Ayara Arantes, herdeira de um vasto império, é obrigada a deixar seu país para viver sob a tutela de Miguel, um homem fechado e austero devido ao luto que carrega. A convivência entre eles é tensa até que Ayara começa a receber aulas particulares de...
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Eu estava decidido a ir conversar com o Miguel a respeito da Ayara. Queria deixar claras minhas intenções e torcer para que ele aceitasse a ideia de eu namorá-la. Eu conhecia meu amigo; se ele permitisse, provavelmente eu seria submetido a um namoro à moda antiga, sentados no sofá da casa com ele no meio e de olho, sem poder beijá-la ou abraçá-la. Para mim, que era um homem experiente e já estava acostumado com relacionamentos mais maduros, isso seria um sacrifício, mas eu estava disposto a fazer isso por ela.
Assim que saí da faculdade, com a intenção de ir para casa, avistei Ayara entrando no carro com o motorista. Ela parecia tensa, e durante a aula, ela não parava de cochichar e mandar mensagens para a amiga pelo celular enquanto eu estava explicando a matéria. No geral, conseguimos disfarçar bem, e ninguém parecia perceber o que estava acontecendo entre nós.
Fui até o estacionamento e entrei no meu carro. Em vez de ir para casa, decidi ir direto para a casa do Miguel. Eu precisava falar com ele o quanto antes e esclarecer a situação. Esperava que ele fosse compreensivo e me desse uma chance de entrar para a família.
Dirigi pacientemente até a casa do meu amigo, estacionei o carro na entrada da casa e, antes de sair dele, retirei a gravata e o blazer e dobrei a camisa social até os cotovelos. Não posso mentir, estava um pouco nervoso. A tarde, embora estivesse fresca se preparando para entrar na noite, parecia quente e sufocante.
Eu sentia o suor escorrer pela minha testa e meu coração bater acelerado. Eu sabia que o que eu ia fazer era arriscado, mas eu não podia mais adiar. Eu precisava falar com o Miguel e resolver tudo de uma vez por todas.
Tomei toda a coragem necessária e toquei a campainha.
Marta, a senhora que cuidava da casa, apareceu na porta. Ela usava um vestido florido de cores suaves e um avental branco, que combinavam com sua pele morena e seus cabelos grisalhos, presos no alto da cabeça em um coque. Ela me reconheceu na hora e me cumprimentou com um sorriso caloroso, que iluminava seu rosto enrugado. Já fazia bastante tempo que eu não frequentava aquela casa, mas ela ainda se lembrava de mim. Ela tinha uma ligação especial com a família; desde que me lembro, ela foi a babá de Elizabeth, que a trouxe para morar na casa assim que se casou com o Miguel.
Ela sempre foi muito gentil e atenciosa comigo.
— Olá, filho, quanto tempo! — ela disse, saudosa. — Que bom que você veio nos visitar.
— Como vai, Marta? A senhora está ótima — elogiei. — Parece que o tempo não passa para a senhora.
— Estou bem, filho! Vamos, entre — ela disse, simpática, abrindo a porta para mim.
Entrei na casa, olhando tudo ao meu redor, e tudo ainda permanecia no mesmo lugar. Os móveis, as cortinas, as fotos na parede; tudo me trazia lembranças de Elisabeth, uma excelente arquiteta e designer de interiores. Eu entendia por que o Miguel gostava tanto daquela casa; em cada coisa havia a marca registrada dela. Ela tinha um bom gosto incrível e sabia como criar ambientes aconchegantes e elegantes. Ela era uma mulher de personalidade, talento e beleza. E eu sentia muita falta dela.
