Ayara Arantes, herdeira de um vasto império, é obrigada a deixar seu país para viver sob a tutela de Miguel, um homem fechado e austero devido ao luto que carrega. A convivência entre eles é tensa até que Ayara começa a receber aulas particulares de...
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No dia seguinte, quando acordei, a primeira coisa que veio à minha mente foram os acontecimentos da noite anterior. Os beijos doces e apaixonados de Sebastian, e aquela proposta inesperada e tentadora para que nos conhecêssemos melhor. Ainda não estava acreditando que o cara que me ignorou durante todo o semestre agora se interessava por mim. Será que era um sonho? Será que era real? Eu ainda tinha dificuldades para acreditar.
Ainda estava radiante, com aquela sensação pulsante de algo novo no peito. Eu sentia borboletas no estômago, fogo na pele, brilho nos olhos, só de lembrar dele. Eu estava apaixonada, e isso era maravilhoso. No entanto, também me sentia desconfortável com a possibilidade de o Miguel criar problemas, pois ele nunca gostou que seus amigos se aproximassem de mim, ainda mais o Sebastian sendo o meu professor. Ele não entenderia o que eu sentia, ele não aceitaria o que eu queria, então... decidi que precisava conversar com ele, mesmo que de forma indireta, para descobrir qual seria o próximo passo em relação ao meu envolvimento com o Sebastian, sem que eu me metesse em uma "confusão tamanho família". Eu precisava saber se ele sabia de algo, se ele desconfiava de algo, se ele ia fazer algo.
Deus... eu estava surtando!
Era Sábado, o dia estava nublado e frio, passando a sensação de estar sem graça e triste. Eu não tinha nada planejado, Sebastian disse que passaria a manhã trabalhando na empresa de sua família e mais tarde daria um jeito de nos encontrarmos, para continuar as aulas e passar um tempo juntos. Ah, aquela sensação de estar fazendo algo escondido era ao mesmo tempo excitante e aterrorizante, porque eu tinha medo de sermos descobertos e de enfrentarmos as consequências, mas eu amava sentir aquele friozinho na barriga que sempre sentia quando estava com ele. Eu precisava ser cautelosa, discreta, silenciosa. Embora quisesse gritar ao mundo sobre o Sebastian e eu, eu não podia.
Pulei da cama, fui até o banheiro e fiz apenas uma rápida higiene bucal, lavando o rosto em seguida. Prendi meu cabelo em um coque frouxo no topo da cabeça e ainda vestindo meu conjunto de pijama de ursinho — composto por casaco e calça —, saí do quarto e fui direto para a cozinha. Naquele dia, era a folga da Marta, então eu sabia que Miguel sempre se levantava cedo para preparar o café da manhã. Ele gostava de cozinhar, e sempre fazia algo especial nos fins de semana.
E, como eu já imaginava, encontrei-o sem camisa, usando apenas um short e chinelos de dedo. Com um pano de prato pendurado no ombro enquanto abria os armários e a geladeira em busca de ingredientes para preparar algo. Ao lado dele, Ana Clara, que também ainda usava seu pijaminha, estava em pé em cima de uma cadeira, segurando uma colher de pau próxima a uma tigela. Eles estavam rindo e conversando, parecendo se divertir.
— Bom dia! — eu disse, chamando a atenção deles, enquanto me sentava à mesa que já estava montada com tudo para o café da manhã. — O que estão fazendo?
Ana Clara levantou o rosto em minha direção, com um sorriso contagiante.
— Papai vai me ensinar a fazer panquecas, Ayara — ela respondeu animadamente. — Ele disse que é a receita da vovó, e que são as melhores do mundo.
