36. O que quer?

4 1 0
                                    

Otto desceu na frente, me alertou que era preciso, mas antes de sair claro que ele deixou um vestido tradicional pendurado na frente de todos, o vestido é lindo, porém como ele está insistindo eu vou usar outra coisa.

Chego pegar na mão um vestido rodado, mas quando os meus olhos caem sobre o macacão preto não resisto e o pego. Ele era de alça e nas pernas ele era amarrado, leve, fresco e se precisasse me movimentar não teria problemas.

Claro que não esqueci do salto alto, uma coisa que fiz questão é de treinar sempre de salto com o Itoko, como ele mesmo já disse não preciso de força para derrubar muitos, apenas me soltar e colocar as pessoas em seus devidos lugares.

Assim que vou descendo as escadas escuto algumas palmas e logo um homem que mais se parece um gibi humano vem na minha direção batendo palmas, ele me olhava de cima a baixo me julgando.

— Veja só, a farfor resolveu nos dar o ar da graça.

— E como manda o figurino, o bobo da corte já se apresentou — termino de falar dando um sorriso mais inocente que consigo, mas não desviou o olhar ao perceber que Itoko se engasgou com o ar e Otto está segurando a risada.

— Para uma vadia você fala demais, achei que só se limitava a gemer — em um movimento ele rápido ele me vira colando o seu corpo no meu — Posso fazer você gritar também...

Não deixei ele terminar de falar, já que estava perto da escada a usei como apoio e com o outro pé pisei no seu pé fazendo o salto entrar no meio do cadarço do seu coturno.

Tenho a noção que não vai machucar, mas o assustou já que ele não esperava, puxo a arma que estava na sua cintura engatilhando enquanto aponto para sua cabeça.

— Me chama de vadia ou encoste em mim novamente.

— Vai fazer o que com isso, ela está descar...

Acerto a lateral da sua cabeça, bem próximo aos seus olhos, interrompendo ele de continuar falando merda, ali naquela região o golpe não precisa ser forte e sim preciso, o que eu aprendi muito rápido, tanto que ele perdeu o equilíbrio e só não caiu, pois o Otto o segurou.

— Eu avisei que esse imbecil era perda de tempo, cara idiota.

— Isso, meus caros senhores, é a roxinha de péssimo humor — jogo a arma na direção do Itoko que desvia gargalhando — O humor melhora depois que ela come.

Acabo sorrindo, afinal Itoko ainda estava se gabando que foi ele me ensinou aquilo, mas Otto logo corrigiu que foi ele que apanhou todas às vezes até já que eu não posso atirar nele.

Percorri os olhos e percebi que os soldados estavam espalhados pela casa, mas o que chamou a minha atenção é que eles estavam harmoniosos até demais com os mesmos soldados do Itoko.

Vou direto na cozinha pegar algo para comer, mas Otto me puxa para me sentar a mesa, que de acordo com ele estava a minha espera. Ele começou a me servir com um pouco de tudo, mas antes que eu comece a brigar com ele para parar, o mesmo imbecil se aproxima rindo.

— Devo admitir Otto, a farfor é muito mais do que foi relatado e agora entendo o seu fascínio.

— Meu nome é Iris, não esse negócio aí que você falou.

— Não... Farfor combina mais com você — o seu olhar é intenso, mas divertido muito diferente dos minutos atrás — Se bem que Yad também se encaixaria.

— Para de irritar ela, Druga, você vai se arrepender depois — Otto ainda sorria e quando finalmente me olha nos olhos ele puxa a minha mão dando um beijo na minha aliança.

— Ai que momento lindo, eu vivi o suficiente para conferir o grande Shinigami marcar território igual um animal — o Druga solta batendo palmas todo debochado fazendo Otto o olhar mortalmente, preciso admitir ele parece ser legal.

Os dois começam a discutir com muita intimidade, a mesma que vejo somente com Itoko. Por falar no tokotoko ele se aproveita e se senta ao meu lado deixando o tablet ao meu lado.

O pego no mesmo momento ignorando completamente as reclamações, como já havia conseguido acesso a tudo graças a ameaças de pintar o Itoko de rosa, eu não tive nenhum problema depois disso.

Começo a procurar tudo que encontro sobre esse tal de Druga, porém não consigo achar nada na forma convencional, aos poucos a conversa foi ficando mais fraca, não que eu estivesse interessada, mas isso apenas me confirmou que a atenção de todos agora estava completamente sobre mim.

— Então Druga, pode me explicar o motivo do seu gatinho Ping não ter vindo junto? — o meu sorriso apenas cresce quando ele se levanta de uma vez vinda na minha direção — SENTA.

— Quem você pensa que é para mandar em mim e principalmente como ela tem acesso? — ele apontava para o Otto, que apenas negava com a cabeça enquanto suspirava.

— Eu te aconselho a se sentar, esse sorriso psicopata que está crescendo no rosto dela é apenas um indicador que ela acessou e tem o controle da sua vida — Itoko olhava diretamente para o Druga, mas consegui perceber que ele estava com uma arma engatinhada na sua direção por debaixo da mesa.

Ele soltou algumas palavras em russo e pelas feições do Otto tenho a confirmação que são xingamentos, o que me lembra que preciso aprender isso, deve ser satisfatório falar essas palavras.

Volto a minha atenção para o tablet e acessando o sistema de segurança dos seus homens e faço uma descarga elétrica em seus pontos eletrônicos, o resultado disso é que todos caíram desmaiados no chão.

— Pohaaaaa, roxinha não acha que está exagerando? — Itoko se levanta indo conferir se eles estavam vivos, mas não ouso desviar o meu olhar do Druga.

— Se tem uma coisa que aprendi desde que voltei é que vocês não são confiáveis, o Otto pode sim confiar em você, mas isso não estende a mim.

— O que quer?

— A sua lealdade, a sua força e principalmente a sua boca fechada.

Fugindo DeleOnde histórias criam vida. Descubra agora