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— Desculpe, professor — eu disse, soltando o seu ombro e enxugando os olhos. Eu me sentia envergonhada por ter chorado na frente dele, mas também aliviada por ter desabafado.

— Está tudo bem, Ayara. Eu te entendo perfeitamente. A situação é complicada porque o Miguel amava muito a Elisabeth e talvez ainda não tenha superado a sua morte, essas coisas demoram para curar. E, quando ele recebeu a responsabilidade de cuidar de você, não se sentia pronto. O Miguel é meu amigo de infância, ele é assim mesmo, rígido e exigente o tempo todo, eu tenho certeza de que ele só está tentando dar o melhor dele, mas está um pouco perdido.

— Eu não sabia que eram amigos de infância — comentei, mais calma. Eu estava curiosa para saber mais sobre a relação dele com o Miguel e com o meu pai.

— Sim. Os nossos pais eram amigos, e quando o pai do Miguel, senhor Gabriel, morreu, ele tinha oito anos de idade, foi um baque e tanto para a família. A Dulce ficou sozinha para cuidar dos negócios da família e do Miguel, e foi então que o Carlos Arantes, seu pai, cuidou dele e da mãe. O Carlos foi um modelo para o Miguel, por isso ele confiou você nas mãos dele, entende? O Carlos sabia que o Miguel era um homem de bem, que iria te dar amor e educação. Então, quando seu pai morreu, o Miguel além de perder a esposa, também perdeu alguém que ele considerava como um pai — explicou, com uma expressão triste.

Engoli em seco, sabendo sobre tudo aquilo. Nunca tinha parado para olhar a situação com aquela ótica, o Miguel também nunca tinha conversado comigo sobre aquilo. Eu sempre achei que o Miguel me odiava, que ele me via como um fardo. Mas talvez ele também estivesse sofrendo com a morte do meu pai.

— E o senhor conheceu meu pai? — Eu perguntei, ansiosa por saber mais sobre o assunto. Eu sentia tanta falta do meu pai, que eu queria ouvir qualquer coisa que me lembrasse dele.

— Sim. O meu pai, Nicolas, era um grande amigo do Carlos e do senhor Gabriel, o pai do Miguel... — Ele começou a contar, com um sorriso nostálgico. — Eu nunca vou esquecer de quando éramos garotos, nossos pais se reuniam aos finais de ano para irem para a fazenda, eram momentos maravilhosos. Nós brincávamos de futebol, de pega-pega, de esconde-esconde, de tudo que você pode imaginar. O seu pai era o mais divertido de todos, ele sempre tinha uma piada, uma história, uma brincadeira para nos fazer rir, foi ele que me ensinou a montar... Ele era um modelo para mim, eu queria ser como ele quando crescesse.

— Nossa, que mundo pequeno — eu disse, abrindo um sorriso triste. — Eu nunca ia imaginar que o senhor conhecia o meu pai. — Eu disse, sentindo uma mistura de emoções.

— Eu também fiquei surpreso ao saber que você é a filha dele. 

Eu estava feliz por saber que o meu pai tinha sido tão amado e respeitado, mas também triste por não ter podido conviver mais com ele. Soltei um suspiro aliviando os pulmões.

— Então, professor, vamos começar as aulas? — Perguntei, tentando mudar de assunto. Eu ainda estava emocionada com a conversa que tivemos, e queria mudar o foco.

Entre Segredos e Paixões 1 - Raízes do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora