Meus dedos congelaram no cinto. Virei a cabeça bem lentamente, até estar de frente para ela.
Pela primeira vez desde que eu tinha colocado minha bunda encharcada dentro daquele carro, me permiti olhar de verdade para Becky.
Vê-la por completo. Seu perfil estava iluminado pelo brilho suave dos poucos postes da rua. A tempestade tinha diminuído um pouco, mas o céu ainda estava escuro e ameaçador, como se fosse apenas uma pausa e o pior ainda estivesse por vir.
Estávamos praticamente no escuro. Os olhos poderiam ter assumido aquele tom escuro de marrom que dizia que ela estava falando sério - o que eu esperava não ser o caso - ou o tom mais claro que precedia uma batalha.
Mas notei que seus ombros pareciam tensos. Inferno. A distância entre o banco e o volante deixava um pouco mais de espaço para acomodar suas pernas. Eu poderia apostar que cabia uma pessoa sentada ali.
No instante em que me peguei me perguntando o que ela diria se eu pulasse em seu colo para testar a teoria, Becky pigarreou.
Provavelmente duas vezes.
- Sarocha.
Voltei a atenção para o rosto dela.
- Você...
Parei de falar, um pouco abalada por ter viajado a ponto de pensar em pular no colo dela para testar a hipótese. Como eu sou ridícula.
- Você quer fazer xixi ou algo do tipo?
Becky franziu a testa e se ajeitou no banco, virando-se um pouco para mim e me olhando de um jeito esquisito.
- Não. - respondeu ela. - Provavelmente vou me arrepender de perguntar, mas o que te faz achar que eu quero?
- Você estacionou na minha rua. Em frente ao meu prédio. Achei que talvez quisesse subir para ir ao banheiro. E fiquei torcendo para que não fosse o número dois, para ser sincera.
Vi seu peito inflar com uma respiração profunda e então soltar todo o ar.
- Não, não preciso usar o banheiro.
Becky me analisou como se não entendesse por que eu estava ali, dentro do seu carro. Fiquei me perguntando exatamente a mesma coisa.
Meus dedos finalmente conseguiram soltar o cinto. Becky me perfurava com o olhar.
- Então, qual é a sua resposta?
Congelei.
- Minha resposta?
- À minha oferta. Já pensou? E por favor...
Droga, outro por favor.
- Pare de fingir que não lembra porque eu sei que lembra.
Meu coração parou, afundando por um segundo de pânico.
- Não estou fingindo - murmurei, fazendo exatamente o que ela pediu que eu não fizesse.
Mas, em minha defesa, eu precisava ganhar um tempo para entender aquilo. Como... lidar com a situação. E, mais importante, entender por quê.
Por que ela tinha se oferecido? Por que estava insistindo? Por que estava se dando ao trabalho? Por que achava que poderia me ajudar com aquilo? Por que parecia estar sendo sincero? Por quê... Simplesmente por quê?
Esperando um comentário sarcástico, ou que ela revirasse os olhos por eu estar me fazendo de desentendida, ou até que retirasse o que tinha dito só porque eu estava dificultando as coisas e ela não tinha paciência para isso, me preparei.
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Uma Farsa de Amor na Tailândia
RomanceUma viagem à Tailândia, a Mulher mais irritante do mundo e três dias para convencer todo mundo de que vocês estão realmente apaixonadas. Em outras palavras, um plano que nunca vai dar certo... ⚠Essa História não me pertence. Apenas uma Adaptação⚠ To...