52. Outra forma de defesa

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Estava completamente perdida com relação há horas, já que o Druga retirou todos os relógios da casa, sua intenção é que esses três dias sejam apenas nossos já que as coisas agora prometem ser mais agitados.

Otto estava adormecido já quando escuto alguns barulhos do lado de fora e vejo a Morrigan e o Uragiri, desço tentando ser a mais silenciosa possível, mas antes que eu levasse a mão na porta o Druga entra sorrindo.

— O que está acontecendo?

— Nada que deva se preocupar minha irmãzinha — a voz do Druga estava diferente e antes que eu pudesse questionar ele apenas sorriu me abraçando — Não menti quando afirmei que você é família.

— Mas eu vi os dois...

— Protegemos a família e agora você vai aprender isso — ele segura o meu queixo me obrigando a olhar em seus olhos, que até então não havia percebido que são da mesma tonalidade que o meu — Está em uma pequena lua de mel Yad, o resto vamos cuidar, não se preocupe, está segura e de volta ao lar.

Com um beijo na minha testa ele me solta e sai trancando a porta assim que a fechou, não ia adiantar perguntar nada agora, até porque quando olhei observei pela janela que a segurança estava reforçada e seja o que for não vai me alcançar.

Os outros dias passaram muito rápido e sinceramente amei ser mimada e dengada nesses dias, seja pelo Otto ou pelos irmãos que descobriram que amo chocolate, então por onde eu ia encontrava um chocolate e uma mensagem deles, às vezes de carinho e outras de implicância fraternal.

Quando acordei no quarto dia, já escutava a movimentação normal na casa e isso me fez sorrir, já que meu pai estava na porta questionando o Otto se eu havia me alimentado corretamente e até mesmo me hidratado.

Assim que percebeu que eu estava acordada, tentou entrar no quarto, mas desta vez Otto o deteve alertando que ali era o nosso quarto, mas ele poderia esperar lá embaixo que logo iriamos descer para comer.

— Você foi muito corajoso — estava sendo debochada, mas não poderia perder esse momento de forma alguma.

— Seu pai é muito protetor, sinceramente eu gosto disso, mas agora você é minha mulher, a minha esposa, a minha vida...

— Já ficou meloso demais — me levanto da cama e vou correndo para o banheiro já que o Otto vem atrás reclamando que estraguei o momento romântico dele.

Nem havia chegado na mesa do café, os gêmeos já se apossaram dos meus braços ficando um de cada lado, de acordo com eles precisamos conversar já que existem muitas coisas para acertar das empresas e também como irmãos mais velhos eles merecem prioridade.

A resposta do Itoko os calou imediatamente, sendo que ele apenas me entregou o seu tablet me chamando de Senhora Hensei, alguns funcionários da casa quando o escutou se apresentaram deixando claro que estão aguardando as ordens.

Não esperava que fosse cair tudo nas minhas costas de uma única vez, para ser bem sincera, eu não estava esperando nada e agora estou completamente perdida. Otto e Valisy perceberam isso e já se colocaram ao meu lado.

Mas no final nenhum dois ajudou muito, já que eles não estavam a par das empresas, porém eu gostei de saber que tenho com quem contar. Somente no final da tarde que Itoko me colocou a parte de tudo que foi dito desde o meu casamento, a minha nomeação tanto dos Hensei como dos Partner e principalmente sobre as máfias.

Junto com os elogios vieram palavras duras, mas não havia nenhum fundamento, então Itoko me garantiu que logo viria uma retratação oficial, em outras palavras, ele vai processar todo mundo por calúnia.

Com as empresas Hensei não tive muitas dificuldades, já que vinha acompanhando e até mesmo ajudando o Itoko esses dias atrás, mas quando chegou nas empresas da minha família...

Neste momento eu fiquei paralisada por algumas horas, afinal nunca pensei que teria uma família tão rica, poderosa e principalmente mortal. Isso me assustou, pois eles tratavam de tudo com punhos de ferro.

Mas quando Vasily, quer dizer o meu pai, pois se chamar ele pelo nome ele se recusa a me responder, as coisas estavam fora do controle antes deles assumirem tudo, agora pelo menos todos têm pelo menos o básico.

Claro que isso não me agradou, mas ele não me mostrou nenhuma relutância contra as minhas ideias e até mesmo garantiu que vai amar me ver colocar tudo isso em prática.

Esse era outro ponto a qual eu preciso pensar muito e conversar com o Otto, se vamos nos mudar para a Rússia ou se vamos ficar por aqui, a possibilidade de voltar para o Japão foi descartada bem antes de virar uma opção me fazendo respirar aliviada.

Após muita conversa em família chegamos a um consenso que vou manter moradia nos dois países, tanto aqui no Brasil como na Rússia, mas sem a obrigação de ter que ir ou permanecer em algum destes lugares.

Anton e Alexei me garantiram que vão tomar conta de tudo e me enviar relatórios diários do que foi feito, pelo menos até que eu pegue o jeito e decida espaçar esse prazo.

Itoko não precisou falar nada, pois ele já vem fazendo isso comigo desde quando cheguei aqui nesta casa, então as coisas estão mais tranquilas, porém o que chamou a minha atenção é que meu pai pediu para o Druga permanecer comigo e me ensinar a lutar.

— Não quero que fique apenas com base no que o Itoko te ensinou e apenas para deixar claro está ótimo — Vasily ergue a sua mão me pedindo silencio assim que me levantei pronta para colocar o meu direito de caçula em ação.

— Obrigada Vasily, mas concordo que outra forma de defesa também é bem-vinda — me viro para o Itoko, mas ele desvia do meu olhar — Roxinha não surta, pensa comigo, essa falta de conhecimento pode ser usada contra você e de bônus você pode bater à vontade nele.

— Neste caso eu aceito esse sacrifício — a minha resposta junto com a reclamação do Druga causou gargalhadas em todos, até mesmo em nós dois.

A meu pedido eles resolveram ficar por mais uma semana, assim eu teria mais tempo com os gêmeos e o meu pai me defendendo nos treinos que aconteciam todo dia a tarde.

A minha rotina estava fixa, mas ainda não havia saído da minha bolha e isso estava me preocupando, afinal não sei como vou conseguir reagir quando isso acontecer.

— Perdeu o sono novamente? — Druga me entrega um copo com água já que virou um costume nos encontrar desta forma.

— Estou preocupada — ele segura a risada já que ele vem me falando isso a dias e eu sempre nego — Não comigo idiota.

— Seu marido — não era uma pergunta, mas mesmo assim eu confirmei — Não deveria se preocupar tanto, já que ele é mais temido do que possa imaginar.

— Não está ajudando.

— Desculpa, qual o seu medo então?

— Ele é muito protetor Druga, meu medo é tentarem me atingir e ele...

— Ele terá que disputar isso comigo, não fiquei aqui apenas como o seu irmão e treinador minha princesinha — ele aperta as minhas bochechas, me obrigando a dar alguns tapas em sua cabeça para me soltar — Sou seu escuto, seu protetor, seu conselheiro.

— Idiota que fala demais — ele começa a gargalhar, pois já descobriu que odeio essas conversas, mas quando percebe que estou chegando nas escadas me pergunta onde estou indo e quando me viro sorrindo diabolicamente ele tampa os ouvidos falando que prefere não saber e vai em direção da cozinha.

Fugindo DeleOnde histórias criam vida. Descubra agora