Não estou confiando completamente no Otto, mas até o momento ninguém veio atrás de mim, optei por ser sincera com ele e pelo jeito deu certo já que ele aceitou apenas o termo namorada.
Claro que as minhas exigências não pararam por aí, ele terá que me treinar e manter o respeito, ou seja, nada de me agarrar na frente dos outros, o que ele aceitou muito rápido.
Foi quando ele me explicou que a cultura de onde vamos é mais rígida com relação a isso, ou seja, nada de carinhos e toques na frente dos outros, o que me deixou mais tranquila.
O fato de morarmos em um apartamento com apenas um quarto não me assusta mais, já que estamos fazendo isso desde que chegamos aqui. Quando pedi um celular, ele me negou.
As informações são a moda antiga e ele me garantiu que vou ter bastante leitura a minha disposição além dos treinamentos que vão tomar grande, parte do meu tempo.
Quando perguntei sobre o que é a organização ele se manteve em silêncio, era a forma que encontramos dele não mentir para mim, não sou inocente e sei que tem algo a ver com as máfias, então o sigilo é ouro.
— Sem toques, sem me agarrar, sem surpresas, sem mentiras...
— Está pedindo muito — ele me interrompe fechando os olhos enquanto nega com a cabeça — É apenas um baile, cheio de gente chata que vão estão ficar de olho para pegar a nossa mentira, então vamos nos comportar decentemente.
— Eu estou passando mal — dessa vez não estava exagerando quando ele mencionou todos nos olhando, eu comecei a hiperventilar.
— Ei, calma — ele se ajoelha entre as minhas pernas enquanto tocava o meu rosto — Respira junto comigo, não vou deixar nada te acontecer, eu te prometo isso.
As suas mãos seguravam as minhas no seu peito e quando percebi a minha respiração estava acompanhando a dele, eu tentava falar e não conseguia, então ele me puxou contra o seu corpo me abraçando forte.
Ficamos alguns minutos nessa posição comigo no seu colo enquanto ele ainda me abraçava, até que por fim eu me acalmei, apenas neste momento que ele voltou a falar.
Me explicou que não precisamos ser o casal modelo, já que a sua fama é que ele nunca encontraria ninguém que o aturasse, me pediu para me manter o mais natural e verdadeira possível.
Claro, que eles iriam focar na mentira e antes mesmo que eu perguntasse, ele já me explicou que a atenção deles está na nossa interação, pois é ali que não conseguiríamos mentir.
— Então todos esses cuidados... Você estava apenas treinando? — tento me afastar, mas ele apenas segura o meu rosto.
— Se tem uma coisa que você deve ter sempre em sua mente é que não vou mentir para você, o máximo que vou fazer é esconder alguns detalhes para a sua proteção, mas mentir nunca.
— Não quero morrer, Otto, mas também não quero que você morra — ele apenas confirmou com a cabeça enquanto me abraçava novamente.
Eu estava sendo sincera, ele vem cuidando de mim como ninguém nunca fez comigo e estou ficando com medo dessa aproximação toda. Ele parece perceber, pois fica sem graça também.
Escutei atentamente ele me passar todas as instruções de como me manter longe de problemas, mas não lembro nem da primeira coisa que ele me falou... Espera, era ficar de boca fechada e ao seu lado, o resto eu improviso.
A melhor parte foi perguntar se vamos comprar roupas para mim ou se vou continuar usando as deles, isso me rendeu algumas horas rindo da sua cara assustada enquanto me ajudava a fazer as compras online.
Como ele colocou para retirar na filial aqui na cidade, a nossa partida ficou para daqui a dois dias, eu tentei não pensar em mais nada para afastar a ansiedade, mas estava mais complicado do que antes.
Agora estou prestando mais atenção nos seus movimentos e até mesmo gostos, mas ainda acho que isso não vai dar certo e somente quando estávamos saindo que lembrei da roupa para o baile.
Ele fingiu que não me ouviu, então não vou mais tocar no assunto, o caminho eu fiz questão de fica trocando a música até que ele se irritou e parou o carro no acostamento.
Não foi a minha melhor ideia, já que estamos em uma estrada afastada e não faço a menor ideia de onde estamos e para onde estamos indo, seus dedos estavam até brancos no volante enquanto ele respirava fundo.
— Não tem medo da morte? — não posso mentir, a sua voz fria e baixa me deu arrepios na espinha.
— Com um dos melhores ceifadores ao meu lado? — seu rosto se virou de uma vez — Não sou tão ingênua Otto, mesmo não perguntando sei que algumas tatuagens são de diversas máfias, o que quero descobrir é o que você precisou matar para sobreviver a todas elas.
A minha respiração estava acelerada e o olhar intenso dele não estava me ajudando a ficar calma, mas também não deixei transparecer o meu medo. Ver ele saindo de dentro do carro me fez sorrir.
Se ele imaginou que vou descer e ir atrás dele está completamente enganado, assim que ele veio na direção da minha porta travei todas as portas o impedindo de abrir.
Não tenho medo, mas também não dou bandeira, sei que o irritei e faria tudo de novo, ou até mesmo pior. Os seus olhos foram suavizando até que ele começou a gargalhar.
— Abre a porta roxinha — nego com a cabeça escutando a sua risada aumentar — Não me force a entrar, pois acredite eu consigo.
Não deu tempo de responder já que algumas luzes apontaram mais ao fundo, abro a porta com tudo e puxo para dentro sobre o meu corpo. Enquanto as luzes se aproximavam, percebi ele pegando algumas armas que estavam debaixo do meu banco.
— Roxinha...
— Não morre e não me deixa morrer, do resto apenas se divirta — não deveria, mas gostei do sorriso psicopata que surgiu em seu rosto.
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Fugindo Dele
RomansIris se vê fugindo com ajuda do misterioso Otto, pois é obrigada a se casar com o CEO Hensei, o problema é que ninguém viu o novo herdeiro e ela não quer ser usada como moeda de troca para manter as aparências de sua família, com ajuda de Otto ela v...