Ayara Arantes, herdeira de um vasto império, é obrigada a deixar seu país para viver sob a tutela de Miguel, um homem fechado e austero devido ao luto que carrega. A convivência entre eles é tensa até que Ayara começa a receber aulas particulares de...
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— Eu já disse que não! — Resmunguei com Sabrina, que segurava um espelhinho de maquiagem que encontrou no chão da minha sala. E quando eu disse que pertencia a uma aluna e expliquei sobre as aulas extras na minha casa, ela achou um absurdo ficou insinuando que eu estivesse me divertindo com a minha aluna.
— Você ainda não me convenceu, senhor Miller — disse fazendo muxoxo com os lábios erguendo os olhos em minha direção com desconfiança, achando que eu estava mentindo.
— Ela veio aqui para ter aulas extras que eu ofereci por contra própria, porque está com dificuldade na matéria. Eu me ofereci para ajudá-la, só isso! — Voltei a me defender.
— Você sabe o que pode te acontecer se o reitor souber dessas aulas na sua casa, não sabe? Envolvimento entre docente e estudante é proibido. Você pode perder o seu emprego, a sua reputação, é a sua carreira que está e jogo... — ela começou a me dar uma lição de moral, mas eu a interrompi.
— Pode parar, Sabrina! Eu já sei de tudo isso! Não preciso de você aqui me dizendo ou não o que fazer! — Respondi irritado. — Eu só quero ajudar a menina. Ela é uma boa aluna, mas está passando por um momento difícil!
Depois que saí do banho, já vestido com um conjunto de moletom, pronto para começarmos as aulas, procurei pela minha aluna, mas ela não deixou rastro dentro da cobertura. A procurei em todos os lugares, mas não a encontrei. Ela havia sumido. Liguei, mandei mensagens, mas ela não respondia. E eu começava a me angustiar, principalmente por tê-la beijado. Eu havia bebido um pouco, estava triste e chateado com a encomenda que recebi: os convites de casamento e as alianças que Paola e eu mandamos fazer me foram entregues mesmo depois de eu ter cancelado. Eu estava meio fora de mim e acabei descontando na bebida, mas não posso negar, gostei de experimentar os lábios daquela menina. Mas agora, com a cabeça mais fresca, sentia medo de tê-la assustado e mais medo ainda dela contar para alguém sobre o que aconteceu e eu sofrer danos morais na faculdade por ser seu professor e ter a minha amizade com o Miguel afetada, por ela ser praticamente a filha dele! Merda!
Eu me sentia um idiota, um canalha, um irresponsável. Eu não sabia o que fazer, como consertar as coisas, como me livrar desse pesadelo. E, para piorar, a minha irmã chegou logo depois que a minha aluna sumiu. Ela abriu a porta da minha cobertura, sem avisar, dizendo que ia fazer uma viagem para decidir o divórcio e queria me fazer uma visita antes de ir.
— E desde quando você se importa tanto com o desempenho de suas — ela fez aspas com os dedos — "alunas"?
— Desde que ela é a filha adotiva do Carlos Arantes, aquele amigo do nosso pai, lembra?
Vi os olhos da minha irmã se arregalarem e sua boca se abrir, ela estava claramente chocada. Ele se sentou lentamente no sofá, cruzando as pernas. Minha irmã usava um vestido vermelho de cauda de sereia que ia até os joelhos, com um decote generoso que realçava seus seios, mantinha seus cabelos soltos e uma maquiagem impecável, que combinava com seus saltos altos e sua bolsa de couro preta. Ela parecia uma modelo pronta para uma festa.
