37. Precisamos conversar

4 1 0
                                    

Ele se aproxima a passos rápidos na minha direção, mas ele tomou o cuidado de não ir pelo lado do Otto e sim o do Itoko que agora estava do outro lado ainda dando instruções para levarem os soldados russos.

O seu olhar era tão intenso e mortal que me fez sorrir, afinal ele ficou cego de raiva e isso me deu uma grande vantagem. Quando ele estava quase chegando, empurro a cadeira na sua direção o fazendo se afastar.

— Que poha pensa que vai fazer Druga? — a voz do Otto era fria enquanto ele se colocava ao meu lado.

— Ela não pode ser quem diz que é, você está enganado meu irmão — espera... irmão? Desvio o meu olhar para o Otto que em resposta me puxa para trás em forma de proteção.

— Posso te garantir que sei quem é ela, eu a amo e espero que não realize nenhuma besteira.

— Mas que merda — me solto do Otto e me aproximo do Druga que apenas me acompanha com o olhar — Quem é você? Não ouse me falar o seu nome Druga Partner eu quero saber quem é você para o meu noivo?

Os dois se olham e logo começam a se afastar, eles só podem estar brincando com a minha cara, nem ferrando que eles vão me deixar sem respostas. Escuto apenas o grito do Itoko quando percebe o meu plano.

Agora quem estava cega pelas emoções sou eu, mas que se foda tudo. Alcanço a arma do Itoko que ficou presa em baixo da mesa e aponto para o Druga, o mesmo abre um sorriso como se tivesse ganhado um prêmio.

— Os três para o escritório.

— Você não manda em mim Yad...

— AGORA — atiro na sua direção fazendo que a bala passe de raspão pelo seu rosto.

— Você errou — ele ergue as mãos, mas o seu sorriso ainda estava lá zombando de mim.

— Nem nos seus sonhos, ela atira muito melhor que eu — Itoko para do meu lado com a mão estendida na intenção que eu entregue a arma — Por favor, Iris e te prometo que vou lhe contar tudo.

— Não sem o nosso consentimento — a voz de desgosto do Druga me fez apontar a arma novamente.

— Se não percebeu está na minha casa, sendo desrespeitoso comigo e debochado com o Itoko, diga mais uma palavra que não me agrade e a Rússia terá que encontrar outro líder.

Os três nem se mexiam me olhando assustados, entrego a arma apenas quando Otto empurra o Druga para o escritório a nossa frente. Itoko estava com os olhos vermelhos e tentava esconder o seu rosto de todas as formas.

Itoko foge de mim com a desculpa que ele precisa passar algumas ordens e que já me encontra no escritório, esse tal de Druga vai me pagar por todo esse transtorno, quando entro no escritório e vejo os dois sorrindo.

Não sei o motivo, mas isso me irritou profundamente, pego a pasta que Itoko sempre entrega com os documentos e algumas anotações e jogo em cima da mesa, chamando a atenção dos dois.

— Quero que volte para o inferno que saiu e nunca mais se aproximo daqui.

— Está me dispensando Yad?

— IRIS, EU ME CHAMO IRIS — eu já estava tremendo de raiva e quando Otto vem na minha direção eu nego dando um passo para trás — De você eu quero distância, seus homens devem acordar daqui a algumas horas, porém com muita dor no corpo, mas até amanhã eu quero você fora daqui.

— Deixa eu ver se eu entendi — ele se levanta, mas apenas com o olhar do Otto ele senta novamente — Está me dispensando ou está declarando guerra?

— Interprete como quiser, mas se nos ofender novamente saiba que o inferno será pouco para você.

— Pelo que sei quem contratou o Shinigami sou eu.

— Não preciso dele — Otto me chama e nessa hora eu estava até me segurando para não chorar — Não sei em que mundo vocês vivem, mas não vou me rebaixar e me misturar com gente como vocês.

— Iris para... — Otto vem na minha direção, mas para assim que observa Itoko entrar na sala com os olhos vermelhos — Merda...

— Muita merda, estou indo para Itália ou para a África — me viro saindo dali o mais rápido que posso ou vou acabar chorando na frente deles.

Escuto Otto resmungar e gritar, pois o Itoko o segurou para ele não me seguir, mas antes de fechar a porta ainda escutei Itoko gritar que ele vai me defender e me ajudar nem que seja contra o Shinigami.

Eu tremia pela raiva enquanto a minha respiração ainda estava muito acelerada, entro no closet e me troco colocando uma roupa de ginástica, a mesma que usava para treinar.

Saio do quarto respirando fundo e quando desço as escadas escuto os gritos do Otto e Druga, pelo jeito o clima de amiguinhos canalhas acabou, antes que eu abra a porta dava para a academia Itoko aperta o meu ombro.

Ele apenas suspirou e sorriu fraco, essa era a parte boa do nosso relacionamento, já nos irritamos tanto que agora sabemos quando as palavras são dispensáveis. Ele mesmo abre a porta me dando passagem após a sua entrada.

Dou alguns passos em direção aos bonecos, mas logo uma bokken alcança os meus pés, eu já vi os dois lutando com essa espada de madeira, mas não havia me aventurado ainda.

Itoko parecia mais calmo e mesmo sabendo que eu agora iria apanhar muito, tirei o tênis e fui ao seu encontro, que já de início levei uma nas pernas por ter deixado a bokken para trás.

Ali estava o que eu precisava, o momento para extravasar a minha raiva e limpar a minha mente. Itoko começou a falar me dando instruções básicas de como segurar, postura e principalmente ele voltou a sorrir enquanto reclamava pela rasteira que dei nele.

Nunca pensei que poderia pegar raiva de alguma coisa tão rápido como eu peguei da bokken, ou espada de madeira dolorida e o pior é que sei que Itoko não estava colocando força.

Me concentrei tanto em manter os acontecimentos fora da minha mente que nem percebi que o nosso treinamento estava sendo observado, justamente pelos dois que me causaram tanta raiva mais cedo.

— Yad... — Druga me chama, mas antes que eu responda, Itoko tocou na minha cintura com a bokken — Você realmente é boa.

— Deveria se preocupar em ir embora, mas já que não vai eu vou — olho para Otto que dá um passo a frente, mas Druga o segura.

— Farfor significa porcelana e Yad significa veneno, precisamos conversar, sei que começamos da pior forma possível, mas não sou o escroto que te mostrei — como ergo a sobrancelha desacreditada no que ele falou ele já ergue as mãos se rendendo — Não na maior parte do tempo.

Fugindo DeleOnde histórias criam vida. Descubra agora