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Quando girei a maçaneta e empurrei a porta do quarto da minha amiga, fui recebida por uma cena que me deixou intrigada por um instante. Lá estava ela, sentada na beira da cama, com soluços que ecoavam pelo cômodo como uma melodia triste. Seus dedos pressionavam o rosto avermelhado, e as lágrimas pareciam não ter fim. Sempre soube que ela era uma alma intensa e profundamente sensível, mas vê-la naquele estado partia meu coração.

— Amiga... — minha voz saiu num sussurro, carregada de preocupação, enquanto me aproximava lentamente de sua cama.

Seu olhar se ergueu para encontrar o meu, revelando olhos vermelhos e inchados, ainda marejados de lágrimas.

— O que houve? Por que está chorando? — Minha mente se encheu de perguntas, mas esperei que ela explicasse.

Ela tentou se acalmar, enxugando os olhos e respirando fundo antes de encontrar coragem para falar.

— Foi terrível, Barbie...

— O que aconteceu?

Me sentei ao seu lado com minha mente lutando para processar suas palavras.

—  Descobri que o professor Miller é comprometido com uma tal de Paola Smidth. E o pior é que eles vão se casar, amiga — voltou a chorar, lágrimas quentes de decepção rolando pelo seu rosto.

— Casamento? — Meu cérebro lutava para assimilar a informação. Paola Smidth... o nome ecoou em minha mente, despertando uma lembrança distante. Eu conhecia uma Paola Smidth. Era a uma escritora de romances eróticos que eu gostava de ler, mas o mundo não poderia ser tão pequeno, poderia? Será que ela era a noiva do meu professor?

— Você disse Paola Smidth?

— Sim... é a noiva dele. E ela é linda, Barbie você precisava ver... — Sua voz se quebrou, as lágrimas retornando com força total.

Franzi o senho, buscando algum sentido no que ela dizia e o porquê daquelas lágrimas, como um computador sobrecarregado, tentando processar as informações conflitantes. 

— Não depois de ter me beijado! E eu estou com tanta raiva! — Ela esbravejou, jogando-se de cara na cama. Seus soluços voltaram a preencher o espaço, e eu me aproximei, sentando-me na beirada da cama.

— Amiga... — Minha voz saiu suave, buscando acalmá-la. — Me explica o que está acontecendo, porque não estou entendendo nada! Você disse que ele tem uma noive e te beijou?

Ela ergueu o rosto, os olhos vermelhos e inchados. 

— Eu também não entendi bem, eu só me deixei levar pelo beijo.

— Como descobriu sobre o casamento? — Perguntei, curiosa e preocupada. 

—  Eu fui até o quarto dele, enquanto ele tomava banho, só para espionar, curiosidade sabe...

— Você foi até o quarto dele? — Minha surpresa era evidente, misturada com um toque de incredulidade.

Ela abaixou o olhar, um vislumbre de culpa atravessando seus olhos antes de admitir.

— Sim... eu sei que não devia, mas... eu estava curiosa...

— Ayara — a interrompi tentando assimilar o que ela me dizia. — Você está me dizendo que beijou o professor e esteve no quarto dele, enquanto ele tomava banho? Desde quando esse tipo de intimidade está rolando isso entre vocês? — Questionei, curiosa.

Ela suspirou e limpou os olhos.

— Desde que descobrimos que ele é amigo do Miguel e que conheceu o meu pai, ele anda mais atencioso comigo. E hoje, quando eu fui até a cobertura dele para fazer as aulas, aproveitei para agradecê-lo por ter conversado com o Miguel, e nos abraçamos. Foi então que aconteceu o beijo. Mas depois eu descobri que ele é um cretino, provavelmente só me ofereceu as aulas extras para se aproveitar de mim antes de se casar. Ele é um babaca! Estou com tanta raiva dele! — Exclamou, furiosa.

