Você sabe que o universo não gosta tanto assim de você quando, depois de uma semana exaustiva, coroada com uma sexta-feira catastrófica, começa a chover no segundo em que você sai do escritório.
– Mais que merda. – xinguei baixinho.
Pelo vidro da enorme porta de entrada da InTech, observei as nuvens escuras cobrindo o céu, a chuva caindo quase com violência.
Peguei o celular e, pelo aplicativo do tempo, descobri que a tempestade de verão provavelmente pairaria sobre Manhattan durante mais algumas horas.
Perfeito, simplesmente perfeito.
Já passava das oito da noite, então ficar no escritório para esperar a chuva passar não era uma opção. Eu precisava da minha cama. Não, eu precisava mesmo era de uma lata de Pringles e um pote de meio litro de sorvete Ben & Jerry’s.
Mas aquele não seria o encontro que eu teria naquela noite. Provavelmente eu enganaria o estômago com alguma sobra de legume ou verdura que estivesse na geladeira.
Um trovão ressoou no céu em algum lugar por perto, me devolvendo ao presente terrível. A chuva começou a cair com mais força, rajadas de vento levando a água de um lado para o outro.
Ainda na segurança do hall de entrada da InTech, tirei da bolsa o casaco leve que usava no prédio gelado e cobri a cabeça na esperança de que me protegesse um pouco. Por sorte, a bolsa que eu tinha escolhido naquela manhã, ainda que não fosse a mais bonita, era à prova d’água.
Olhando para meus sapatos de camurça lindos e novinhos que ao contrário da bolsa, eram maravilhosos e infelizmente não resistentes à água, guardei sua imagem em perfeitas condições pela última vez.
– Adeus, sapatos de trezentos dólares – disse a eles com um suspiro.
E com isso, empurrei a porta de vidro e saí para a noite escura e úmida segurando o casaco em cima da cabeça.
Depois de cinco segundos debaixo de chuva notei que chegaria completamente encharcada na estação do metrô.Fantástico, pensei andando rápido sob o aguaceiro implacável. São só quarenta e cinco minutos de metrô até o Brooklyn mesmo.
Quarenta e cinco minutos que eu passaria ensopada.
Quando virei a esquina do prédio, mais um trovão rugiu, o temporal me obrigando a caminhar desajeitada e lentamente, a água caindo pesada sobre meu inútil guarda-chuva de casaco.
Levei um tapa de uma rajada de vento que fez metade do meu cabelo grudar no rosto.
Tentando me livrar das mechas com o antebraço, continuei desviando das poças, pensando em como sair andando tinha sido uma péssima ideia.
De repente, pisei em uma poça com o pé direito. Como o esquerdo permaneceu no lugar, deslizei para a frente e, ainda segurando o casaco, balancei os braços, lutando para manter o equilíbrio.
Por favor, por favor, por favor, por favor, universo.
Fechei os olhos, sem querer testemunhar meu próprio destino.
Por favor,universo, não deixe esta semana terrível acabar assim.
Meu pé deslizou mais um centímetro, prendi a respiração e por milagre consegui parar. Ao abrir os olhos, me dei conta de que estava quase fazendo um espacate, mas ainda de pé.
Antes de conseguir me endireitar e retomar o passo sob o temporal, percebi um carro parando um pouco à frente.
Eu conhecia alguém que tinha um carro naquele tom de azul.Continue andando, Chankimha. Eu disse a mim mesma ao retomar meus pulinhos desajeitados.
Com o canto do olho, vi a janela do passageiro abrir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Farsa de Amor na Tailândia
RomanceUma viagem à Tailândia, a Mulher mais irritante do mundo e três dias para convencer todo mundo de que vocês estão realmente apaixonadas. Em outras palavras, um plano que nunca vai dar certo... ⚠Essa História não me pertence. Apenas uma Adaptação⚠ To...