Trinta e cinco ✈︎

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A mulher cujo cabelo ruivo eu tinha quase certeza de que surgiria na minha frente em dois segundos perguntou se tinha alguém em casa. Como se ela já não soubesse.

Charo. Minha prima Charo estava ali e, a julgar pela passada rápida, estaria no quarto em…

Ah, mas olha . Vejo que alguém está estreando a cama! – disse ela, com uma risada nem um pouco fofa e totalmente maligna.

A expressão da minha namorada de mentirinha mostrou que ela sabia de quem se tratava.

Sem esperar resposta, minha prima continuou tagarelando.

– Gente, olha só essa bagunça. Mas depois de tanto tempo solteira é mesmo de se imaginar que você estaria sem prática, Freenzinha.

Fala mais alto, prima. Acho que não te ouviram lá na China!

Fechei os olhos por instinto e senti o rubor subir pelo pescoço.

– Porque, sério, quantos anos desde que rolou aquela merda toda com Billy? Três? Quatro? Talvez mais…

Ah, meu Deus do céu. Eu queria desaparecer. Era inacreditável que Charo tivesse ido do “oi” direto para aquilo. Na frente de Becky. Eu não queria olhar para ela. Não queria olhar nem na direção dela. Será que aquela cama destroçada não podia me engolir também?

E, do nada, meu desejo foi atendido.

Becky pegou meu braço e me puxou direto para o caos que antes era uma cama de solteiro. Gritei e fiquei estatelada em cima dela, mas não por muito tempo porque, antes que eu me desse conta, seus braços me colocaram em seu colo. Becky me virou de frente para Charo, e meu corpo ficou rígido como um cabo de vassoura com a troca de posições.

Puta merda, eu estou no colo dela. De costas para ela. Minha bunda na… é. No colo dela.

– A culpa é toda minha. – disse Becky, com a voz muito grave, bem pertinho de mim…

Lentamente, fui conferindo todas as partes do corpo dela que eu sentia contra o meu. Coxas, tórax, braços, tudo muito firme e colado em minhas costas. Na minha bunda. Nas coxas e… Precisei parar.

– É difícil resistir.

As palavras da minha namorada de mentirinha entraram em meus ouvidos.

– Não é, amorzinho?

Ah, meu Deus. Eu estava… Ela estava… Eu só…

– É. – resmunguei – Minha ursinha.

Charo sorriu para nós, completamente satisfeita com o show.

Ela havia acabado de chegar e já presenciara uma história que eu ouviria pelos próximos dez anos.

A vez em que a Freen e a namorada quebraram a cama de solteiro. Aposto que ela acrescentaria coisas que jamais aconteceram, talvez ter visto Becky pelada ou algo do tipo.

Uma imagem mental invadiu minha mente. Becky. Sem roupa. Com todos aqueles músculos que eu estava sentindo… Não. Não. Não.

– Olha só vocês duas. – disse minha prima, colocando as mãos sob o queixo. – Tão fofas. E, Freen! Nunca imaginei que você fosse louca assim.

Charo ergueu as sobrancelhas. A mão de Becky repousava em meu joelho, o contato queimando minha pele mesmo por cima do jeans. Meu Deus, eu sentia o corpo dela inteirinho no meu. Se eu relaxasse as costas, encaixaria totalmente nela.

A mão quente apertou minha coxa.
Era impossível manter o foco, mas Charo parecia estar esperando que eu dissesse alguma coisa.

Recapitulei o mais rápido possível.

Uma Farsa de Amor na TailândiaOnde histórias criam vida. Descubra agora