arregalou os olhos, mas depois sorriu. Ela parecia surpresa, mas feliz por mim.
— Ah, isso é maravilhoso. Um homem quando vai até o pai da moça para pedi-la em namoro mostra respeito e cuidado. Você não deveria ficar nervosa, e sim feliz; se ele veio, é porque gosta de você de verdade.
— Marta, eu estou com medo. E se o Miguel não deixar? Eu acho que morro! Morro, porque eu amo o Sebastian com toda a força da minha alma — eu disse, com emoção e paixão.
Eu queria que Marta entendesse o que eu sentia, o quanto eu amava o Sebastian, o quanto eu queria ficar com ele.
— Se acalma, minha menina. Vai dar tudo certo — ela me abraçou, me consolando. Ela era como uma fada madrinha, que sempre me apoiava e me ajudava. Me deu um beijo na testa e me olhou com ternura. — O Miguel pode ser um pouco duro, mas ele só quer o seu bem. Ele vai ver que você e o Sebastian se gostam, e que são felizes juntos. Ele vai aceitar o seu namoro, e vai ficar feliz por você — ela disse, com uma voz cheia de esperança e confiança.
— Obrigada, Marta — descansei a cabeça em seu ombro.
Eu me sentia acolhida e protegida por ela, como se ela fosse minha mãe. Ficamos assim por algum tempo, até ouvirmos a voz do Miguel berrar alto e forte, me chamando para ir ao escritório. Eu gelei na hora, sentindo um frio na barriga. Será que ele já sabia de tudo? Será que ele ia me proibir de ver o Sebastian? Será que ele ia me odiar por ter me envolvido com seu amigo?
Troquei um olhar preocupado com Marta e me levantei da banqueta. Ela me deu um sorriso encorajador e me disse para ir com calma.
Caminhei com passos pesados até o escritório, sentindo o meu coração bater acelerado. Quando entrei, vi o Miguel em pé, com os braços cruzados, me olhando com um olhar carrancudo. Ele parecia furioso, decepcionado e contrariado. Sebastian, que estava sentado, se levantou, esticou o braço e pegou a minha mão. Entrelacei os meus dedos nos seus e senti o seu calor, a sua força, a sua segurança. Ele me olhou com ternura e me disse para ficar tranquila. Ele estava do meu lado e ia me apoiar. Ele era o meu amor, o meu porto seguro, eu não tinha dúvidas disso.
— Então era com ele que você estava indo se encontrar na tal "reunião de estudos"? — Miguel perguntou, com uma voz dura e acusatória.
Ele olhou para o Sebastian com raiva e depois voltou seu olhar para mim com decepção. Estava claro que ele não aceitaria.
— Sim, Miguel. Desculpe, mas a gente não manda no coração. Eu amo o Sebastian — expliquei com emoção, minha voz começando a ficar instável.
Ele assentiu, com um suspiro profundo. Parecia inconformado.
— Eu não posso impedi-los de ficarem juntos, até porque eu não sou o seu pai biológico, e tudo o que eu quero, Ayara, é vê-la feliz. Mas vou deixar claro que não acho essa uma boa ideia — ele disse, com um tom de desaprovação e advertência. Ele não estava feliz com a nossa relação, mas também não ia nos proibir, e isso era bom. — E você, Sebastian, lembre-se da conversa que tivemos! E é isso! Eu dou a bênção! — ele disse, com sarcasmo, ironizando a nossa situação.
Sebastian deu uma gargalhada, aliviando o clima, e eu sorri. Ele me apertou contra o seu peito, me fazendo sentir o seu amor e o seu apoio. Ele estava feliz, e eu também. Nós tínhamos conseguido o que queríamos, nós tínhamos vencido o obstáculo, nós tínhamos o Miguel do nosso lado.
Corri até o Miguel e o abracei com carinho, agradecendo por ele não tornar aquele momento tão especial para mim em uma completa confusão. Eu sabia que ele não estava de acordo, mas eu também sabia que ele só queria o meu bem. Eu o amava como um pai, como um amigo, como um protetor. Agora eu tinha o amor da minha vida e não precisava esconder de ninguém; eu podia gritar ao mundo que amava o Sebastian. Eu estava radiante, eu estava realizada. Se aquela história fosse um livro, poderia acabar ali mesmo, porque seria o final feliz perfeito.
