Trinta e oito ✈︎

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Fazia muito tempo que eu não ouvia meu nome saindo daquela boca e imediatamente voltaram à tona os momentos bons que tivemos - e houve momentos incríveis mesmo.

Toda aquela alegria que vem com um primeiro amor, a inocência de achar que ele vai durar para sempre. Mas também restava toda a dor de ver aquele sentimento se transformar em um oceano de mágoa.

Porque, claro, quem partiu meu coração tinha sido Billy, mas o estrago de verdade fora causado pelas outras pessoas. Por todos que ficaram sabendo de nós e mancharam nossa história com boatos idiotas e venenosos que...

Não. Não era hora de pensar nisso.

Billy colocou a mão em meu braço e me deu um beijo no rosto.

Se não fosse pela mão quente de Becky, que sabe-se lá como estava pousada na base das minhas costas, eu teria caído para trás. Foi nesse nível de guarda baixa que aquele beijo amigável me pegou.

Olhei na direção do grupo, confirmando que cada pessoa presente estava de olho em nós dois.

Billy parecia alheio a todos os olhares boquiabertos e sorria para mim como se fôssemos velhos amigos que se reencontravam após anos. Exatamente o oposto de como eu estava me sentindo.

Ele me olhou de cima a baixo.

- Deus, Freen, quanto tempo. Olha só você. Está...

- Billy. - interrompi - Essa aqui é a Becky.

Nesse momento, me afastei do ex e me aninhei na atual de mentirinha, que também era meu escudo humano pessoal.

As sobrancelhas franzidas de Billy demonstraram confusão, provavelmente mais por eu estar falando em inglês do que por estar apresentando a ele alguém que supostamente era minha namorada.

- Oi. Eu sou a namorada. - disse Becky educadamente, estendendo a mão. - A Faen.

Falar em tailandês, embora totalmente desnecessário e um pouco arrogante, em alguma realidade paralela teria arrancado uma risadinha de mim. Mas meus lábios continuavam tensos em uma linha reta.

- É um prazer conhecer você, Billy. - completou Becky.

Billy encarou Becky por um breve instante e então abriu um sorriso cauteloso, mas amigável, finalmente aceitando a mão estendida.

- Sim, claro. O prazer é todo meu, Becky. Sou um velho amigo da Freen.

Alguma coisa se revirou em meu estômago ao ouvi-lo definir o que um dia fomos.

Assim que soltaram as mãos, Billy voltou a atenção para mim e a mão de Becky voltou para minhas costas.

- Como tem passado, Freen? Você parece tão... diferente - disse Billy, sorrindo mais ainda. - Diferente, mas bem. Na verdade você está incrível.

Seus olhos continuaram a me avaliar, como se ele não conseguisse acreditar que aquela era eu. Como não sabia ao certo o que achava daquilo, fui obrigada a retribuir o sorriso.

- Obrigada, Billy. Eu estou bem, ocupada com o trabalho e... a vida.

- Isso é verdade. - disse ele, assentindo. - Está ganhando o mundo em Nova York. Eu sempre soube que você tinha potencial para fazer coisas incríveis, para ir muito longe na carreira.

Billy tinha sido meu professor durante um ano antes de começarmos a namorar de verdade, e durante aquele tempo fui uma aluna muito motivada. Eu me destacava. Mas as coisas mudaram depois daquilo.

- E foi exatamente o que você fez.

- Obrigada. - murmurei, minha mente arquivando todo tipo de reclamação. - Não é nada de mais.

Uma Farsa de Amor na TailândiaOnde histórias criam vida. Descubra agora