Ayara Arantes, herdeira de um vasto império, é obrigada a deixar seu país para viver sob a tutela de Miguel, um homem fechado e austero devido ao luto que carrega. A convivência entre eles é tensa até que Ayara começa a receber aulas particulares de...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Os dias voavam e as aulas com o professor Miller progrediam. Depois do dia em que passamos um tempo na orla da praia conversando, voltamos a nos encontrar em sua casa para as aulas. E, embora eu continuasse mentindo para o Miguel dizendo que estava fazendo parte de um grupo de estudos que inventei, e temia que ele descobrisse, tudo corria bem.
O professor era gentil e paciente ao me ensinar e tirar as minhas dúvidas. Minha evolução nos estudos era notável, e eu havia até refazido uma avaliação na qual antes havia tirado zero. No entanto, o resultado não foi tão promissor quanto eu esperava: obtive apenas três pontos. Lembro-me de Sebastian, com uma sobrancelha arqueada, como se questionasse se nossas aulas haviam surtido algum efeito. Sorri sem jeito e disse que três era melhor que zero.
Mas não podia negar, vivia ansiosa para estar na presença do meu professor. Ele me fazia rir, me dava conselhos e às vezes, quando estava me ensinando, brincava com uma mecha do meu cabelo, além de me elogiar de forma sutil. Estar com ele me fazia sentir animada, empolgada e ao mesmo tempo eu sentia meu coração aquecido.
Ahh!
Eu estava mergulhada em meus pensamentos no meio da aula monótona que parecia não ter fim, quando o professor Augusto interrompeu sua fala sobre microeconomia. Naquele dia, não tínhamos aula com o professor Miller; ele havia comentado comigo que quando não estava dando aula, estava na empresa da sua família, então muito provavelmente eu só o veria mais tarde para as aulas.
Os olhos inquisitivos do professor se fixaram na porta. Ele caminhou até o visitante inesperado, trocando algumas palavras em voz baixa. E então, a figura de Miguel surgiu na entrada da sala.
Ele vestia um terno sem a gravata e o blazer haviam sido descartados. Sua camisa social azul estava arregaçada até os cotovelos, exibindo os músculos firmes e torneados de seus braços. Ele me lançou um sorriso sem graça e acenou com a mão para que eu me aproximasse dele. Todos na sala viraram as cabeças para ver o que estava acontecendo, e eu pude ouvir risinhos abafados das minhas colegas de classe — era compreensível, afinal, Miguel estava lindo naquela roupa. Assanhadas! — Troquei um olhar com a minha amiga que estava sentada ao meu lado, não conseguindo esconder o quanto estava surpresa com a presença dele ali.
E, então, me levantei para ir até a porta. Ao chegar perto dele, notei que a expressão de Miguel denunciava cansaço e tristeza. Preocupada, perguntei o que havia acontecido, já que ele nunca aparecia na faculdade sem avisar.
— Aconteceu alguma coisa? — Fui direto ao ponto.
Ele suspirou profundamente, sua voz rouca soou frágil e sombria.
— Precisamos conversar.
E o primeiro pensamento que me invadiu a mente foi: será que ele havia descoberto sobre as minhas escapadas para ir na casa do professor? Eu senti um frio na barriga e um nó na garganta, imaginando o que ele poderia fazer se soubesse da verdade.
