Pegando fogo. Era assim que eu me sentia.
Foi isso o que Becky fez comigo: ela me incendiou. Ela havia desvendado algo que, agora eu percebia, estava latente em mim havia muito tempo.
Todo aquele turbilhão não tinha se formado em questão de minutos ou por conta de uma química absurda. A motivação sempre havia estado ali, soterrada sob o peso dos mas, dos medos e das dúvidas. E da minha teimosia também.
Mas agora que tinha irrompido, que havia jorrado e fluía misturada com um desejo empolgante, mas completamente assustador, eu sabia que não tinha mais volta. Eu não seria capaz de enterrar tudo aquilo de novo, deixar de lado ou ignorar.
E eu nem queria fazer isso.
Não depois de ter um gostinho de tudo o que podia ser meu. E não estou falando só dos lábios de Becky. Pela primeira vez desde que chegamos à Tailândia, cada toque, olhar sorriso ou palavra era real. Depois daquele beijo, sempre que acariciava meu braço com o dorso da mão eu sabia que era porque ela queria fazer isso.
Sempre que ela dava um beijo no meu ombro, era porque não conseguia se conter. E sempre que me puxava para perto e sussurrava alguma coisa em meu ouvido, não era porque minha família estava olhando e tínhamos um papel a desempenhar, mas porque ela queria me dizer o quanto me achava bonita e o quanto era sortuda por me ter em seus braços.
Passamos horas dançando, dessa vez sem nada para nos assombrar, e beijei aquele sorriso que era só meu. Mais de uma vez. Impossível parar.
Naquela noite, decidi ficar na nossa bolha e lidar com o que quer que nos esperasse em Nova York quando chegássemos lá.
Aquela noite era nossa.
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Becky fechou a porta do quarto, e eu, aos pés da cama, não conseguia parar de olhar para ela.
Tínhamos acabado de chegar ao apartamento, e eu estava descansando um pouco as pernas bambas e os pés doloridos enquanto ela pegava água na cozinha.
Becky, com um dos braços atrás das costas, me obrigou a inclinar a cabeça, curiosa. Ela sorriu, e quando mostrou o que estava na sua mão, quase gritei pedindo que parasse de provocar meu pobre e fraco coração. Porque eu não sobreviveria.
O donut recheado de chocolate com glacê que haviam servido como lanche da madrugada na festa. E que provavelmente eu havia comido mais do que deveria.
- Rebecca Armstrong. - falei, sentindo alguma coisa ser esmagada em meu coração. - Você escondeu um donut no bolso?
Ela abriu um sorriso. Um sorriso lindo, tímido e despretensioso. E meu pobre coração se apertou ainda mais.
- Eu sabia que você ia ter fome.
- Acertou. - admiti, minha voz saiu toda errada. - Obrigada.
Becky colocou o doce envolto em um guardanapo em cima da cômoda. Aproveitei para mandar meu coração se acalmar antes que fosse tarde demais e eu desmaiasse.
Becky deu as costas, como se soubesse que eu precisava de mais um tempinho para me recompor. Mas, em vez disso, fiquei admirando ela.
Pensamentos perigosos começavam a se acumular em minha cabeça, viajando até a boca do estômago.
Quando Becky finalmente virou para mim, a coisa toda provavelmente estava estampada na minha cara. Nossos olhares se encontraram, e um rubor incontrolável subiu pelo meu pescoço, chegando até o rosto. Horas antes eu estava devorando seus lábios, e agora um simples olhar me virava do avesso.
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Uma Farsa de Amor na Tailândia
RomanceUma viagem à Tailândia, a Mulher mais irritante do mundo e três dias para convencer todo mundo de que vocês estão realmente apaixonadas. Em outras palavras, um plano que nunca vai dar certo... ⚠Essa História não me pertence. Apenas uma Adaptação⚠ To...