9. Bichinho

4 1 0
                                    

Não esperava que ela fosse me dizer aquilo e muito menos que ela fosse retribuir o meu sorriso. Iris era diferente de todas as pessoas que já conheci, ela me desafiava e, ao mesmo tempo, me apoiava.

Sinceramente não sei o que sentir ou pensar, mas gosto da sua companhia e a quero ao meu lado. Claro que ainda tenho medo da sua reação quando descobrir tudo e espero que ela permaneça, como está fazendo agora.

— Estão perdidos? — ver ela esconder o rosto no meu pescoço deu apenas mais credibilidade a nossa farsa, dou um beijo na sua testa e mantenho o meu corpo atrás da porta com a arma apontada para eles.

— Não.

— Poucas palavras, mas eu ainda... — ele para de falar imediatamente assim que escuta algo em seu ponto eletrônico — Sinto muito atrapalhar, já estamos indo na frente.

Fiquei parado ainda atento a todos os movimentos, mesmo quando eles já estavam mais distantes. Se eles recuaram, é porque os altos membros já estão cientes da minha chegada.

Só me mexi quando Iris me abraçou pelas costas, essa mulher quer me deixar louco, primeira com a música, segundo por me deixar trancado e agora me abraçando, o que ela espera?

— O que pensa que está fazendo? — a empurro contra o carro, mantendo o seu corpo preso com o meu.

— Tentando te acalmar — a voz dela era baixa enquanto os seus olhos não desviavam dos meus.

— Por quê? Está com tanto medo de morrer?

— Claro que tenho medo, não vivi o suficiente ainda, falta aprontar muitas coisas ainda — ela é corajosa isso não posso negar, em nenhum momento mesmo com medo ela recua na minha presença isso me fez questionar se ela não tivesse fugido ela seria dessa forma comigo — Está perdido em seus pensamentos novamente Otto, conversa comigo quem sabe eu posso ajudar.

— Eles só recuaram por conta de uma ordem — ela confirmava com a cabeça ainda me olhando intensamente e somente quando os seus braços rodearam a minha cintura que percebei o desvio do seu olhar — Precisamos ir, eles já sabem da nossa chegada e vão ficar de olho.

— Eu percebi o drone e por isso te abracei, espero que...

— Você fez o certo — toco o seu rosto ciente que do ângulo do drone se eu me aproximar vai parecer que demos um beijo e foi exatamente que isso que fiz, o lado bom da roxinha é que ela acompanha o meu raciocínio, então não preciso ficar explicando os detalhes.

Apoio a minha testa na dela enquanto o drone se afasta, antes que eles voltem, a conduzo para dentro do carro e desta vez ela não mexeu no som, agora é ela que estava perdida nos pensamentos.

O seu olhar percorria por todo o local desde que entramos no complexo dos Asashin, existem vários destes por todo o mundo, mas escolhi este como um lar, um lugar para voltar.

Iris só saiu do carro quando eu estendi a mão e sinceramente agradeci por ela seguir algumas instruções, pelo menos, o seu olhar encontra com o meu e a vejo apenas suspirando antes de me seguir.

Alguns homens já se aproximaram para retirar as coisas do carro, mas assim que demos um passo a frente a Morrigan gargalhou. Apenas fechei os meus olhos sabendo que este encontro certamente não seria nada agradável.

— Finalmente — o tom da sua voz estava deixava em evidência a sua irritação.

— Morrigan.

— Otto.

— Que lindo, já se cumprimentaram, agora podemos entrar? — Iris estava... irritada, não pode ser...

— Que lindinho o bichinho fala — fiquei esperando a resposta da Iris, mas não veio, isso irritou mais ainda a Morrigan — Você me dá nojo como pude te considerar digno, mas pode ter certeza que na primeira oportunidade eu te mato.

Não consegui responder já que Iris correu na direção da Morrigan e não faço a menor ideia do que ela pensou em fazer, mas para evitar mais problemas a peguei no ar a puxando para longe.

Apenas olhei para Morrigan que deu alguns passou na nossa direção e isso foi o suficiente para ela bufar e finalmente se afastar. Não me atrevi a colocar Iris no chão, mesmo com ela resmungando a levei para dentro a segurando pela cintura.

O seu rosto estava vermelho enquanto ela resmungava cada vez mais e acabei rindo quando finalmente entendi o que ela estava resmungando. Ela nem ligou pelo "bichinho" e sim pelo que ela falou para mim.

— O que iria fazer? — assim que a coloquei no chão, ela saiu andando sem me responder — Roxinha, não me irrita...

— Te irritar? Aquela vaca... ela... ahhhhhhh — ela gesticulava procurando as palavras e isso me dificultava mais ainda entender o que ela queria me dizer.

— Me escuta — a seguro pelos ombros, mas ela me surpreende pisando no meu pé e saindo correndo em seguida.

Mesmo sendo um prédio pequeno cada andar era para uma função para mim, aqui tem desde academia de musculação, treino para lutas, enfermaria, biblioteca e por último onde estamos.

Iris não sabia por onde ir e cada porta que abria dava para uma escada diferente que dava para os andares a baixo. Ela já estava gargalhando de desespero por perceber o quando perto eu estava.

Mas o seu sorriso sumiu quando ela abriu a porta do quarto, foi nesta hora que a ergui no ar e fechei a porta. As cortinas começaram a se fechar e assim que os seus braços abraçaram o meu pescoço fiquei alerta.

Ela conseguia me roubar a atenção nestes momentos ao ponto que eu esquecia completamente quem eu era e onde estávamos, era como se eu tivesse direito de uma outra vida.

— Tem alguns pontos vermelhos na parede, são de miras, não são? — sua voz próxima ao meu ouvido arrepiou o meu corpo inteiro.

— Sim — foi o máximo que consegui responder.

— Depois de fechado as cortinas, ninguém consegue ver? — nego com a cabeça — Hora de atuar um pouco...

Fugindo DeleOnde histórias criam vida. Descubra agora