Ayara Arantes, herdeira de um vasto império, é obrigada a deixar seu país para viver sob a tutela de Miguel, um homem fechado e austero devido ao luto que carrega. A convivência entre eles é tensa até que Ayara começa a receber aulas particulares de...
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"Sextou"
Foi o que eu tinha acabado de postar no Facebook, junto com uma selfie que eu havia tirado saindo da faculdade. Eu estava com um sorriso no rosto, os cabelos soltos, os olhos brilhando. Eu estava animada e cheia de planos para o final de semana. A tarde estava caindo, o céu mantinha tons de azul e lilás com algumas nuvens, indicando que no dia seguinte seria um perfeito dia ensolarado. Talvez eu fosse à praia com o Sebastian, sentir o sol na pele, a areia nos pés, o vento nos cabelos. Talvez eu passasse o dia agarradinha com ele em sua cobertura, curtindo a vista, ouvindo música, trocando carícias. Ah, eu tinha tantos planos!
Desde o dia em que ele conversou com o Miguel, tudo estava indo bem. No entanto, havia um porém: ele tinha realmente deixado de dar aulas na faculdade. Isso significava que eu não teria mais a oportunidade de vê-lo todos os dias e teria que me contentar com apenas suas idas à minha casa aos finais de semana e, às vezes, alguns encontros casuais durante a semana.
— Barbie — cutuquei Bárbara, que vinha caminhando ao meu lado com os livros apertados contra a camisa de botões que combinava com a calça jeans rasgada e as sapatilhas. Ela estava de cabeça baixa, parecia distante do momento presente. — Você não quer ir para a minha casa? Poderíamos...
— Não, Ayara! — ela me cortou, levantando os olhos na minha direção. Seu rosto estava tenso e irritado.
Já havia alguns dias que ela estava mal-humorada, e sempre que eu me referia a ir à minha casa ou falava sobre o Miguel, ela reagia mal.
— Aí, você está parecendo uma velha ranzinza! — resmunguei. — Eu só queria te convidar para irmos para a minha casa hoje, para darmos continuação ao nosso TCC. Você sabe que o prazo está chegando, né?
Ela me olhou com um olhar debochado.
— Nossa! Você anda tão responsável — brincou, com uma ponta de sarcasmo.
— Mas é claro! — eu disse, abrindo um sorriso sonhador. — O meu amor me disse que preciso manter o foco nos estudos, pois o ano já está acabando. Ele também me disse para não dar motivos para o Miguel achar ruim, ou me colocar de castigo novamente.
Ela riu.
— Eu ainda não acredito que você está namorando com o professor Sebastian — ela comentou, incrédula. — Parece coisa de filme.
Quando liguei para ela contando sobre tudo o que aconteceu, ela quase não acreditou.
— Sim, Barbie, às vezes nem eu acredito. Sabe, ele tem... — eu comecei a falar me lembrando das qualidades do meu namorado, mas ela me interrompeu.
— Eu já sei! — ela disse, impaciente. — Mãos macias, é cheiroso, mora em uma cobertura chique, é rico e faz comidas gostosas, parece um biscoitinho e você sente vontade de morder ele toda vez que o vê. Você já me disse tudo isso!
Sorri, sonhadora. Eu estava apaixonada pelo Sebastian, e não me cansava de falar dele. Ele era tudo o que eu sempre quis em um namorado: carinhoso, atencioso, inteligente, divertido, bonito... ah, e como era bonito!
— Ah, amiga! Só falta você conseguir um namorado para sairmos em par. Seria tão legal! — comentei, animada.
Eu queria que ela fosse feliz, que encontrasse alguém que a amasse de verdade. Ela merecia isso.
Ela soltou um suspiro frustrado.
— Ayara, vamos mudar de assunto. Eu já disse que não estou interessada em ninguém. No momento, só quero me formar e ver o que faço da minha vida depois disso! — ela disse, com um tom de desânimo. Ela parecia cansada, desiludida, sem esperança.
— Tá bom, não precisava ficar brava. Então, até amanhã — eu disse, me despedindo de Bárbara com um abraço. Eu caminhei em direção ao meu motorista, que me aguardava com o carro na porta da faculdade.
Eu sabia que ela não queria falar sobre isso, mas eu não podia deixar de me preocupar com ela. Bárbara era a minha melhor amiga, e eu a amava muito. Eu queria que ela fosse feliz, que encontrasse alguém que a amasse de verdade. Mas ela parecia ter desistido do amor.
— Até segunda — ela disse, com uma voz fria e sem emoção, me tirando toda e qualquer esperança de termos um tempo juntas no final de semana.
Ela caminhou em direção ao seu carro e entrou nele. Logo deu a partida, sem olhar para trás.
Meu motorista abriu a porta para mim e eu entrei no banco de trás.
Eu senti uma pontada de tristeza no peito, mas logo a afastei. Eu não podia deixar que o mau humor dela estragasse o meu dia. Eu tinha tantos motivos para sorrir, para agradecer, para celebrar. Eu tinha o Sebastian, o melhor namorado do mundo.
Eu recostei a cabeça no descanso do carro e peguei meu celular. Vi a hora; ainda era cedo. Eram apenas quatro horas da tarde. Pensei em ligar para o Sebastian, mas decidi fazer uma surpresa para ele. Eu sabia que ele estava trabalhando na FAST e pretendia ir até lá.
— Pedro — eu disse, chamando a atenção do motorista, que me olhou pelo retrovisor. — Preciso que me leve para outro endereço.
— Claro, senhorita Ayara. Para onde vamos? — ele perguntou, com um sorriso no rosto.
— Para a FAST, Pedro. Eu quero fazer uma surpresa para o Sebastian — eu disse, com um brilho nos olhos.
A expectativa de reencontrar Sebastian me enchia de ansiedade; ansiava por seus abraços, seus beijos, o calor reconfortante de sua presença. Contava os minutos para poder vê-lo e me jogar em seus braços.
