Vinte e nove ✈︎

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– Antes disso, ela me perguntou se eu sou uma desses hipsters que não comem carne. Porque, nesse caso, ela teria que me desconvidar. Depois, disse que estava brincando e que, se eu tivesse algum juízo, era bom eu aparecer. Principalmente se eu amasse cordeiro assado. Eu disse claro. Eu amo mesmo cordeiro, para falar a verdade. Mas não como tanto quanto gostaria.

Um gemido alto, feio como o de um animal, saiu do meu corpo.

– Merda. Que desastre completo...

Coloquei as mãos no rosto, cobrindo-o na esperança de que fosse fácil assim me esconder daquela situação ridícula.

– Talvez ela tenha dito algo assim quando achou que era você no telefone. Combina com o tom do início da conversa.

– Becky. – falei, deixando as mãos caírem no colo – Por que você disse a ela que estaria lá? O casamento está chegando. Eu vou para a Tailândia daqui a três dias.

– A gente acabou de falar sobre isso. – respondeu ela, parecendo tão exausta quanto eu estava me sentindo. – Eu não disse a ela que estaria lá. Ela chegou a essa conclusão sozinha.

Olhei para ela, irritada.

– Depois do que aconteceu? – falei para ela, tentando uma nova abordagem. – Depois da nossa conversa e de termos concordado que o acordo estava encerrado? Você simplesmente deixou que ela continuasse acreditando nisso?

Será que ela tinha esquecido tudo? Porque eu não tinha.

– Eu disse que a gente ia conversar sobre isso.

Quando?, eu quis perguntar. Quando eu estivesse a caminho do aeroporto? Não tínhamos mais tempo de conversar sobre nada.

– Mas a gente não conversou, Becky.

Duas semanas. Ela teve duas semanas para falar comigo. E por mais que me causasse ódio, parte de mim sabia que ela faria isso. Eu tinha acabado de perceber.

Bom, pelo menos explicava por que eu ainda não tinha conseguido contar a Rosé. Ou à minha família. Balancei a cabeça. Eu era tão burra…

– Não precisamos fazer isso. Não temos nada para conversar.

Becky contraiu a mandíbula e não disse mais nada.

Meu celular apitou algumas vezes, mas ignorei. Estava ocupada lançando olhares penetrantes para Becky.

Exausta, desisti e descansei a cabeça no encosto exuberante do assento do carona. De olhos fechados, desejei ter o poder de fazer o mundo parar.

O celular apitou de novo com mais algumas mensagens.
Ignorei de novo.

– O que eu vou fazer? – perguntei, pensando em voz alta. – Em algumas horas, Nam vai ter telefonado para todo mundo para dizer que falou com a namorada da Freen.

Eu estava completamente ferrada.

– Acho que posso dizer que terminei com você.

Soltei um suspiro longo. Então, virei para olhar para ela.

– Não você, você. Mas… Ah, você entendeu.

Ao ouvir isso, Becky se endireitou no banco. Mas antes que qualquer um de nós pudesse dizer alguma coisa, o celular apitou. De novo. Ergui o aparelho do colo para silenciar as notificações.

– Pelo amor de Deus.

Uma quantidade preocupante de mensagens piscava na tela, confirmando minhas suspeitas.

Uma quantidade preocupante de mensagens piscava na tela, confirmando minhas suspeitas

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Uma Farsa de Amor na TailândiaOnde histórias criam vida. Descubra agora