ROBERT PATTINSON | NOSSOS SEGREDOS

43. Aurora é Nossa Prioridade

POV Ana Carla

Eu me remexia inquieta na cadeira enquanto ouvia Otávio tagarelar sobre sua ideia para incrementar no desfile de base da coleção.

Ele falava algo sobre um show da Taylor SWIFT enquanto as modelos desfilavam.

- Victoria Screts faz isso com frequência, Otávio.- Falei me contorcendo.

A cólica insuportável tinha voltado com tudo pela manhã, mas eu não pensei que persistiria durante o dia Já que eu tinha tomado um remédio.

Eu não via a hora de Otávio terminar de falar pois tinha marcado um ginecologista.

Aquela dor não era normal, devia ter alguma coisa errada com meu DIU, não fazia nem 15 dias que eu tinha menstruado e acordei naquela manhã com o pijama lavado de sangue.

Por sorte, não sangrei o suficiente para sujar o lençol.

Quarenta e cinco minutos depois, onde eu votei veementemente contra a ideia de plagiar outra marca e Tia Giovanna me chamou de invejosa, eu estava dirigindo até o consultório da Dra. Francielle.

- Boa tarde, Ana.- a médica sorriu para mim.- Faz tempo que não nos vemos, hein.

Dei um sorriso culpada.

- Faz sim.- Uns bons dois anos.

Ela se recostou em sua cadeira.

- Então, o que te trás aqui? Soube que você se casou com o ator de crepúsculo... Como vai a vida de casada?

Ah, sim .

À curiosidade.

- Vai bem.- falei.- Doutora eu acho que tem algo errado com meu DIU.

Em questão de segundos ela deixou lado fofoqueira de escanteio e assumiu sua condição de médica.

- O que tem sentido, Ana?

Me remexi, desconfortável.

- Além de ter menstruado a 12 dias atrás e de estar menstruando de novo, estou com uma cólica insuportável, já tomei remédio e não alivia.

Ela me olhou por alguns instantes e se pôs de pé.

- Eu vou pedir pra você tirar sua roupa e colocar a camisola.- disse me indicando o banheiro.- Vamos fazer uma transvaginal para ver como está.

Se tinha exame mais depreciativo do que esse eu estava para descobrir.

Que coisa horrorosa, ficar naquela posição de frango assado esperando uma pessoa estranha enfiar um pedaço de ferro dentro da gente.

Mas eu só conseguia pensar na dor que senti quando ela entrou com o aparelho em mim.

- Vamos ver...- tentei ver alguma coisa no monitor suspenso sobre mim, mas só parecia ser uma TV com canal fora do ar.- Er... Ana você... veio sozinha?

Estranhei sua pergunta,será que ela ia mesmo me perguntar sobre o Robert comigo naquela posição ridícula.

- Vim. - eu disse, um pouco grossa, a dor me fincando no útero.- Conseguiu ver o meu DIU?

Ela apertou alguns botões e demorou um pouco para me responder.

- Não se assusta, ok?- ela pediu tirando o aparelho de dentro de mim com o preservativo coberto de sangue.

- O que é isso?- perguntei, com certeza,assustada.

Antes que ela me respondesse meu celular começou a tocar dentro da minha bolsa na cadeira em frente a mesa dela.

- Ana...- ela chamou minha atenção. Ignorei o toque do celular e olhei para ela. A médica tinha um olhar de lamento.- Você está sofrendo um aborto , sinto muito, mas não tem mais o que fazer...

- O que?- Não. Não tinha como ser verdade.- Mas eu tenho o DIU,  não posso estar tendo um aborto porque não tenho como estar grávida.

Dra. Francielle tocou em minha mão.

- Nenhum método contraceptivo é 100% eficaz, está vendo a imagem? Seu útero está cheio de sangue, sua gestação estava no início, no máximo oito ou nove semanas, seu DIU está bem aqui, totalmente fora de onde deveria... Ana, eu preciso que você ligue para o seu marido, você vai precisar fazer uma curetagem, é um procedimento cirúrgico e psicologicamente delicado,  ele precisa estar aqui com você.

Ainda de perna aberta eu a olhei em choque.

Grávida.

Eu estava grávida.

E meu bebê estava morto.

Dentro de mim.

Só percebi que estava chorando quando meu celular voltou a tocar e a médica alcançou a bolsa para mim.

Curiosamente era Robert que me ligava.

- Alô?- eu atendi.

- Ana? Onde você está?

Olhei ao redor, um pouco desorientada.

- Eu estou...

- Ana, olha só, eu estou indo para Londres agora.- ele disse me interrompendo, eu conseguia ouvir o barulho de portas batendo, ele devia estar em casa.

Pisquei, meio perdida.

À médica me olhava de cenho franzido.

- O que? O que houve?

- Aurora foi atropelada quando saía da escola.- ele disse e eu pensei que meu estômago ia desabar.- Amor, eu preciso ir, você consegue pegar um voo comercial e me encontrar lá depois? Vou de jatinho com Marcus... Ana? Está me ouvindo?

- Oi... Estou, claro que estou. Ta bom... Vai la... Me da notícia, por favor...

De repente, Robert parou.

- O que está acontecendo?- perguntou.- Onde você está? Na Dior?

Eu pigarriei.

- Isso.- menti.- Vai, Rob, Aurora é Nossa Prioridade,cuida dela...

- Tá... Ana... Amor....Eu te amo...

Tentei segurar as lágrimas que caíram por meu rosto e o soluço que subiu por minha garganta.

- Eu também te amo.

Robert desligou sem me dizer mais nenhuma uma palavra.

Sem ao menos olhar para a medica eu abri minha agenda e liguei para a pessoa que sempre esteve comigo em todos os momentos ruins e bons que já tinha passado.

- Fala, gostosa.- Rebeca atendeu, animada e alegre como sempre.

Não aguentei, comecei a chorar.

- Amiga... Você pode me encontrar?

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