57. Quarenta e oito horas

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Ontem, quando a Iris veio me visitar, eu já estava acordado, porém, acabei optando em ficar quieto. A existência da Morrigan ainda me assombra e preciso dar um jeito nisso o quanto antes.

Hoje ela já passou aqui cedo me contando que deve demorar para retornar já que a celebração é longa e não vão correr com ela, a minha vontade era de abrir os olhos e abraçar ela, mas ainda não posso.

Não sei quantas horas se passaram, mas senti algumas presenças que não deveriam estar aqui, mas quando recebi o tapa no rosto foi impossível não reagir e para a minha surpresa os Yardies estavam ali no meu quarto.

— Acorda, preferido da minha mulher — Zuri tem uma mão pesada e ela sabe muito bem disso, pois o seu sorriso apenas aumentou quando me sentei na cama.

— Como sabe?

— Não gosto de você, mas a minha roxinha gosta, então sou obrigada a te suportar — ela percorria o quarto colocando alguns sensores e retirando outros que eu nem sabia que estavam ali.

— O que está acontecendo?

— Estamos rastreando a mimosa — a sua careta me fez sorrir — Ela está vindo para finalizar o que começou, não se iluda ela não quer você e sim a minha roxinha.

— Ela é minha esposa — a retruco, mas isso apenas a faz gargalhar.

— Não me importo, mas saiba que se cometer um deslize não vou pensar duas vezes em descartar você — ela segura o meu rosto com força enquanto os seus capangas seguram os meus braços para não me mexer — Vou armar para essa vaca e você vai continuar fingindo.

— Por que está fazendo isso?

— Já disse, eu gosto da minha — ela suspira me soltando — Nossa roxinha então vou lhe ajudar a se livrar dessa merda.

A porta é aberta com tudo e Vasily entra armado pronto para atirar, mas acaba baixando a arma quando a Zuri o chama de sogro, acabei revirando os olhos quando ela esclareceu que o seu interesse não é nos gêmeos.

Mas de qualquer forma os dois iriam se meter em uma briga que é minha, mas ainda não posso resolver já que aqueles venenos que o Shimazu injetou em mim fizeram um estrago maior que eu esperava.

No fim acabou que Zuri e Vasily concordaram que a vingança será minha, claro que não foi fácil convencer os dois, mas quando garanti que ninguém nunca mais toca na Iris eles acabaram aceitando.

— Quanto tempo? — Vasily ainda me olhava desconfiado.

— Uma hora — um dos capangas da Zuri responde na frente.

— Então neste caso, você volte a dormir e você sogrinho mantenha a minha amada segura — Vasily não se aguentou e quando me olhou caiu na gargalhada saindo do quarto.

Os demais capangas se esconderam pelo andar deixando apenas a Zuri ali no quarto, mesmo que não fossem pegar a Morrigan ela queria descontar pelo menos um pouco o sofrimento que ela causou para Iris.

Como um animal atraído pela armadilha, a Morrigan entrou no quarto acreditando que ainda estou sedado, mas sua visita durou pouco já que Zuri atirou na barriga afirmando que vai devolver todos os carinhos que ela fez com a Iris.

Quando ela tentou revidar me levantei acertando a adaga que Vasily deixou ali, é a mesma que ele retirou do corpo do Druga e mesmo em pouca quantidade ainda, sim, estava envenenada.

Morrigan me olhava em desespero, afinal agora ela tinha duas opções ou salvar a sua vida, ou continuar lutando ali, porém o mesmo favor que ela fez a Iris eu consegui devolver.

A diferença é que ela não terá direito a dúvida, o seu útero não vai servir para mais nada. O sorriso da Zuri deixou claro para a Morrigan que ela não estava brincando e agora a caçada começou, pois não somente eu estaria atrás dela, mas os Yardies também.

— A joguem em qualquer beco, ela tem quarenta e oito horas para correr, após isso a mimosa vai virar churrasco — os capangas da Zuri somem com o corpo da Morrigan ainda vivo, mas bem debilitado.

— Então terei companhia?

— Sim, quero me divertir um pouco e quem sabe eu consigo te matar no meio do caminho? Não me olha assim Shinigami, ainda amamos a mesma mulher e pode ter certeza enquanto eu estiver viva não vou desistir dela.

— Já me casei...

— Estou ciente disso, assim como eu sei que ela te ama e por isso mesmo estou aqui — ela se levanta apertando a minha coxa me causando dor — Não sou sua amiga, apenas quero o bem-estar da nossa roxinha então melhora logo ou vou começar a caçada sem você.

A porta é aberta com tudo e uma Iris entra resmungando com o seu pai para ele andar logo já que ela estava apoiada nele para andar. Mas o seu olhar muda quando ela percebe sangue no chão, a Zuri e eu.

— Quem vai contar? — o seu olhar vai à mão da Zuri que aperta mais até que um pouco de sangue sai do ferimento.

— Meu amor, vim apenas intimar esse seu maridinho que se não levantar eu vou assumir o lugar dele na sua cama — Zuri se aproxima da Iris, não queria admitir, mas ela consegue hipnotizar qualquer um.

— Esse sangue?

— Uma visita inapropriada, mas já me livrei dela — Zuri pisca para Iris e se volta para Vasily que ainda segura o riso por me ver revirando os olhos — Em quarenta e oito horas a caçada começa sogro, por favor mantenha a minha amada segura.

Como eu queria me levantar e jogar a Zuri pela janela, a cretina segurou o rosto da minha esposa e deu um selinho de despedida, pelo menos pude ver que a Iris recuou.

Mas o sorriso da Zuri apenas aumentou avisando que a sua proposta ainda está valendo e quando Vasily perguntou, ela fez questão de responder sorrindo antes de ir embora.

— Ela foi a primeira a responder o meu convite quando Furui resolveu...

— Me lembro do Druga se revoltar — Vasily a interrompe negando com a cabeça — Então quer dizer que o Otto tem concorrência?

Iris engasga com o ar o fazendo cair na gargalhada, mas logo alguns enfermeiros e médicos entram no quarto pedindo para me deixarem descansar, Iris apenas me dá um beijo e avisa que volta mais tarde.

Mas o meu peito aperta, sabendo que logo vou ter que a deixar sozinha para conseguir limpar essa bagunça a qual eu mesmo criei. O lado bom é que os Yardies vão me ajudar diminuindo assim o meu tempo longe da minha esposa.

— Vai mesmo se juntar a essa caçada? — a voz fria do Vasily deixou bem claro que ele não apoiava essa minha decisão.

— Eu preciso limpar essa bagunça...

— Não faz mais parte dessa organização Otto, não precisa limpar mais nada.

— Ela inda corre perigo, não podemos manter ela em uma bolha.

— Não vou me meter nas suas decisões, mas saiba que não vou sair do lado da minha filha.

— Estou contando com isso Vasily — ele apenas confirma com a cabeça e sai do quarto, provavelmente voltando para a Iris.

Fugindo DeleOnde histórias criam vida. Descubra agora