Ayara Arantes, herdeira de um vasto império, é obrigada a deixar seu país para viver sob a tutela de Miguel, um homem fechado e austero devido ao luto que carrega. A convivência entre eles é tensa até que Ayara começa a receber aulas particulares de...
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Assim que cheguei em casa da faculdade, corri direto para o meu quarto. Eu estava exausta, depois de um dia cheio de aulas, revisão e tensão. Só queria tomar um banho e ligar para a minha amiga, para saber como estava indo à situação com o professor Miller.
Eu tinha quase certeza de que ela estava apaixonada por ele, o que era péssimo, já que provavelmente ele a ignoraria, e ela sofreria por amor. Durante a aula, ela parecia tão pra baixo que eu fiquei com pena dela. Aquela cabeça de vento sempre acabava se apaixonando por alguém que estava fora do seu alcance.
Quando entrei no meu quarto, retirei a bolsa do ombro e joguei em cima da cama, junto dos meus livros e da chave do carro. Já fazia um mapa mental do que faria: tomaria um banho quente na banheira, colocaria uma roupa bem confortável, pediria à empregada para me servir alguma coisa gostosa para comer, ligaria para a minha amiga e, por fim, saborearia mais um pouco do momento inesquecível que vivi com o Miguel. A nossa dança, aqueles olhos azuis em mim, seu cheiro, tudo naquele dia foi perfeito! Ah, eu o amava tanto!
Mas me deparei com uma cena que me deixou chocada. Minha mãe estava dentro do meu closet, retirando algumas peças do cabide e jogando em cima do pufe onde geralmente eu me sentava para me maquiar. Em cima da cama, havia várias outras peças. Ela estava revirando as minhas roupas, sem a menor consideração pela minha privacidade. Odiava quando ela fazia isso.
— Mãe? — Disse, chamando sua atenção. Eu não conseguia esconder a minha surpresa e a minha irritação por vê-la mexer nas minhas coisas.
Ela olhou rapidamente para mim e voltou a retirar as peças do closet. Sua feição era pura alegria e satisfação. Ela parecia estar se divertindo, como se estivesse fazendo uma boa ação.
— Que bom que chegou, filha... — me lançou um olhar rápido e depois voltou a atenção para as roupas que estavam espalhadas pela minha cama. Ela só me tratava com algum carinho ou algo próximo disso, quando queria que eu fizesse algo que a agradasse, logo fiquei em alerta.
— O que estava fazendo mexendo nas minhas coisas? — A interroguei, sentindo uma pontada de irritação.
Ela não me olhou, muito pelo contrário, continuou retirando as roupas e abrindo as gavetas, jogando de lado tudo o que achava velho ou desgastado.
— Andei pensando e acho que precisamos renovar seu guarda-roupas. Você precisa de roupas novas para a viagem. Claro, poderá comprar roupas lindas quando chegar na França, mas até que se estabeleça lá, precisa de roupas e lingeries que possa usar... — ela falou com um tom de voz animado, como se estivesse fazendo planos para ela mesma.
— Viagem? — Perguntei sem entender, sentindo um frio na barriga.
Ela se virou em minha direção com um sorriso triunfante no rosto.
— Sua tia Angélique ligou... — ela começou fazendo uma pausa dramática. — Disse que tem uma ótima oportunidade de trabalho para você na França. Então, assim que você terminar seus estudos, vai viajar para lá a fim de começar a sua carreira. O salário é ótimo, você terá ótimas condições de trabalho e um apartamento para se instalar — ela concluiu, esperando que eu ficasse tão feliz quanto ela.
