POV Ana Carla
Sai batendo salto atrás de meu pai pelo corredor da Dior.
- Pai?- chamei, meu coração apertado. Aquilo não podia ser verdade.- Pai!
Ele me olhou sobre o ombro ao entrar a sua sala.
- O que foi, Ana Carla?
- O que o Otávio estava falando?- perguntei, fechando a porta ao passar.
- Aquilo que você ouviu.- ele disse sentando atrás da sua mesa, a imagem de homem imponente predominando.- Para assumir a empresa você vai ter que casar.
Busquei em seus olhos algum sinal de humor,mas não encontrei.
- Por que?- perguntei num sussurro.
- É a regra.- disse mexendo em uma das muitas pastas que foram colocadas em sua mesa por sua secretária.
Regra? Ele estava louco?
- Papai... nos estamos em 2024.- pontuei me aproximando,devagar.
- Eu sei.- ele abriu uma gaveta, nunca olhando para mim.
- Que bom, então sabe que a ideia de que esse tipo de casamento é aceitavel foi erradicada a quase dois séculos.
- Não na nossa família.
Imitei minha tia e desci minhas mãos sobre a mesa, George me olhou duro.
- Eu não vou me casar com ninguém.- falei lhe encarando.- Entregue a empresa para Otávio, eu não me importo.
Meu pai se pôs de pé, furioso.
- Pois eu me importo!- disse apontando o dedo em riste para mim.- Está achando que eu me fodi a vida inteira para entregar tudo de bandeja pra idiota da sua tia?
- Eu não tenho nada haver com isso.
- Tem sim! Você é minha filha, dona e herdeira deste império. Eu já estou procurando alguém para casar com você... Não vai querer viver sob os caprichos da Giovanna,vai?
Se ele soubesse que eu tinha como me manter sozinha...
Respirei fundo,ele tinha que saber que eu não queria assumir nada.
- Papai... eu não quero...
- NÃO OUSE SER INGRATA A ESSE PONTO, ANA CARLA.- ele gritou, se inclinando sobre a mesa e me assustando.- EU TIREI VOCÊ DAQUELE PAÍS DE MERDA, TE DEI UMA VIDA DIGNA E VOCÊ VAI SIM FAZER O QUE EU MANDO.
- EU NÃO TE PEDI PRA ME TIRAR DE LÁ.- gritei de volta e no segundo seguinte a mão de meu pai desceu pesada no lado direito do meu rosto.
Olhei para ele, meus olhos enchendo de lágrimas, meu rosto formigando.
- Nunca mais grite comigo.- George disse, o rosto vermelho de raiva, sem nenhum pingo de arrependimento na voz.- Vá para casa e não saia do seu quarto até que diga para sair.
Engoli em seco.
Lutando contra as lágrimas pesadas.
Eu não ia chorar.
Dei as costas ao homem que se dizia meu pai e sai da sala.
Já dentro do elevador encontrei a pessoa que eu menos queria ver naquele momento.
- E aí, Princesinha da Dior, bom dia.
Dei as costas para Robert,sem responder.
Eu não estava no clima.
Mas, curiosamente, percebi que sua voz não estava como sempre e seu olhar estava... apagado. Ele parecia triste.
Sem que eu esperasse ele passou na minha frente e apertou o botão de emergência do elevador, parando o mesmo no 37 andar.
Não, Robert... Por favor...
- Não vai me dizer bom dia mal educada?- ele perguntou colocando as mãos nos bolsos do jeans.- Está chorando? Seu rosto está vermelho...
Não aguentei.
- Será que você pode esquecer que eu existo?- perguntei com a voz embargada.
Robert estreitou os olhos para mim.
- Eu já tentei e não consigo.- disse me fazendo erguer os olhos,confusa.- Está precisando de ajuda, Ana?
Eu o encarei por alguns instantes.
Eu já tentei e não consigo?
Do que ele estava falando?
- Destrava o elevador.- falei,passando a mão em meu rosto, limpando duas lágrimas que escaparam.- Eu só quero ir pra casa...
- Eu posso te levar se quiser.- insistiu dando um passo até mim. Franzi o cenho.- Meu motorista está ali embaixo.
Não consigui dizer por que, mas fiz que sim com a cabeça, ficando em silêncio.
Sendo inundada por vários sentimentos.
Eu estava com raiva de George, pelos motivos óbvios.
E confusa com Robert...
Primeiro aquela vontade estranha de lhe beijar que me acometeu no estacionamento da faculdade e agora ele estava ali me oferecendo ajuda.
E o pior: eu aceitando a sua ajuda.
Sentei no banco detrás da SuV com ele ao meu lado. Logo que entrou Robert disse meu endereço para o motorista e acionou a divisória que nos separava e nos dava privacidade.
Me apoiei na porta e encarei a rua pelo vidro, não conseguindo mais conter o bolo de lágrimas que se formavam em meu olhos.
- Ok...- Robert se aproximou de mim, me puxando para o seu peito, não tive forças para dizer não.- Não precisa me dizer nada, pode chorar.
Eu chorei até soluçar.
Deixando a decepção pelo o que ouvi transbordar por meus olhos.
Era sufocante.
Eu sabia que minha vida tinha tudo para ser ruim se George não tivesse me tirado do Brasil, mas me casar a força com alguém? Aquilo estava longe de ser bom.
Sinceramente, o tapa que ele me deu doeu menos do que a sentença de ter que me casar com alguém que eu não amava.
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ROBERT PATTINSON | NOSSOS SEGREDOS
FanficDepois de se envolver em uma encrenca que poderia colocar toda sua carreira a baixo o ator e modelo Robert Pattinson se vê entre a cruz e a espada: sendo obrigado a casar com alguém que não conhece. Ela nada mais é do que filha e única herdeira da m...