Enxerguei as costas da Becky em algum lugar atrás da Rosé, e uma decisão que não estava ali no instante anterior se solidificou em minha mente.
Mamãe havia me ensinado a nunca deixar questões pendentes. Ignorar e querer que as coisas desaparecessem sozinhas não era uma atitude inteligente.
Porque elas não desaparecem. Mais cedo ou mais tarde – e quando a gente menos espera – elas caem na nossa cabeça e podem nos levar junto se a gente deixar.
Com determinação renovada, acenei para Rosé e deixei que minhas pernas me levassem para fora da sala de reunião.
Em menos de um minuto, o que não era muito, mas o suficiente para meu coração acelerar com uma ansiedade esquisita, ela chegou à sala dela, e entrei apenas alguns passos atrás.
Vi Becky andar até a cadeira e jogar o corpo pesadamente sobre ela, as pálpebras se fechando e a mão direita indo em direção ao rosto. Ela esfregou os olhos.
Ela deve ter achado que estava sozinha, porque desconfio que Becky jamais se permitiria ser vista por alguém daquele jeito. Tão cansada. Tão real, sem a armadura de aço que sempre vestia.
Exatamente como tinha acontecido sábado, o desejo de consolá-la surgiu em mim. E, embora soubesse que não deveria, quase fui até ela e perguntei se estava tudo bem. Por sorte, o pouco de bom senso que me restava no que dizia respeito àquela mulher impediu esse constrangimento.
Becky não queria ser consolada por mim. Ela nem sequer queria ser minha amiga.
Em pé do outro lado da mesa, apenas aquele móvel funcional nos separando, finalmente fiz minha presença ser notada.
– Parabéns! – falei, com uma dose de entusiasmo da qual me arrependi imediatamente.
Becky se ajeitou na cadeira, a mão no descanso de braço.
– Sarocha… Obrigada.
Eu não conseguia mais ouvir a voz dela sem me lembrar de sábado. O olhar de Becky se concentrou em mim, e sua expressão começou a se recompor.
– Uma promoção merecida. – acrescentei.
Merecida mesmo. Por trás de tudo o que eu estava sentindo naquele momento, eu estava feliz por ela. De verdade.
Becky assentiu, em silêncio.
Segurando meu planner com força, sabendo que era o único jeito de mantê-las quietas, vasculhei a bagunça dentro da minha cabeça, procurando como dizer o que eu tinha ido dizer enquanto olhávamos uma para a outra em silêncio.
– Acho que devemos… Acho que é melhor a gente… - Balancei a cabeça. – Sei que você não deve estar com tempo para conversar. Mas acho que precisamos.
Vi Becky franzir muito a testa.
– Em particular. Se você puder, é claro.
Eu não queria fechar a porta da sala dela, porque a ideia de estar sozinha ali dentro com Becky provocava reações idiotas e bobas no meu coração, coisas que eu estava tentando a todo custo ignorar. Infelizmente, era o único jeito de garantir que ninguém entrasse ou passasse por ali e nos ouvisse.
– É claro. – respondeu ela, com as sobrancelhas ainda franzidas. – Sempre tenho tempo para você.
O solavanco idiota no meu peito voltou.
Rapidamente, Becky levantou da cadeira, deu a volta na mesa e depois em mim enquanto eu mantinha o olhar no lugar que ela ocupara segundos antes. Parada ali como um manequim, ouvi Becky fechar a porta, o barulho ecoando na sala silenciosa.
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Uma Farsa de Amor na Tailândia
RomanceUma viagem à Tailândia, a Mulher mais irritante do mundo e três dias para convencer todo mundo de que vocês estão realmente apaixonadas. Em outras palavras, um plano que nunca vai dar certo... ⚠Essa História não me pertence. Apenas uma Adaptação⚠ To...