20. Direito da frigideira

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Tudo foi muito rápido, tive tempo apenas de gritar o nome do Otto assim que aqueles olhos cravaram em mim. A prioridade deles era o imobilizar, sendo que pelo olhar de desespero do Otto eu era a sua preocupação.

Não demorou muito para eles perceberem isso também, eles só não contavam que eu iria reagir, ver Otto ser jogado no chão fez o meu sangue ferver e não era somente o meu sangue.

Sem pensar, apenas deixando o meu corpo seguir a adrenalina e tudo que já vi em filme e seriado, peguei a frigideira que estava no fogo e comecei acertar a cabeça de todos que apareciam na minha frente.

Se a princesa do desenho consegue eu também consigo, no me caso ela estava fervendo pelo fogo então eles começaram a se afastar. De acordo que fui me aproximando do Otto, eles se afastavam perdendo o controle do corpo do Otto.

— No que está pensando? — Otto tira a frigideira da minha mão, mas antes que ele pense eu a puxo segurando a sua mão acertando a cabeça do outro que tentou se afastar — Ganhou o direito da frigideira.

— Acho bom mesmo, ou então eu vou acertar você com ela — não deixei de sorrir me virando para os homens que agora estavam com armas apontadas para nós — Agora ferrou.

Otto me puxa para ficar atrás do seu corpo e desta vez eu fiquei parada ali, foi quando percebi uma mão fazendo sinal para me afastar do Otto, mas eu apenas segurei firma a sua cintura em resposta.

Foi quando vi Uragiri sair das sombras atirando em alguns que foram caindo no chão, mortos com tiros certeiros em suas cabeças. Ele joga uma arma para Otto que assim que a pega começa a atirar nos outros.

— Por isso eu disse que vir comigo era mais seguro — Uragiri tentava me puxar, mas eu apenas segurava mais forte em Otto — Solta ele, tem mais subindo.

— Me solta você, eu não vou a lugar nenhum sem ele.

— O motivo da invasão é justamente vocês dois — Otto me puxa contra o seu corpo enquanto Uragiri apenas nega com a cabeça — Escuta se querem se matar, então façam isso uma outra hora, pois agora estou em serviço.

— Que serviço? — não era hora para ser curiosa, mas não me aguentei.

— Você, minha função é te proteger — ele aponta o dedo na minha direção, mas Otto dá um tapa, o fazendo abaixar a mão.

— Por aqui — Otto aperta alguma coisa e um buraco aparece na parede me fazendo dar um passo para trás.

— Não vou entrar aí, deve ter aranha — Uragiri não conseguiu segurar a risada, mas me pediu desculpa assim que olhei para ele.

— Para de chilique e vai logo — Otto me pega no colo me colocando a força naquele buraco enquanto eu conseguia apenas me espernear.

No fim das contas eu desci gritando e tinha aranha, ou pelo menos as teias e só parei de gritar quando ele tirou todas de mim, Uragiri não se aguentava e chegou a chorar de rir.

O fato é que este túnel nos levou direto ao carro, então enquanto todos estavam ainda lá em cima nos procurando nos adiantamos aqui em baixo. Otto abre a porta do passageiro e apenas com um olhar já sei o que devo fazer.

A troca de olhares dos dois era muita intensa e silenciosa me deixando mais curiosa ainda, no fim Uragiri ficou no banco de trás e Otto dirigindo. Otto apenas apertou forte o volante e respirando fundo, ele saiu da garagem cantando pneu.

Acabei soltando um grito pelo susto de encontrar uma aranha no meu cabelo, mas antes que o Otto se mexesse Uragiri já a pegou e jogou para fora o carro, vários tiros foram disparados na nossa direção, mas pelo jeito o carro é blindado já que não conseguiu nos parar.

Mas enquanto Uragiri jogava a aranha eu o vi, um daqueles homens que levaram o Otto para longe de mim naquele baile de noivado, acabei não tocando no assunto, afinal os dois estavam tensos o suficiente.

Não sei em que momento eu adormecei, mas acordei quando Otto pediu a manta para me cobrir, não me mexi e muito menos abri os meus olhos, mas estava bem desperta pronta para escutar o que os dois estavam conversando.

O problema foi que eles não estavam se falando, então quase adormeci novamente quando finalmente o Uragiri resolver abrir a boca, ele acusou Otto por me sequestrar.

De acordo com ele sou prometida a Shinigami, mas da forma como ele falou era o mais perigoso, mas pelo que eu saiba eu sou prometida ao herdeiro da família Hensei, o fato dele ser um assassino assim como Otto e o Uragiri já não seria uma surpresa para mim.

Afinal, a família Hensei sempre foi ligada a máfia Yakuza, mas, ao mesmo tempo, Otto me disse que aquela festa era do noivado dele. Me encolho no carro percebendo somente agora que não faço a menor ideia de quem seja o meu noivo, isso quer dizer que esses dois podem ser o meu noivo.

— Por favor, que seja o Otto — acabo resmungando e Otto repreende Uragiri para se calar e me deixar descansar.

Acabei adormecendo novamente e quando acordei estava em uma cama enorme e muito fofinha, com muita preguiça me sento na cama tentando organizar os meus pensamentos.

Foi quando olhei para fora e o vi parado na sacada, eu sentia o cheio de mar e isso explicava o fato dele estar sem camisa, além do fato da lua estar enorme no céu. Me levanto indo até e respirando fundo o abraço pelas costas.

— São apenas quatro da manhã, volte a dormir — nego com a cabeça, a minha mente ainda estava fervendo com tudo o que ouvi — O que foi?

— Nada.

— Roxinha — ele se vira me abraçando o meu corpo, mas como não o olho ele ergue o meu rosto — Está silenciosa, então tem algo aqui te perturbando — ele toca na minha testa.

— Quem é você Otto? Quem é o grande Shinigami e principalmente por que sou a prometida dele?

Fugindo DeleOnde histórias criam vida. Descubra agora