21. Completo e sem enrolar

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Tenho uma noção de quem está por trás deste ataque, mesmo não o vendo no dia. Ver a Iris partindo para cima sem medo e acertar eles foi a maior alegria e orgulho, não poderia esperar menos dela.

Ela acabou adormecendo e trazer Uragiri conosco realmente não estava nos meus planos, mas ele deixou bem claro que não vai se afastar da Iris, preciso descobrir quem foi que deu a ordem antes de tirar ele o meu caminho.

Roz acabou adormecendo pelo caminho, afinal estamos na estrada já tem algumas horas em completo silêncio, mas por conta do horário o clima começa a esfriar e sem escolha peço para Uragiri pegar a manta.

Ela está apenas sonolenta e acordada e aquele cretino escolheu justamente essa hora para me fazer perguntas, me aproveito que ela se resmungou o meu nome e o mando se calar.

A última coisa que preciso é ela confusa sobre o que sente por mim, não a quero fugindo novamente ainda mais quando Shimazu está tão interessado nela, por falar nele, o próprio está no meio da pista.

— Não tem como furar o bloqueio — o tom preocupado de Uragiri me surpreendeu.

— O que ele quer? — a pergunta não era para ninguém específico, mas Uragiri acabou respondendo me dando a informação que eu precisava.

— Ele me deu o trabalho e ficou ciente do atentado, deve apenas querer saber como ela está.

— Fica aqui com ela — desço do carro ciente que não vou conseguir correr dele agora e o seu olhar em direção da Iris me irritou, ainda bem que ela está adormecida.

Nego com a cabeça quando os seus homens se mexem indo em direção ao carro e logo ele deu a ordem para que recuassem, A conversa foi rápida, mais uma ordem a sua casa em Barrancos.

Apenas com um sorriso ele se vira saindo, quando questionei o motivo ele apenas me respondeu que ela é interessante, porém consegui ver um dos seus homens com o rosto queimado mais ao fundo.

Não quero ficar longe da Iris, então resolvi não discutir por enquanto, o lado bom de Barrancos é a região ser mais deserta e estando no território do Shimazu eu consigo dispensar o Uragiri.

Ou foi assim que pensei, porém, antes de descer ele me deu sinal para trancar o carro e dar a volta, ao percorrer o local com os olhos percebi o mesmo queimado aos fundos.

— Não sei o que está acontecendo, mas a querem morta de qualquer forma.

— Essa ordem se estende a você?

— Devo admitir que no começo não gostei nem um pouco em ser babá, mesmo sabendo de quem se trata — ele riu nasalado enquanto negava com a cabeça após olhar para a Iris adormecida no banco — Devo admitir que ela é bem peculiar e não planejo encostar um dedo nela, exatamente por isso que quero te alertar que...

— Não corro perigo, mas quem mexer com ela sim — o interrompo enquanto ele continua negando com a cabeça.

— Saiba que se precisar livrar ela ou livrar você, não vou pensar duas vezes em te abandonar.

— Estou contando com isso.

— Vou manter eles longe do quarto, amanhã cedo vemos o que podemos fazer — Uragiri já sai do carro e sem pensar duas vezes atira na cabeça daquele que estava nos aguardando e puxa o corpo para os fundos.

Aproveito para entrar com a Iris, já conhecia esta casa então fui para os fundos onde o quarto tinha visão da praia, era certo que as coisas vão complicar daqui para a frente e preciso estar preparado.

Mesmo após o banho não consegui dormir, ficar na cama, só vou acordar a Iris e já aprendi que isso afeta o seu humor e quem vai sofrer com isso sou eu, acabo sorrindo com isso, nunca pensei que esses simples acontecimentos fossem me trazer tanta alegria.

Estava tão perdido nos meus pensamentos e aproveitando aquele momento que a pergunta dela me pegou completamente desprevenido, não e não posso mais mentir para ela.

— Vamos entrar — a conduzo para dentro fechando as portas com as trancas, não quer correr o risco.

— A resposta é tão ruim assim?

— Não estou trancando com medo de você fugir e sim de alguém entrar — confirmando com a cabeça ela se senta na cama me olhando com aqueles olhos sonolentos — Tão linda...

— Não desvia do assunto — ela puxa a minha mão e me aproveito para a encostar contra o meu peito — Por que fez isso?

— Estou medo da sua reação e principalmente do seu julgamento — infelizmente ela se solta e vira ficando sobre o meu colo, agora quem não consegue, ou melhor, quero fugir sou eu.

— Então me fale a verdade, Otto.

— Entrei para esta organização quando completei meus quinze anos, não foi por livre e espontânea vontade e sim por acordo da minha família.

Ela me olhava atentamente e isso me deixou mais nervoso, ao ponto de começar a tremer, com o seu jeito doce ela começou a fazer carinhos na minha mão e isso me acalmou.

Respiro fundo e solto a verdade toda de uma vez, explico que já matei mais pessoas do que realmente consigo me lembrar, mas chegou um momento que me tornei o mais perigoso daqui.

— O Shinigami — ela completa a minha fala enquanto eu confirmo com a cabeça — Mas porque seu sou... Otto e a sua família?

— Sou o mais perigoso por não tem ponto fraco, ou não tinha, eu nunca tive nada a perder, então não podem me controlar.

— Está fugindo da minha pergunta.

— Não estou, apenas adiando, vou chegar nesta parte — claro que ela não gostou, mas também não me interrompeu.

Expliquei sobre os acordos de casamento e sua careta me fez sorrir, mas observei o seu sorriso desaparecer quando comentei que pedi para sair da organização para me casar e assumir os assuntos da família.

— Qual o seu nome Otto? Completo e sem enrolar — a sua voz e respiração me mostrava que a minha resposta seria a minha sentença.

Fugindo DeleOnde histórias criam vida. Descubra agora