Trinta e sete ✈︎

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Olhei para Becky. Não que eu quisesse que ela imitasse Heng, mas porque talvez todos estivessem esperando por isso.

Não a encontrei em lugar nenhum no círculo quase perfeito de pessoas ao redor de Kade – que continuava gritando ordens – e fiquei um pouco preocupada enquanto ela berrava instruções para o grupo. A cabeça dela ia rolar se não aparecesse imediatamente.

Um leve toque em meu braço chamou minha atenção. Virando a cabeça, fui recebida por um par de olhos castanhos me encarando com uma expressão estranha.

– Aí está você. – sussurrei alto enquanto Kade continuava falando ao fundo. – Estava temendo pelo seu bem-estar. Aonde você foi?

– Eu estava bem aqui.

A expressão estranha continuava ali, mas deixei aquilo de lado porque não tinha tempo para avaliar o que quer que eu achava ter visto. Em vez disso, me concentrei no quanto ela estava bonita de short curto e uma blusa azul de manga curta.

– Está se divertindo?

Ela me ofereceu uma garrafa de água, empurrando-a com gentileza na minha direção.

– Ah, obrigada.

Peguei a garrafa, tocando em seus dedos sem querer. Faíscas percorreram todo o meu braço, me fazendo recolher as mãos rapidamente e levar a garrafa ao peito.

– Isso foi… fofo. Muito namorada.

Becky fechou a cara, mas não dei oportunidade para que ela reclamasse.

– E não estou me divertindo muito, não, para ser sincera.

Fiz beicinho. Eu tinha falado sério quando disse à minha irmã que por mim podíamos encerrar.

– Graças a Deus está quase acabando. Daqui a pouco eu teria que fingir uma perna ou um pulso quebrado. – falei, e, em tom mais baixo, acrescentei. – Ou teria que bater na Kade com alguma coisa.

– Espero que não cheguemos a esse ponto. – disse ela, com um sorrisinho de canto de boca. – O que está faltando?

Suspirei.

– Bem, parece que ela guardou o melhor para o final. Agora vai começar a competição de verdade.

Fiz um gesto com as mãos, como se estivesse revelando uma grande surpresa.

– A estrela da Copa do Casamento: a partida de futebol.

Becky soltou um “humm”, perdida nos próprios pensamentos por um instante.

– Acho que nunca joguei futebol.

– Nunquinha?

Vi Becky balançar a cabeça. Uma chance de vitória.

– Tipo, nem uma vez?

– Nem uma vez. – respondeu ela.

Ela chegou a abrir a boca, mas fechou quando Kade nos mandou ficar quietas.

Meu Deus, essa mulher precisa relaxar.

Endireitamos a coluna e voltamos a olhar para a frente.

Becky baixou o tom de voz, falando com o canto da boca.

– Você acha que isso vai ser um problema?

Ela parece um pouco… rígida.

– Ah, não se preocupe com ela. – respondi, com um gesto descontraído, mas olhando para a frente. – Mas no seu caso? Eu tentaria pegar o jeito logo.

De esguelha, percebi que ela me lançou um olhar rápido.

– E o que acontece se eu não conseguir?

Dei um sorrisinho torto.

Uma Farsa de Amor na TailândiaOnde histórias criam vida. Descubra agora