53. Dois Malucos

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A semana passou muito mais rápida do que eu esperava, quando percebi meu pai estava me avisando que iria retornar daqui a dois dias. Sei que o tempo é pouco, mas ainda, sim, criei um vínculo muito grande com eles.

Até mesmo com os treinos nos últimos dias não estavam sendo feitos apenas com o Druga, em alguns momentos os próprios gêmeos vieram querendo me ensinar, mas assim que coloquei os golpes que o Itoko me ensinou misturados com o que já aprendi com o Druga eles desistiram nas primeiras horas.

Otto tentava disfarçar de todas as formas, mas eu já consigo perceber que ele está sendo chamado pela organização e está negando todos os chamados, mas toda vez que entro no assunto ele apenas me confirma que está tudo tranquilo.

De acordo com ele, assim que o casamento foi oficializado ele foi automaticamente desligado da organização, mas algo ainda estava me dando arrepios na espinha.

No dia que o meu pai e os gêmeos decidiram ir embora, Otto foi chamado na organização, ele saiu enquanto eu estava dormindo já sabendo que eu não queria que ele fosse.

Afinal, se ele já foi desligado, ele não precisaria mais comparecer lá, mas ele não pensa assim. Saio dos meus pensamentos quando o meu pai bate na porta, apenas respiro fundo deixando guardado essas preocupações.

— Está tudo bem, querida?

— Vai ficar — o respondo sorrindo fraco, mas ainda, sim, verdadeiro.

O caminho até o aeroporto foi bem tranquilo e divertido, afinal Anton e Alexei são terríveis e muito atentados, mas até que gosto disso e vou sentir falta desses momentos barulhentos com eles.

Assim que a porta do avião se fecha, um arrepio percorre a minha espinha e com muita cautela eu passo o olho pelo local e vejo alguns carros que não deveriam estar ali. Pego o meu celular e ligo para o Druga, afinal não sei onde o meu marido está por conta da organização.

Escuto ele me atender e antes que eu consiga falar alguma coisa uma arma é coloca na minha cabeça e o telefone é retirado da minha mão e colocado na minha orelha.

— Você vai se despedir, pois vamos dar uma volta — a voz sussurrada do Shimazu no meu ouvido me fez engolir seco.

— Disquei errado Druga, não queria lhe incomodar, logo eu chego — o telefone é retirado da minha mão e escuto dois disparos, os meus olhos se abaixam apenas para confirmar que o meu celular era o alvo.

Os meus olhos se erguem olhando em direção ao jato e não sei se é por desespero ou se realmente consegui ver um dos gêmeos na janela, mas não tive como comprovar já que em seguida um saco escuro é colocado na minha cabeça.

Alguns comentam que vou reagir, mas Shimazu garante que vou me comportar, afinal quero o marido inteiro e vivo na minha casa, então apenas confirmo balançando a cabeça já que a minha voz não queria sair.

As mãos daquele cretino na minha cintura foi se mexendo cada vez mais, mas quando chegamos no carro ele me puxou para perto colocando a sua mão contra a minha pele por debaixo da minha blusa.

— Não vejo a hora de ter esse corpinho inteiro para mim — ele tenta baixar a mão, mas eu consigo me afastar, pois piso no seu pé para dar impulso — Isso bichinho, quanto mais luta, mais você me enche de tesão e pode ter certeza que vou foder com muita vontade enquanto o seu maridinho morre na sua frente.

Eu sabia que havia algo de errado com esse chamado do Otto, mas ele não me escutou e agora não posso fazer mais nada a não ser esperar que o idiota do meu irmão entenda o meu recado, afinal nunca fui tão delicada com ele.

Assim que o carro parou, aquelas mãos asquerosas apertam a minha coxa e no reflexo a puxo com tudo enquanto escuto ele gargalhar. Sou puxada para fora do carro e após andar por um... corredor eu acho, pois o som estava bem abafado.

— O que ela está fazendo aqui? — a voz da Morrigan me deu um pouco de esperança, mas a mesma desapareceu assim que ela continuou a falar — Vai mesmo deixar essa imunda do meu lugar?

— Eu já disse para ter respeito Morrigan ou vai acabar tento do mesmo destino que a sua irmã — nessa hora ele retira o capuz do meu rosto, me permitindo ver uma Morrigan furiosa e o meu marido desacordado no chão.

— Eu sou sua filha legítima...

— Ele não está falando de mim idiota — a risada do Shimazu só aumentava enquanto ele me empurra em cima do corpo do Otto.

Nunca pedi tanto pela presença do Druga como estava agora, ele me prometeu que iria me defender, então eu exijo que ele faça isso agora, as minhas mãos passam pelo rosto do Otto que respirava de forma bem lenta.

— Ele me deu muito trabalho, precisei usar mais veneno do que realmente pensei.

— Por que Shimazu?

— Você não tem direito de falar nada — ele puxa o meu cabelo com força, me obrigando a olhar para o seu rosto — Tão linda, tão cheia de si, mas nada que eu não consiga te domar.

— Não sou animal para ser domada.

— Eu sei, exatamente por isso que vou te transformar na minha rainha e nem pense que a sua família de merda vai te ajudar, afinal eles já foram embora e você após um bom tratamento que vou lhe dar — as suas mãos entram novamente por dentro da minha blusa enquanto eu tento empurrar, mas paro de me mexer quando ele puxa com mais força o meu cabelo.

A Morrigan volta a reclamar alguma coisa, mas não prestei atenção já que estava ocupada o encarando nos olhos. Se esse imbecil acha que vai colocar as mãos em mim, está muito enganado.

Me aproveito que ele se afastou para olhar ao redor, era uma sala grande e com apenas uma porta, aqui dentro estávamos apenas nós quatro e não havia barulho externo.

Enquanto passo as minhas mãos pelo corpo do Otto procurando alguma coisa que eu possa me defender, mas quando percebi o anel e junto a minha aliança o meu sorriso apenas cresceu.

— Do que está rindo bichinho, ele vai te foder enquanto te espan... — a Morrigan grita, mas logo é calada pelo forte tapa do Shimazu.

— Ela é diferente, não é uma puta como você e a sua irmã — ele começa vir para o meu lado e no desespero eu pulo atrás do corpo do Otto ainda sem saber como vou me proteger desses dois malucos.

Fugindo DeleOnde histórias criam vida. Descubra agora