– Freen? – Pensei ter ouvido minha mãe dizer.Em duas passadas, ela estava na minha frente, do outro lado da mesa, largando uma pilha de papéis.
O que aquela mulher estava fazendo?
Não íamos à sala um do outro. Nunca precisamos, quisemos ou nos demos ao trabalho de fazer isso.
O olhar gélido recaiu sobre mim. Acompanhado por aquela cara fechada, como se Becky estivesse se perguntando por que eu parecia uma mulher lidando com uma crise de vida ou morte, que era exatamente o caso.
Ser pega mentindo era muito pior do que mentir. Depois de apenas dois segundos, aquela carranca se transformou em uma expressão de choque. Dava para ver o julgamento em seus olhos.
De todas as pessoas que podiam ter entrado na minha sala naquele momento, tinha que ser justo ela.
Por que, Deus? Por quê?
– Becky. – Eu me ouvi dizer com a voz pesada.
Registrei vagamente minha mãe repetir:
– Becky?
– Sim – murmurei, e nossos olhares se cruzaram, o meu e o dela.
O que é que ela quer?
– Tá bom – disse.
Tá bom?
Meus olhos se arregalaram.
– O que?
Becky, que ouviu as palavras em Tailandês, juntou dois mais dois com uma facilidade que não deveria ter me surpreendido.
– Assuntos pessoais em horário de trabalho? – perguntou ela, balançando a cabeça.
Minha mãe, que ainda estava na linha, perguntou em tailandês:
– É ela? Essa voz que estou ouvindo? É a tal Becky com quem você está saindo?
Meu corpo inteiro travou. Boquiaberta, fiquei olhando para ela de olhos arregalados. As palavras de Mæ̀ ressoavam na minha cabeça claramente oca.
O que diabos eu tinha acabado de dizer?
– Freen? – insistiu ela.
Becky fechou ainda mais a cara, soltou um suspiro resignado e continuou parada ali.
Sem ir embora.Por que ela não estava indo embora?
– Sim. - Respondi, sem perceber que ela veria isso como uma confirmação.
Mas é claro que ela veria. Eu sabia que ela faria exatamente isso, não sabia?
– Não – acrescentei, tentando recuar.
Mas então Becky soltou um “tsc” e balançou a cabeça mais uma vez, desistindo de dizer fosse lá o que tinha em mente.
– Eu… – Meu Deus, por que está fazendo tanto calor aqui dentro? – Não sei, mamãe.
Becky perguntou baixinho:
– Sua mãe?
– Como que não sabe? – perguntou ela, ao mesmo tempo.
– Eu… Eu…
Parei, sem saber exatamente com quem estava falando. Becky carrancuda ou minha mãe.
A sensação era a de estar em piloto automático. O avião se aproximava do chão a toda a velocidade e eu não podia fazer nada para impedir o impacto. Nenhum dos meus comandos respondia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Farsa de Amor na Tailândia
RomanceUma viagem à Tailândia, a Mulher mais irritante do mundo e três dias para convencer todo mundo de que vocês estão realmente apaixonadas. Em outras palavras, um plano que nunca vai dar certo... ⚠Essa História não me pertence. Apenas uma Adaptação⚠ To...