Quando chegamos à parada seguinte, a boate - e dar esse nome ao bar modesto e mequetrefe que abria uma pista de dança à meia-noite era generoso -, eu tinha noventa e nove por cento de certeza de que talvez tivesse cruzado a fronteira entre estar alegrinha e estar bêbada.
O um por cento restante estava dividido.
Com toda aquela sidra correndo nas veias, era difícil discernir se o que eu estava sentindo era culpa só do álcool ou se tinha alguma coisa a ver com a mulher que me observava como um falcão.
Becky tinha parado de beber em algum momento entre a choradeira de Nam e a chegada do restante do grupo de convidados.
O que eu ainda não tinha certeza se era uma coisa boa.
Ela estava completamente sóbria, e isso queria dizer que no dia seguinte se lembraria de cada detalhe da noite. E isso não era bom. Porque que toda vez que ela me tocava, meu corpo claramente reagia.
E porque toda vez que ela perguntava se eu estava bem ou se eu estava me divertindo, meu coração despencava para a boca do estômago.
No mais? Bom, eu estava preocupada com a música alta que enchia meus ouvidos e se espalhava até meus quadris e meus pés enquanto andávamos pelo lugar lotado e escuro.Entrando no mar de corpos com o restante do grupo a reboque - ou não, porque provavelmente tínhamos nos perdido deles -, de repente dei alguns passos para trás, cambaleando.
Becky, que estava bem atrás, me segurou. Ela envolveu minha cintura e pousou a mão no meu quadril. Em um movimento rápido, eu estava apoiada nela.
Pelo que devia ser a centésima vez naquela noite, todas as minhas terminações nervosas ficaram eletrificadas no exato instante em que minhas costas entraram em contato com o corpo dela. Cada centímetro de pele encostada na dela ficou quente.
Ela apertou meu quadril com dedos. Virando para olhar para seu rosto, não me importei que meus lábios estivessem abertos e que meus olhos provavelmente estivessem um pouco turvos e anuviados. Exatamente como eu mesma me sentia e sabia que seria incapaz de disfarçar, fosse pelo álcool ou pela proximidade com Becky.
Então, em vez disso, pela primeira vez, me permiti aproveitar.
Foquei toda a minha atenção nela. Em todos os pontos em que nossos corpos se tocavam e no modo como ela olhava para mim.
Me concentrei em Becky e em como ela me abraçava enquanto avançávamos para dentro do bar. Olhando para trás, notei que alguma coisa dançou no castanho de seus olhos.
Pensei que ela fosse sorrir, mas a boca formou aquela linha séria.
- Você me segurou... Minha salvadora. Sempre vindo ao meu resgate. - falei, em meio à música estrondosa, parte de mim ciente de que era o álcool falando.
Becky não respondeu. Alguém atrás dela nos chamou. Ou talvez tenha vindo do outro lado do bar lotado. Eu não sabia, e não me importava. Eu ia dizer a Becky que ignorasse, mas então ela me deu a mão e me puxou para o lado.
Coisa de que gostei muito. Demais. Então não reclamei.
Ela foi me conduzindo como se ela é que tivesse passado inúmeras noites ali quando era mais jovem.
O bar era tão escuro e estava tão cheio de gente quanto eu lembrava. A música ainda alta demais, o chão grudento por causa das bebidas derramadas.
Eu amava aquela atmosfera.
E amei o fato de Becky estar lá comigo naquela noite. Amei o fato de ela me proteger dos empurrões acidentais - ou ébrios. Amei muitas, muitas coisas naquele momento. E senti que precisava falar isso para ela.
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Uma Farsa de Amor na Tailândia
RomanceUma viagem à Tailândia, a Mulher mais irritante do mundo e três dias para convencer todo mundo de que vocês estão realmente apaixonadas. Em outras palavras, um plano que nunca vai dar certo... ⚠Essa História não me pertence. Apenas uma Adaptação⚠ To...