Sessenta e três ✈︎

562 76 20
                                    

Dessa vez, devoramos os tacos ali mesmo. A fome pós-sexo faz isso com as pessoas.

- Sério. - falei, colocando um dedo na boca e saboreando o molho que estava nele. - Só estou dizendo que, se os vampiros voltarem, o mínimo que eles podem fazer é brilhar.

Ao perceber o olhar de Becky em minha boca, deixei minha mão pairar no ar e senti o rubor se espalhar em meu rosto.

- Você está ouvindo, Armstrong?

Seu olhar subiu e voltou a descer.

- Sim, vampiros. Brilho.

Limpei o resto do molho das mãos com um guardanapo.

- Ainda não acredito que você escolheria ser uma vampiro e não uma lobisomem.

Outra coisa em que eu não acreditava? Becky teve essa conversa comigo sem hesitar. E não foi só isso, ela também pareceu entender bastante sobre criaturas paranormais. Eu tinha perguntas.

Becky tirou o papel da minha mão e jogou na lata de lixo que ficava ao lado do carrinho.

- Eles são imortais. - disse ela, como se nada mais importasse.

- Mas você é tão... lobisomem.

Correspondendo à minha acusação, aqueles olhos castanhos reluziram com um quê de avidez.

- Sou?

- É. Para começar, você é quente e...

- Hum, já estou adorando...

Um dos seus braços me envolveu, me puxando mais para perto.

- Por favor, continue.

- Pare de ser tão mente suja.

Peguei a mão dela, levantando-a no ar entre nós duas.

- Está vendo? Parece uma pata. E com quente quero dizer em termos de temperatura, como...

Fiz uma pausa. Só conseguia pensar em coisas quentes e impróprias. Deus, todo aquele sexo tinha matado tantos neurônios assim?

- Sua temperatura é sempre alta, é isso. Como um... um cobertor aquecido e pesado.

Becky franziu a testa.

- É um elogio. Quero dizer que eu adoraria entrar embaixo de você e me aconchegar agora mesmo.

A cara amarrada se desfez.

- Essa dá pra aceitar. - disse ela, beijando meu nariz. - O que mais?

- Você é leal.

Ela soltou um "humm", concordando.

- E reservada, guarda as coisas para si. E, embora as pessoas achem você fria e hostil, na verdade você só aborda as situações com certo distanciamento. Você presta atenção em tudo para poder antecipar o que vai acontecer, o que, para falar a verdade, é impressionante, ainda que bem irritante também.

Becky me olhou de um jeito estranho.

- O que foi?

- Nada.

Ela balançou a cabeça, se livrando do que quer que estivesse a deixando atordoada. Observei Becky se recompor.

- Você se esqueceu de uma coisa.

- É? Qual?

- Eu mordo. - disse Becky, antes de passar os dentes em meu ombro.

Então, ela mordiscou a pele sensível do ponto onde ombro e pescoço se encontravam. Rindo como uma louca, deixei meu corpo se aninhar em seu abraço, mas algo em minha visão periférica chamou minha atenção.

Uma Farsa de Amor na TailândiaOnde histórias criam vida. Descubra agora