31. Agora é oficial?

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Os próximos dias Otto começou a me cobrar mais postura, enquanto Itoko fazia de tudo para me irritar, demorei algumas horas para perceber isso e claro que mesmo percebendo briguei com o Itoko.

Era como uma terapia, ele me irrita, eu devolvo, Otto apenas nos olha rindo e algumas vezes Itoko saiu chorando. Não me senti a vontade nessa parte, na verdade, não imaginei que ele tivesse feridas abertas dessa forma.

As minhas coisas começaram a chegar e claro que em forma de treinamento eu só acessava quando não me irritava com as implicâncias de Itoko, não foi nada fácil não deixar transparecer nenhuma emoção.

— IRISSSSSSSSSSS — escuto o grito no andar de cima e acabo mordendo os meus lábios já que Otto me olhou mortalmente — Sua louca, eu vou acabar com você, sua peste...

— Vai admite, azul fica muito mais lindo em você do que amarelo — respondo segurando a risada já que Itoko estava com as mãos, cabelos e partes do seu rosto azuis pela tinta que coloquei no seu shampoo.

— Como eu vou...

Itoko não teve a chance de responder, já que a porta da entrada foi aberta pela Morrigan e Uragiri, os dois haviam apagado todos os seguranças do portão até a casa, mas eles pararam quando viram Otto e Itoko pintados de azul.

— Está rolando festa e não nos convidaram, que coisa feia bichinho — ela se aproxima segurando a risada, mas o meu olhar foi direto para as marcas de chupões tanto no seu pescoço como no do Uragiri.

— Mimosa... quanto tempo, não reclama não, pois a festa de vocês também foi bem interessante — respondo apontando para o seu pescoço e após alguns segundos sérias nós duas caímos na gargalhada.

Os três nos olhava como se fossemos duas loucas e isso nos fez rir mais ainda. Vejo Uragiri se aproximar do Otto enquanto uma adaga escorregava pelas suas mãos, o que eles não sabiam é que estou tendo aula de tiros, então antes dele chega até o Otto a arma já estava apontada para ele.

As palmas da mimosa e do Itoko chamaram atenção de Uragiri que me olhou espantado, mas abaixou a adaga assim que percebeu que eu não iria recuar. O lado bom de tudo isso é que Itoko até esqueceu que estava apenas de calça ali a nossa frente, enquanto a água azul ainda escorria.

— Eu devo...

— Não deixa ele azulzinho mesmo — interrompo a fala da mimosa que se aproxima de mim, mas mantém os seus olhos no peitoral do Itoko.

Acabei rindo de ver ele completamente alheio aos olhares maliciosos da Morrigan e o ciúme de Uragiri, que mesmo que bem escondido eu consegui perceber, mas não fui a única já que Otto piscou para mim após olhar Uragiri.

Por mais leve que esteja o momento a visita deles não era um bom sinal, dou alguns tapinhas no ombro de Itoko que finalmente lembra do seu estado e volta correndo para o quarto avisando que vai ter volta.

Continuo andando até o escritório com Otto atrás de mim, os seus braços ao redor da minha cintura chamaram atenção dos dois que não falaram nada até que a porta fosse fechada.

— Você me disse que já voltava — Uragiri vem novamente na direção de Otto, mas eu entro na frente olhando diretamente nos seus olhos — Ele vai causar a sua morte e para de me olhar assim.

— Ele não vai fazer seu lerdo, ou seria tapado? — ele se vira me olhando com raiva, mas não avança na minha direção, pois a Morrigan o segura — Isso mesmo, se o cachorrinho não sabe se controlar, por favor o mantenha na coleira.

— Normalmente coloco a focinheira também, mas vim sem sutiã — a resposta da Morrigan veio junto com um sorriso — Então agora é oficial?

— Sim, mas ninguém sabe disso ainda.

— Bichinho me explica uma coisa, por que raios você quer lutar contra algo que vocês já aceitaram?

— Ela e ele... — Uragiri ainda nos olhava como se fossemos de outro mundo.

— Nossa Uragiri jurava que você fosse mais esperto — interrompo a sua fala, mas desta vez eu estava sorrindo.

— Não é isso, mas se o tempo todo eles sabiam que o Shinigami... — a sua voz morre quando ele olha para Otto que o encarava com os braços cruzados — Não vou me desculpar.

— Não precisa, afinal morto não fala — Otto se mexe e agora eu entro na frente.

— Vamos parar por aqui — coloco as minhas mãos no peito do Otto, que me dá um beijo rápido enquanto as suas mãos estão na minha cintura.

— Que momento lindo, mas bichinho me explica o motivo da sua cabeça ainda valer uma fortuna?

Otto me puxa contra o seu corpo enquanto eu apenas respirei fundo, os olhos dos dois estavam fixos em mim, mas quando eu perguntei a Morrigan como o Furui está ela chegou a perder a cor.

Uragiri também travou, então eles devem saber muito mais do que realmente estamos sabendo, Otto nem deu chance deles negarem e usou a sua autoridade com Uragiri.

Ele apenas fecha os olhos assim que a Morrigan o olhou, mas não estava pronta para escutar que ele estava me cercando com uma cobrança de um antigo contrato. O único contrato que ele pode querer cobrar é com a minha irmã.

Mas ainda não consigo entender onde o Shimazu entra nisso, se bem que ele colocou o Uragiri para me proteger, Otto foi atacado no seu apartamento. Era muita ponta solta que eu não conseguia puxar ainda.

— Mimosa, solta de uma vez.

— Ele já foi noivo, é um assunto proibido — ela olha diretamente nos meus olhos e consigo ver a dor neles — Até onde me lembro ele matou a noiva, pois a sua intenção nunca foi ela.

— O que você está falando é muito grave — Otto me puxa contra o seu corpo como uma forma de proteção enquanto falava.

— Eu sei disso, como eu falei, é um assunto proibido desde a morte da noiva dele, mas não acha estranho que somente ele não tenha se casado?

— Mas onde entra o seu pai? Ele estava te mandando para Rússia... — a minha voz morre no final por me lembrar que daqui a dois dias iria encontrar com os filhos sebosos que tanto me xingaram no telefone, mesmo sem provas não consigo acreditar que Shimazu ainda é bonzinho disso tudo.

Fugindo DeleOnde histórias criam vida. Descubra agora