48. Meu pai, Vasily Partner

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Acordei com uma barulheira enorme no andar de baixo e quando me sento na cama tentando entender o que estava sendo dito acabo soltando um grito de susto já que havia um homem sentado de frente com a cama.

Ele não falava nada, apenas me olhava intensamente, me aproveitei para o encarar de volta, ele me lembrava o Druga então fiquei mais calma por imaginar quem seria.

Os seus cabelos brancos e a braba bem aparada também grisalha o deixava bem lindo, isso me fez rir nasalado e ele logo me acompanhou. Assim como Druga ele tinha tatuagens por todo o braço e mãos.

— Desde que horas está me olhando dormindo?

— Do que estava rindo? — ele me responde com outra pergunta me fazendo suspirar.

— Achei meu pai bem bonito — ele acaba sorrindo mais ainda e só agora percebi que o pai saiu mais natural do que eu imaginava.

— Chegamos de madrugada e coloquei aquele aproveitador para fora, onde já se viu dormir na mesma cama que a minha menina — o seu comentário me fez rir mais alto — Posso te abraçar?

— Tem certeza? Devo estar com bafo hein...

Ele apenas começou a gargalhar mais alto e nunca pensei que sentisse falta de algo que nunca conheci, ele me abraçava tão apertado que cheguei a dar tapinhas nas costas por falta de ar.

Os seus dedos tocavam o meu gosto e cabelos com carinho, não demora muito uma lágrima acaba caindo e quando a seco a porta é aberta por três monstros, dois completamente idênticos e o Druga.

— Ela acordou?

— Não idiota, ela é sonâmbula — Druga dá um tapa na nuca fazendo o outro rir — Yad...

— Quer perder a língua? — a voz mais grave do meu pai me fez olhar para ele segurando o riso, afinal ele estava todo brincalhão e agora parecia que ia arrancar a cabeça de um — Isso é jeito de tratar a sua irmã?

— Você não a conhece, ela já me bateu.

— E vou bater agora se não tirar essa sua bunda da minha frente — como ele não se mexe, eu jogo o meu chinelo quase acertando a sua cabeça enquanto ele ria.

— ITOKO O SEU DRAGÃO ESTÁ COM FOME — Druga sai correndo do quarto quando me levanto para bater nele, por alguns segundos até me esqueci dos outros três que estavam me olhando espantados.

— No começo ele me chamou de algo que significa porcelana, depois que bati nele algumas vezes ele começou a me chamar de veneno.

— Faz sentido... — um dos gêmeos solta e com apenas o olhar eles correm para fora do quarto fechando a porta.

Peço licença para ir ao banheiro e ele apenas concorda sorrindo, eu estava correndo, com medo dele se decepcionar comigo, mas me lembrei da minha conversa com o Wenyi e sei que Otto e Itoko nunca me deixaria.

Demorei mais o que o normal no banho e quando estava quase saindo escuto voz do Otto pedindo para conversar comigo a sós, porém ele nem teve chance de explicar o que queria, pois foi colocado para fora enquanto escutava que ele era um tarado.

Assim que abri a porta ele estava virado para a janela, então passei correndo para o closet e correndo para pegar logo uma roupa, acabei pegando um conjunto de moletom vinho, ele era um dos meus preferidos pelas listras grossas coloridas que tinha na lateral.

— O seu irmão me contou que está com medo e sinceramente me culpo por isso, se tivesse prestado atenção...

— Druga também me mostrou o que a mãe dele fez e sinceramente fiquei com medo deles sentirem raiva de mim — interrompo o meu pai já abrindo o jogo e falando tudo de uma vez ou depois não teria coragem — Eu... — respiro fundo e fecho os olhos para continuar falando — Eu nunca tive toda essa atenção e cuidado, meu maior medo é não ser suficiente...

— Eu te amo desde que soube que estava na barriga da sua mãe — ele me abraça forte novamente me impedindo de continuar falando — Nunca na minha vida iria cobrar alguma coisa de você, na verdade, eu estou em dúvida e se não fosse pela amizade tosca dele com aquele tarado eu não estaria aqui.

— Você não gosta do Otto? — acabo rindo nasalado com a forma que ele fala do Otto, mas dava para perceber que os sentimentos não eram ruins.

— No começo não, depois aceitei a sua presença e agora quero matar ele por estar com a minha princesinha — empurro o seu ombro já que estamos sentados lado a lado na cama — Ele já me mostrou que é uma pessoa boa o meu medo é que ele é protetor demais e pode te fazer chorar e antes que você me acuse de também estar sendo protetor, mas eu fiquei muito tempo sem te conhecer, sem conseguir te proteger do mundo e quanto digo isso eu não pretendo te manter presa em um castelo, mas sim te preparar para enfrentar o que vier te tirar o sossego.

A conversa foi calma e esclarecedora, o meu pai Vasily Partner era um homem de palavra e se arrependia muito do seu passado, mas sempre deixou claro para os seus filhos a sua dor de ser traído.

Exatamente por isso que os meus irmãos cresceram me amando e sempre atentos para quando me encontrarem me mostrar que tenho um lar a qual pertenço e que serei amada.

Todos os meus medos ele estava me esclarecendo ali sem nem precisar perguntar nada, as minhas únicas perguntas era apenas sobre o passado da minha mãe, ele estava tão empolgado contando como foi que conheceu a minha mãe que não tive coragem de interromper para ir comer.

Assim como o Otto me adiantou, eu realmente seria uma pessoa mais perigosa se fosse criada com eles, mas assim que toquei no assunto de voltar para a Rússia, ele apenas suspirou me contando que ficaria muito contente se eu fosse morar com ele, mas nunca me forçaria a ir.

Antes que eu pudesse contar que gostaria, sim, de conhecer um pouco mais da minha verdadeira família, a minha barriga roncou entregando que eu estava com fome e isso fez nós dois gargalharmos.

— Vamos minha Iris Partner, me permita te acompanhar no café da manhã e continuamos a conversar.

— Será que...

— Seus irmãos te amam e sempre vão te proteger, mas nunca te prender.

— Então senhor...

— Vasily, seus irmãos gêmeos são Anton e Alexei, o Druga você já conhece — ele estende a mão e assim que eu a pego ele me puxa me enroscando no seu braço, mas a verdadeira surpresa foi ver os gêmeos encarando o Otto no sofá que assim que me viu tentou se levantar, mas ele foi jogado no sofá novamente.

— Ele é meu noivo e em breve será meu marido, acho bom terem respeito por ele — a minha voz era baixa, mas intensa assim como o meu olhar.

— Isso mesmo, chefa — Wenyi solta a frase enquanto sorria de forma debochada para os gêmeos — Olá, família da chefa, será interessante conviver com vocês.

— O que a tríade está fazendo aqui? — a voz do meu pai estava firme novamente e Druga apenas ergue as mãos em forma de rendição.

— Yad, já se reuniu com todas as maiores máfias e conseguiu apoio e lealdade de todas, esse doidinho aí — ele aponta para Wenyi que sorri mais ainda — É o primeiro a seguir qualquer ordem que ela considere dar, não importa o que seja — os três me olham como se outra cabeça havia crescido.

— O que foi? Eu planejo derrubar muitas pessoas, então preciso de pessoas capacitadas — olho para Wenyi sorrindo já sabendo que ele vai se animar com o que vou falar — E claro que se animem em se divertir.

— As melhores diversões chefa — Wenyi pisca para mim e agora é os gêmeos que correm atrás do Wenyi, mas param assim que eu os chamo para se virem comer comigo.

Fugindo DeleOnde histórias criam vida. Descubra agora