12. Mimosa

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O silêncio que estava dentro do carro era confortável, mesmo que a minha mente estivesse borbulhando com dúvidas sobre tudo o que aconteceu hoje. Otto apenas sorriu e começou a falar.

Ele me contou que ao se atingir uma certa posição na organização o seu nome não é mais utilizado, então ninguém mais tem autorização para o chamar assim, porém alguns mais próximos ainda tinham esse costume.

Assim como eu suspeitava Morrigan era um ex do Otto, esse não era o seu nome e ele me explicou que nunca se importou em descobrir o seu verdadeiro nome, para ele era apenas sexo momentâneo.

— Como devo te chamar? — assim que chegamos no último andar não consigo mais controlar a minha língua.

— Otto.

— Mas...

— Para você vou ser sempre o Otto — ele respirava fundo como se estivesse ponderando se falava ou não.

— Não precisa me contar tudo agora — o seu olhar estava quase beirando o desespero — Eu quero saber e como eu quero saber, mas está claro que isso não é você completamente.

— Obrigada, tem alguns anos que não sei ser o Otto — o sorriso era dolorido, não sei exatamente o que ele passou, mas pelo jeito não foi nada fácil.

Para quebrar o clima o chamo para guardar as coisas e já pergunto o motivo da sua escolha com o meu anticoncepcional, ele apenas deu de ombros e que apenas procurou pelo melhor.

O meu olhar percorreu ao redor, tudo o que ele entregava era de primeira qualidade, assim como tudo o que ele usava. Enquanto estava arrumando as minhas roupas, ele acabou saindo já que o seu celular não parava de vibrar.

Evitei ao máximo não pensar com quem ele deveria estar, ainda mais se esse alguém for aquela mimosa. Precisei de ajuda para isso já que a minha mente estava sempre voltando para os dois.

Como não tenho nenhum eletrônico aqui, fui procurar nas coisas do Otto e encontrei alguns fones, assim que coloquei no ouvido cada um tinha uma conversa, era como se eles estivessem conversando e apenas um que estava mudo.

Sai apertando os botões até que a pequena tela ao lado do interruptor se acendeu, não sou leiga em tecnologia, mas essas aqui estão em outro idioma, só não sei qual.

Antes de sair apertando novamente, escutei uma voz nos fones existia algumas pessoas conversando num idioma que não consigo entender, já estava quase retirando os fones quando escuto a voz do Otto.

Olhei para a tela e consegui achar um símbolo de tradutor, ou pelo menos eu desejo que seja, mas para a minha alegria ou desespero era, pois apareceu um monte de idiomas.

Me arrependi no momento que selecionei o meu idioma, eles estavam falando de mim, ou melhor, havia dois homens exigindo que Otto se livrasse de mim e seguisse com o plano já que não qualificada o suficiente para ele.

O meu sangue ferver quando a mimosa foi citada como pretendente ideal, durante todo o discurso deles Otto se manteve em silêncio, mas escutar ele a negando me fez gargalhar.

Nem me atrevi a continuar escutando., apenas desliguei tudo e fui preparar alguma coisa para comer. Ele estava na mesma situação que a minha, estava sendo forçado a ficar com alguém que não quer.

Não custava nada ajudar ele, afinal enquanto estou aqui eu também estou bem longe do meu casamento. Sei que não posso me esconder o resto da vida, mas posso ficar sumida tempo o suficiente para que ele cancele o contrato.

Quando Otto chegou ele apenas me olhou e foi direto no quarto onde eu estava mexendo nos fones, ele apenas me olhou com os fones nas mãos. Eu apenas dei de ombros, não esperava que ele fosse me contar.

— Aqui eles me chamam de Shinigami, não vai escutar muitos me chamando assim.

— Igual à lenda?

— Sim, sou a última pessoa a ser chamada e sempre é para eliminar...

— Isso é muito legal, então vou aprender com o melhor — ele me olhava assustado e logo um sorriso cresceu em seu rosto.

— Eu tenho medo de te contar tudo e você fugir — nessa hora não me aguentei e joguei uma das bolachas que estava na minha mão o fazendo rir — Mas...

— Olha, vamos combinar o seguinte, eu só vou fugir se você mentir para mim.

— Eu...

— Também sei que tem muitas coisas que não pode me contar, não sou burra Otto, sei que você é um assassino e pelo que vejo é um dos melhores — ele abre a boca, mas eu jogo outra bolacha — Não terminei, como já disse, se você fosse me matar já teria, porém, eu escutei sim e sei que você está em uma situação parecida com a minha.

— Iris, o que você ouviu? — ele estava preocupado demais e fiquei apenas para mais curiosa.

— Que eles querem te juntar com a mimosa e que você negou, sorte sua que não gostei da mimosa, então vou te ajudar nisso, em troca eu fico sumida por algum tempo e espero que esse tempo seja o suficiente para me livrar daquele casamento.

— Mimosa?

— Sim, pensei em outras coisas também, mas acredito que mimosa se encaixa melhor.

— Apenas para que você tenha conhecimento, ela é uma das líderes dos esquadrões...

— Está tentando me colocar medo? — vou me aproximando do Otto já me enchendo desse assunto, ele vai dando passos para trás até que cai sentado no sofá.

— Quero que esteja ciente que quando a chamar de mimosa, vai chamar a filha de um dos membros do alto escalão, vai chamar uma das mais cruéis líderes que tem na organização...

— Você é muito chato, sabia? — me viro para sair, mas acabo tropeçando no seu pé e só não caio, pois ele me segura.

— E a roxinha desastrada está de volta.

— Vai a merda.

— Não, vou ficar ao seu lado para que a sua cabeça permaneça no mesmo lugar, sei que vai soltar esse "mimosa" de qualquer jeito.

Fugindo DeleOnde histórias criam vida. Descubra agora