Cinquenta e seis ✈︎

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Meus pés deslizaram no cascalho, me dizendo que aquele não era um caminho muito usado, já que meus sapatos não conseguiam ficar firmes por mais que alguns segundos.

Ou talvez eu estivesse tremendo, o que dificultava manter o equilíbrio.

Becky deu um passo à frente, inclinando o corpo em direção ao meu. Me empurrando deliciosamente e obrigando minhas costas a se apoiarem na superfície áspera da parede.

- Oi. - resmunguei, como se estivéssemos procurando uma a outra há muito tempo.

E, meu Deus, por que parecia tanto que estávamos? Eu finalmente estava ali. Finalmente voltando para o meu lar.

Ela engoliu em seco e respirou fundo antes de falar.

- Oi. - Sua mão descansou em meu queixo, segurando meu rosto. - Pergunta o que eu estou pensando.

Meu coração acelerou ao pensar em fazer isso, pois antecipei a resposta com uma apreensão que jamais senti. Mas era melhor do que ela me fazer a mesma pergunta.

- No que você está pensando, Becky?

Ela soltou um "humm", e o som saiu grave e rouco. Atingindo meu peito em cheio.

- Estou pensando que você quer que eu te beije.

Meu sangue ferveu ao ouvir aquelas palavras. Eu quero. Eu quero.

- E também estou pensando que se eu não fizer isso logo vou acabar enlouquecendo.

A mão que segurava meu rosto desceu e um dedo traçou a pele do meu braço.
Eu não falei. Não achei que seria capaz.
Seu olhar desceu pelo meu pescoço, deixando um rastro de arrepios em minha pele.

- Mas eu estava falando sério quando disse que, quando eu finalmente te beijasse, você saberia o significado.

Ela se aproximou ainda mais, a ponta dos saltos encostando nos meus, nossos corpos quase se tocando. Coloquei as mãos em seus braços, tremendo tanto que não confiava mais em mim mesma.

- Agora você sabe, Sarocha? - perguntou ela, e seu nariz roçou minha têmpora, me deixando sem ar. - Você sabe o que isso significa?

A boca de Becky roçou minha mandíbula, fazendo minhas costas se arquearem, meus ombros ainda apoiados na parede atrás de mim. Meus lábios se abriram, a resposta estava presa na minha garganta.

Ela soltou um suspiro trêmulo, seu corpo tenso com o autocontrole.

- Responde, por favor.

Sua testa descansou na minha e os cílios esconderam aquela cor na qual eu alegremente me afogaria se ela deixasse. De olhos fechados, ela se aproximou ainda mais, seus lábios quase tocando os meus.

- Acaba com o meu sofrimento, Sarocha. - disse ela, os dentes cerrados, segurando minha nuca com dedos trêmulos.

Meu coração - meu pobre coração - perdeu o compasso ao ouvir o desespero em sua voz. O desejo.

- É real. - finalmente respondi baixinho. - Isso é real. - repeti, porque precisava ouvir as palavras, sentir a verdade em minha pele. - Me beija, Becky. - pedi, sem fôlego. - Me prova que é de verdade.

Um rosnado - um rosnado baixo e desvairado - saiu da garganta dela. E antes mesmo que eu pudesse assimilar o quão fundo aquele som tinha penetrado em mim, até os ossos, seus lábios tocaram os meus.

Becky me beijava como quem passou uma eternidade morrendo de fome, como uma fera que queria me devorar. Seu corpo contra o meu buscava desesperadamente tudo o que eu estava disposta a dar.

Uma Farsa de Amor na TailândiaOnde histórias criam vida. Descubra agora