Dois ✈︎

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Minha resposta? O que é que ela estava tentando conseguir com isso? Era um jeito novo e criativo de azucrinar o meu juízo?
Acabar com a minha sanidade?

- Não faço a menor ideia do que ela está falando. Não ouvi nada - menti. - Pode dizer isso a ela também.

Rosé colocou um cacho atrás da orelha, e seus olhos saltaram brevemente para Becky e voltaram para mim.

- Acho que ela está se referindo à oferta de ser sua acompanhante no casamento da sua irmã - explicou ela, com delicadeza. - Sabe, logo depois que você me disse que as coisas mudaram e que você agora precisa encontrar outra pessoa... qualquer pessoa, você disse, eu acho... que possa ir à Tailândia com você para o casamento porque, caso contrário, você vai sofrer uma morte lenta e dolorosa e...

- Acho que entendi - interrompi, sentindo o rosto arder de novo ao pensar que Becky tinha escutado aquilo tudo. - Obrigada, Rosé. Já pode parar com a recapitulação.

Ou eu vou sofrer uma morte lenta e dolorosa aqui mesmo.

- Acho que você usou a palavra "desesperada" - comentou Becky.

Minhas orelhas arderam, provavelmente em uns cinco tons de vermelho radioativo.

- Não - respondi, bufando. - Eu não usei essa palavra.

- Você... meio que usou, sim, querida - confirmou minha melhor amiga, não!, ex-melhor amiga a partir daquele momento.

Com os olhos semicerrados, formei as seguintes palavras com os lábios:

- Que merda é essa, sua traidora?

Mas as duas tinham razão.

- Tá. Então eu disse. Mas não estou desesperada a esse ponto.

- É isso que pessoas realmente desesperadas diriam. Mas, se sua consciência está tranquila, vai nessa, Sarocha.

Xingando baixinho pela enésima vez naquela manhã, fechei os olhos por um instante.

- Não é da sua conta, Armstrong, mas não estou desesperada, tá? E a minha consciência está bem tranquila. Não, na verdade, está tranquilíssima.

Que diferença fazia uma mentira a mais, não é mesmo? Ao contrário do que eu tinha acabado de afirmar, eu estava mesmo desesperada para encontrar um acompanhante para o casamento. Mas isso não queria dizer que eu...

- Com certeza.

Ironicamente, de todas as porcarias de palavras que Becky Armstrong disse para minha nuca naquela manhã, essas foram as que romperam minha capacidade de fingir que não estava sendo atingida.

Aquele "com certeza" tão cheio de condescendência, tédio e desdém, tão Becky... Com certeza.

Meu sangue ferveu.

Foi tão impulsivo, um reflexo tão brusco àquelas duas palavrinhas - que, ditas por qualquer outra pessoa, não teriam significado nada -, que eu nem percebi que meu corpo estava virando e de repente era tarde demais.

Por causa de seu salto alto descomunal, dei de cara com seus seios coberto por uma camisa branca tão bem passada que me deu vontade de agarrar o tecido e amassá-lo, porque quem é que consegue andar tão elegante e imaculada o tempo todo?

Becky. Becky Armstrong conseguia.

Meu olhar percorreu os ombros poderosos e o pescoço forte, chegando às linhas retas da mandíbula. Seus lábios também formavam uma linha reta, como eu já imaginava. Meus olhos subiram mais, chegando aos olhos castanho fixados em mim.

Ela ergueu uma das sobrancelhas.

- Com certeza? - repeti, sibilando.

- Aham.

Uma Farsa de Amor na TailândiaOnde histórias criam vida. Descubra agora