Becky me ofereceu a mão, que ficou estendida no espaço entre nós.
Olhando para ela, hesitei, sem saber se eu tinha mesmo motivo para duvidar da oferta ou se essa era só a minha reação automática a ela.
- Isso faz parte do acordo? - perguntei.
Becky franziu a testa.
- A gente dançar, quero dizer. É só para fazer de conta, certo?- expliquei.
Eu não era cega - ou burra - e tinha quase certeza de que dançar não era algo que a gente precisasse fazer. A questão é que grande parte de mim estava realmente confusa e ficando cada vez mais. Então, ao dizer aquilo em voz alta, eu estava jogando para mim mesma uma boia na qual me agarrar até resolver toda aquela confusão mental.
- Isso. - respondeu Becky, dissipando a cara amarrada, mas com a mão ainda esperando pela minha decisão. - Só para fazer de conta.
Aceitei a oferta, deixando que aquela mão enorme envolvesse a minha, sem saber se era mesmo uma boa ideia.
Becky me puxou com delicadeza, e minhas pernas tremeram em uma mistura estranha de ansiedade e inquietação. O toque quente e firme causou uma sensação de bem-estar e formigamento, mas, ao mesmo tempo, afundou a boia à qual eu tentava me agarrar com unhas e dentes.
Eu ainda não tinha certeza se aquilo era uma boa ideia quando ela me arrastou delicadamente até um pequeno grupo de pessoas dançando.
Mas foi só quando ela parou de andar, virou e se aproximou - muito - que minha mente finalmente sinalizou que era uma má ideia. A ponto de parte de mim se perguntar se eu deveria correr ou fingir um desmaio bem ali para não ter que encarar o que estávamos prestes a fazer.
Dançar.
Juntas.
Rebecca Armstrong - a mulher que era minha inimiga havia tanto tempo - e eu.
Meu Jesus Cristinho.
Becky colocou os braços ao redor da minha cintura, e senti a eletricidade se espalhando pelo meu corpo no exato ponto em que suas mãos tocavam minhas costas. Parei de respirar por um instante e senti algo pesado e sólido assentar no fundo do estômago.
Engolindo em seco, inclinei a cabeça para trás e pensei ter visto ousadia e cautela em seu olhar. Ao mesmo tempo. Fui tomada por uma ansiedade súbita.
Coloquei as mãos nos ombros de Becky - mas, ao contrário de antes, quando havia encostado nela sem querer, dessa vez deixei que minhas mãos repousassem ali. E então ela me trouxe mais para perto, meu corpo se aninhando imediatamente no dela.
No instante seguinte, estávamos em movimento, quase todas as partes do nosso corpo se tocando do peito para baixo. Os passos de Becky eram seguros, diretos; os meus, rígidos e resistentes.
Soltando o ar pelo nariz, tentei relaxar.
Focar na mecânica da dança. Acalmar uma consciência que ardia feito brasa dentro de mim. Mas reconhecer a proximidade dos nossos corpos disparou alarmes dentro da minha cabeça que impossibilitavam pensar em outra coisa.
Dançando. Estávamos dançando. Corpos encaixados. E era algo que não deveríamos estar fazendo. Uma situação na qual Becky e Freen, que mal se suportavam, não deveriam estar, porque pessoas que não se suportam não dançam juntas.
Becky me girou em um movimento rápido e voltou a puxar meu corpo contra o seu, o que fez meu coração acelerar.
A música era lenta, perfeita para balançar distraidamente e esquecer tudo o que não fosse o ritmo. Ideal para se perder na paz de estar nos braços de outra pessoa. Mas, quanto mais balançávamos, mais longe eu ficava de qualquer coisa que lembrasse paz.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Uma Farsa de Amor na Tailândia
Storie d'amoreUma viagem à Tailândia, a Mulher mais irritante do mundo e três dias para convencer todo mundo de que vocês estão realmente apaixonadas. Em outras palavras, um plano que nunca vai dar certo... ⚠Essa História não me pertence. Apenas uma Adaptação⚠ To...