Uma Farsa de Amor na Tailândia

Trinta e dois ✈︎

– E você dizendo que as sobremesas não eram nada de mais, hein? Porque esse bolo de chocolate aqui está dizendo bem o contrário, minha amiga. – falei,  comentando sobre a sobremesa maravilhosa do voo. – Será que eu posso pedir mais um? – murmurei de deleite.

Estava tão bom que eu nem fiquei com vergonha. Nem com Becky ocupando o exuberante assento de primeira classe ao meu lado.

Ah, sim! Aparentemente, agora eu voava de primeira classe.

Eu ainda não tinha entendido muito bem como é que deixei que ela pedisse – ou melhor, exigisse – um upgrade do meu assento na econômica sem discutir.

Mas eu sabia que a cena tinha incluído Becky colocando o braço sobre meus ombros e pronunciando a palavra namorada. O que, pensando bem, percebi que tinha me pegado de surpresa a ponto de simplesmente assentir feito uma idiota e colocar meu passaporte em cima do balcão.

Ela abaixou o jornal atrás do qual estava escondida, revelando a sobrancelha erguida.

– Minha amiga?

– Shhhh. Estou curtindo meu bolo.

Ela suspirou e voltou a ler.
Com a colher no ar, hesitei antes de levá-la à boca.

– Você não precisava ter feito aquilo, pagar meu upgrade foi um pouco demais.

Ouvi um grunhido evasivo vindo dela.

– Estou falando sério, Becky.

– Achei que você quisesse comer em silêncio.

– Vou devolver o dinheiro quando voltarmos. Você já está fazendo o suficiente.

Ela suspirou quase no mesmo instante.

– Não precisa, Sarocha. Sou membro do Sky Club da companhia aérea, tenho muitas milhas. – explicou Becky enquanto eu finalmente comia o último pedaço daquele pedaço de céu em forma de bolo. – E, como eu disse, podemos usar o tempo de voo para nos prepararmos.

Quando finalmente terminei de comer aquele que tinha se tornado o ponto alto do meu dia, limpei a boca com o guardanapo, coloquei-o de volta na bandeja à minha frente e virei para Becky.

– O que acaba de me lembrar que terminou o intervalo.

Ela me ignorou, então cutuquei o jornal.

– Temos que voltar ao trabalho. Anda. – falei, dando mais uma cutucada. – Hora da preparação.

– Você precisa mesmo fazer isso? – perguntou Becky de trás de jornal.

– Aham.

Cutuquei o jornal algumas vezes, impossibilitando a leitura.

– Preciso da sua atenção total. Só falamos de algumas das pessoas da minha família, e nosso tempo está acabando.

Puxei um dos cantos do jornal.

– E então, tenho sua atenção total?

– Você não precisa fazer nada disso.

Becky baixou o jornal com um movimento repentino.

– Você sempre tem a minha atenção total, Sarocha.

Isso fez meu dedo pairar no ar.

– Rá! Muito engraçadinha você tentando me comprar com esses truques baratos. – respondi, e sustentei o que esperava ser um olhar sério. – Não pense que essa conversinha mole vai livrar você dessa. As relações internacionais dos Estados Unidos da América não são importantes agora.