— Mas isso é estranho, ele nunca usou aliança na sala de aula. E o professor sempre pareceu um homem sério e respeitoso. Deve haver alguma explicação — Tentei encontrar palavras de consolo, mesmo enquanto minha mente tentava encontrar uma explicação para tudo aquilo.

— A explicação é que ele é um cachorro, Bárbara! Ele deve tirar a aliança para sair por aí ficando com todo mundo, por isso estava naquela casa de strip com o Miguel e o Felipe, lembra?! Aposto que ele não passa de um devasso que deve sair por aí fazendo todo tipo de orgia, e se esconde atrás daquela cara de santinho — disse brava e com raiva.

— Você conversou com ele? — Perguntei , sentindo meu coração apertar com cada revelação.

— Não. Assim que vi os convites do casamento, peguei minhas coisas e fugi, não quis ficar nem mais um minuto.

— Amiga, relaxa! Não adianta ficar nutrindo dúvidas. O melhor seria confrontá-lo, perguntar diretamente se ele está noivo e por que te beijou se está comprometido com outra.

— Mas é isso que dói, Bárbara! Eu criei falsas esperanças com ele — ela riu amargamente. — Pensei que algo mais estivesse acontecendo entre nós, sabe?! — Ela se levantou da cama, gesticulando com as mãos enquanto se dirigia à janela. Com um tom de voz triste, se debruçou no parapeito e ficou olhando para a rua. — E depois que ele começou a me tratar de igual para igual, eu pensei que... — ela soltou um suspiro longo e frustrado, interrompendo-se. — Pensei que ele gostasse de mim, como mulher.

— Amiga... — levantei-me da cama, aproximando-me dela e acariciando seus cabelos. — Eu acho que você está apaixonada por ele.

Ela virou lentamente a cabeça para me encarar.

— Eu não posso estar apaixonada por ele, Barbie — sua voz estava carregada de tristeza. — Porque ele nunca me corresponderia. Ele só queria se divertir um pouco antes de se casar, e eu fui a diversão dele.

Ela voltou para a cama e se jogou, abraçando sua pelúcia favorita.

— Barbie, você pode me deixar sozinha? Eu preciso pensar — pediu, com tristeza evidente em seu olhar vago.

— Claro. Eu só vim trazer um livro que o Marcos pediu para te entregar, e o Miguel me convidou para jantar. Qualquer coisa, basta me chamar, eu vou estar lá embaixo.

Ela soltou um resmungo de confirmação e eu saí do quarto, fechando a porta suavemente. Na sala de jantar, Miguel e Ana Clara já estavam à mesa me esperando. Puxei uma cadeira, sentindo o olhar atento de Miguel sobre mim.

— O que houve? — Ele perguntou, sua expressão séria e curiosa.

Sabia que minha amiga guardava muitos segredos do Miguel, e mesmo que o amasse profundamente e soubesse que ele me admirava, não podia revelar a verdade. Era uma situação delicada, onde a confiança de ambos estava em jogo.

— É que o garoto de quem ela gosta está namorando com outra — expliquei, escolhendo minhas palavras com cuidado.

Miguel ficou em silêncio por um momento, perdido em seus próprios pensamentos.

— Você acha que devo conversar com ela?

— Seria ótimo, mas acho que ela precisa de um tempo sozinha para pensar. Você a conhece, quando está triste quer se isolar do mundo, e esse momento deve ser respeitado. Então é melhor nos comermos porque ela não vai sair do quarto tão cedo.

Ele assentiu, compreendendo a situação e então abriu um sorriso bonito em minha direção.

— Você sempre sabe o que dizer, Bárbara. Sempre!

Trocamos um sorriso e nos servimos e começamos a comer, já entrando em outros assuntos, embora eu não conseguisse parar de pensar em toda aquela história que minha amiga me contou. Será mesmo que o professor só ofereceu aulas particulares para a minha amiga com outras intenções?

Entre Segredos e Paixões 1 - Raízes do DestinoOnde histórias criam vida. Descubra agora